3. Cidades

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“E de uma coisa fique certa, amor: a porta vai tá sempre aberta. Meu coração vai dar uma festa na hora que você chegar.”

Parecia um déjà vu na mente de Bianca ao abrir a porta e ver Rafaella usando aquele mesmo vestido branco de três anos atrás e sustentando um sorriso que parecia inseguro. Nunca ia se esquecer da sensação de deslumbramento que teve ao pousar os olhos nela pela primeira vez naquela tarde de 21 de janeiro de 2020. Se parecia com a daquele momento. E sabia que se dava a uma única razão: Rafaella era tão linda que Bianca sentiu que poderia desmaiar.

– Oi. Feliz ano novo. Eu trouxe… – a mineira ergueu a garrafa de champagne, mas se perdeu no que estava dizendo ao abrir um sorriso que dessa vez parecia mais leve. – Ah, meu Deus, Bia! Ele é mesmo a coisa mais linda desse mundo.

Bianca sorriu, olhando para Cris em seu colo, que permanecia sério, com os olhinhos grudados em Rafaella, curioso com a presença de uma pessoa incomum ali.

– Dá oi pra tia Rafa, filho – timidamente, o bebê ergueu a mãozinha como um cumprimento e foi celebrado por ambas as mulheres, fazendo-o, envergonhado, afundar a cabecinha no pescoço da mãe, mas logo erguer de novo porque não queria perder o foco em Rafaella. – Entra Rafa, por favor.

– Sua casa é muito bonita – comentou assim que passou pelo portão, olhando o quintal e a fachada.

– Obrigada… Mas acho que a outra era mais – a carioca respondeu tímida e passou na frente, para guiá-la para dentro. Contornaram a piscina e ela continuou dizendo: – A gente estava brincando aqui fora e tomando um suquinho, mas acho melhor entrarmos. Você se importa de me ajudar com os brinquedos dele?

– Imagina – ela se abaixou para pegar e entregar alguns dos brinquedos para Bianca e carregar a maioria deles. Depois entraram na casa e se sentaram no sofá da sala debaixo.

O pequeno Cris fazia tudo sem tirar os olhos de Rafaella, queria ter a atenção total dela. E não precisou de muito esforço para isso, bastou pegar a caixinha de plástico e começar a recolocar as pecinhas lá dentro. A cada vez que acertava, recebia a celebração da mulher e o sorriso orgulhoso da mãe. Em um certo momento, ele esticou uma das peças, oferecendo a Rafaella.

– Pra mim, príncipe? Muito obrigada – ela sorriu e reteu o brinquedo nas mãos, mas Bianca explicou:

– Ele quer que você coloque dentro da caixinha.

Assim ela fez e também recebeu a celebração do bebê, que bateu palminhas empolgado e começou a dividir as pecinhas entre os três. Ora era a vez dele, ora de Rafaella, ora de Bianca. Quando terminaram todas, novamente Cris gritou:

– Abooooo!

Bianca aproveitou para exibir as habilidades linguísticas do menino.

– Filho, fala pra ela qual o seu nome.

– Quix!

– Você é muito esperto, Cris – a visita dizia admirada.

– E essa aqui? Quem é? – agora Bianca apontava para o próprio peito.

– Mamain.

– E essa? – ela tocou de leve no braço de Rafaella, enquanto olhava para o filho.

Sempre sorrindo, ele trocava olhares com a mineira e depois com a mãe, antes de responder:

– Afa!

Rafaella se entusiasmava, cada vez mais admirada pela criança.

– Ah, meu Deus! Você é tão esperto, Cris! Como ele já sabia meu nome?

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