Colorum

Capitulo 8 (POV: MARLENE)

Os marotos podem não compartilhar todos os segredos deles conosco, mas a passagem da bruxa é o melhor segredo que ele poderiam ter nos contado.

Fugir de Hogwarts é sim tão difícil quanto parece, mas não pra quem conhece como o castelo funciona. E tendo em mente que ninguém conhece como os castelo funciona, estamos sob alguma vantagem.

Dorcas e eu descemos o corredor estreito e escuro das escadas de pedra pela passagem aberta da estatueta da bruxa. Saber que passar por tudo aquilo nos levaria até a Dedos de Mel não fazia o caminho nem um pouco menos desconfortável.

Com a ponta da varinha brilhando com o feitiço Lumos, conseguimos ter uma breve visão do que está a nossa frente. Mas com medo de que uma de nós duas possa escorregar, seguro a mão de Dorcas e a mantenho atrás de mim.

O gesto acaba sendo tão natural que nem percebo que o fiz até sentir o calor das nossas palmas unidas.

Mesmo assim, escolho não dizer nada a respeito, pois Dorcas aceitou muito bem o gesto.

Recentemente, a pergunta sobre se Dorcas sabe a cor da paixão vem me torturando.

Ela sabe? Será que ela sabe? Isso está me deixando cada vez mais nervosa, tanto que mal sei lidar com isso.

Falta quanto tempo pra ela descobrir? Até quando vou poder me esconder?

-Marlee- ouço-a murmurar.

-Sim?

-...Por que tipo de pessoa você se apaixonaria?

Meu coração começa a bater tão alto que tenho medo que ela escute e quase acabo me afastando dela. Mas não solto sua mão.

-Como é?

-Se você se apaixonasse, por que tipo de pessoa seria?

Eu poderia dar milhares de respostas. Ela está falando de aparência? A aparência dela. Está falando de personalidade? A personalidade dela. De gênero? O gênero dela.

-...Uma pessoa que eu sorriria quando ela sorri, e que sorriria quando eu sorrisse - respondo de forma sincera - E com humor ácido - admito. É uma das coisas que mais gosto nela.

Apesar de estar me arrancando confissões, Dorcas parece muito divertida.

-Você se apaixonaria por uma garota? - ela pergunta de repente.

-Sim - admito logo de uma vez.

O sorriso dela se estende.

-Marlene, você se apaixonaria por uma amiga?

Meu coração está muito acelerado para uma conversa dessas. É mais provável que eu tenha um ataque cardíaco do que reciprocidade amorosa.

-Só se eu não a visse como uma amiga desde o início.

O sorriso de Dorcas fica ainda mais divertido.

-Oh? É mesmo? E você se confessaria?

-Jamais.

-Você sempre foi tão corajosa - ela diz, quase me bajulando - Por que não?

Será que ela consegue ouvir o tremor na minha voz?

-Eu estaria louca se me confessasse para uma amiga. O resultado final é óbvio.

Será que ela está falando de mim?

-Eu acho que seria tão romântico... - sua voz soa persuasiva.

-Seria catastrófico.

-Não acho.