Colorum

Capitulo 2 (POV: MARLENE)

Então a Dorcas consegue ver emoções agora? Será que ela consegue ver as minhas? Ela consegue identificar? Não pode ser. Não pode, né?

Meu Merlin, eu estou perdida.

Tantos anos de atuação pra perder tudo por causa de um acidente com poções?

Se Dorcas descobrir que eu gosto dela dessa forma, eu nunca vou poder fazer uma declaração adequada.

Não que me declarar fizesse parte do meu plano. O único plano que eu tinha era fingir ignorância sobre os meus sentimentos.

Mas não dá mais pra fingir. Ela vai descobrir. E o que acontece depois? Rejeição? Ou ela vai fingir que não sacou? Merlin, isso seria horrível.

Dorcas tem fama de boazinha, mas eu sei a verdade. Ela tem um lado obscuro e autoritário dentro dela. Um lado tão sexy que eu não resistiria se ela mandasse em mim pro resto da vida.

Não que esse seja o assunto.

Dorcas segue pelo corredor olhando com mais atenção as pessoas a sua volta. Provavelmente analisando a cor de suas auras.

Qual será que é a cor da paixão?

Essa deve ser a cor da minha aura.

Ou talvez a cor do tesao acumulado?

Pode ser também. Se o amor fosse rosa, e o tesao fosse azul, eu com certeza seria um puta de um roxo.

Dorcas dobra o corredor e vamos pra biblioteca.

-E depois de tudo, você ainda vai estudar? - indago.

Ela da os ombros e avança para as prateleiras de livros velhos, todos empoeirados e cheirando a mofo.

-Marlee, o que você acha da cor rosa? - ela me pergunta.

Dorcas é a única que me chama de Marlee. Os outros me chamam de Lene. De alguma forma, eu sinto que o apelido é especial. Assim como a chamo de Cornrows.

-Hum... feminina?

Dorcas levanta uma sobrancelha.

-Você é sexista?

-Dorcas!

-E do vermelho?

-Sensual.

Ela desvia o olhar lentamente e posso ter quase certeza que está mais corada do que há momentos atrás.

-Por que?

-Vermelho é a cor do amor, eu acho. Talvez o rosa também. Mas eu imagino o vermelho como a parte mais carnal, talvez... a parte mais envergonhada também.

-Você tem opiniões bem definidas sobre o assunto - murmura ela.

-Sim, sou formada em cornologia.

Desvio o olhar e penso sobre a palavra. Cornologia. Corno. Analogia.

-Pera - volto a dizer - acho que isso não soou como eu queria que soasse.

Dorcas solta um pequeno ronco seguido de um monte de risadas.

-Ei! Eu queria dizer que sou especialista em cores! Cores!

As risadas não param, e pequenas lágrimas de hilaridade se formam nos cantos dos seus olhos.

Quando o combo de gargalhadas finalmente acaba, Dorcas volta o assunto.

-E o azul?

-O azul é triste. Não consigo enxergar outro significado pra isso.