“Toda positividade eu desejo a você, pois precisamos disso nos dias de luta[…] Menina linda, eu quero morar na sua rua…”
A pracinha estava vazia, como Rafaella já imaginava. As famílias já deviam estar se preparando para as últimas horas do ano. Melhor assim, ela pensou. Não era um bom dia para lidar com olhares curiosos.
Sentou-se em um banquinho embaixo da árvore e inspirou fundo o ar do fim daquela tarde fresca, fechando os olhos e se concentrando apenas nos sons que podia ouvir. Os passarinhos que pareciam se comunicar entre si, os barulhos de um carro ou outro que passavam devagar nas ruazinhas estreitas, uma casa ao longe que tocava uma música animada e uma outra, mais perto, em que uma família ria e conversava alto, assim como a sua quando estavam unidos.
Mas um som diferente chamou a sua atenção, um som que ficava mais perto a cada segundo. Eram passos leves, misturados com um barulho de rodinhas em atrito com o asfalto. Em uma fração de segundo antes de abrir os olhos para conferir o que era, ela ouviu ser chamada:
– Rafa?
E mal pôde acreditar na improbabilidade daquele encontro.
– Bia! Meu Deus, oi. Que coincidência! – se levantou para receber um abraço da ex-companheira de reality. – Você mora aqui?
– É, umas duas ruas aqui pra cima – sem perceber, Bianca foi acompanhando Rafaella ao se sentar no banquinho. – Você… – se interrompeu, deixando que ela justificasse.
– Meu irmão se mudou pra cá essa semana, depois do Natal, vim pra passar o fim de ano com eles. É umas ruas aí pra cima também.
– Eu acho que é na mesma rua. Ouvi falar mesmo de uma família que estava se mudando essa semana.
– Isso, eram eles mesmos… Que grande coincidência. Quase somos vizinhas de novo.
– Ah, é! Lembra? – Bianca perguntou e sorriu, tendo sua retribuição.
– E esse meninão aqui? – a mineira olhou para o carrinho, onde Cris já dormia serenamente. – Ele tá enorme, Bia. E lindo demais.
A princípio Bianca sorriu, grata pelos elogios ao filho, mas não durou mais que poucos segundos até ela olhar para o bebê e soltar um suspiro, o qual Rafaella não deixou de notar que parecia demonstrar cansaço.
– E muito agitado também. Ele me deu um susto agora a pouco.
– O que aconteceu? Tá tudo bem?
Pela primeira vez naquele encontro, Bianca olhou nos olhos verdes de Rafaella e ali descobriu um interesse e preocupação genuínas, que lhe geravam quase um alívio. Aquelas simples perguntas, na verdade, faziam muita falta para ela nos últimos tempos. Não sabia explicar, mas no olhar puro daquela mulher, com quem tinha pouco contato, mas uma história cheia de altos e baixos, encontrou um pouco do conforto de que precisava, o suficiente para soltar um pequeno desabafo.
– Na verdade não. Esse pé de guerra que eu vivo com o pai dele parece que tá tirando o meu foco de todas as funções. Empresária, influencer, mãe principalmente, ou… só uma garota de vinte e oito anos que queria descansar e curtir um pouquinho que fosse. Hoje ele quase caiu da escada porque eu não estava prestando atenção.
Ela terminou o desabafo com a voz fraca, quase sumindo. Encarava o chão, mas levantou o olhar para se reencontrar com o de Rafaella, que ainda passava aquele mesmo sentimento de conforto para ela, mas, como a mineira não respondeu nada de imediato, Bianca presumiu que talvez ela só estivesse tentando ser simpática.
– Desculpa, eu… simplesmente comecei a cuspir os meus problemas – e desviou os olhos para o chão de novo.
– Ei, tá tudo bem – ela tocou o braço da carioca para continuar a lhe passar a sensação de conforto e, provando o que dizia, perguntou para se mostrar interessada: – Você e o Fred tão brigando? Achei que vocês se davam bem, mesmo depois da separação.
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Por causa de você
FanfictionDeixa eu lhes fazer uma pergunta. E se tudo isso acabar se tornando algo melhor do que vocês imaginavam? E se todas as dores que vocês têm enfrentando agora, todos os medos, todas as inseguranças acabarem as lavando pra algo mais bonito do que vocês...