9. Descobertas

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“Tô rodando a cidade, em becos e bares a te procurar, seu beijo tem um jeito singular”

– Então… Olha só… Vê se não surta, viu? Mas… a gente ficou no trem chegando aqui em Paris.

– Como assim vocês ficaram? Não desceram na estação de Paris?

– Você já foi mais esperta, Viviane… A gente ficou… sabe? Beijo…

– O QUE? – o grito da funkeira assustou Bianca do outro lado da linha. – VOCÊS SE BEIJARAM?

– Aham… Viviane, não grita, o telefone tá no meu ouvido.

MEU MOMENTO RABIA, MEU MOMENTO RABIAAAA. EU VENCI! VOCÊS SABEM QUE EU VENCI! A GENTE VENCEU! A GENTE VENCEEEEEU! – a mulher continuava falando em tom alto, ignorando o pedido da amiga.

– Eu vou desligar, hein… – a empresária alertou. 

– Não, não desliga. Me conta os detalhes, como foi?

– A gente… só… ficou… Não sei.

– Não tem essa de “a gente só ficou”. Conta tudo. Onde vocês estão? Cadê ela?

– Eu estou no quarto do hotel, ela foi buscar algo pra gente comer porque a cozinha tá fechada.

– No mesmo quarto??? – Pocah perguntou surpresa. – Meu Deus, hoje tem, hein?

– Hoje não tem nada, não seja doida.

– Você já foi mais rápida, Bianca. Cadê aquela quenguinha de rolê que eu conheço?

– É diferente… Com a Rafa é diferente.

– Diferente como?

– Ah amiga, você sabe melhor que ninguém. Nem tudo é exagero das rabias, na verdade quase nada. A Rafa mexe comigo mesmo. Desde sempre, desde que eu botei meus olhos nela a primeira vez, lá em 2017, eu não conseguia raciocinar direito quando tava perto dela, nunca consegui… E agora que a gente finalmente se beijou, eu não quero que as coisas sejam com pressa, ela não é qualquer uma. Eu acho que realmente… – Bianca se interrompeu ao ouvir a maçaneta da porta se mexer. – Ela tá voltando, depois a gente conversa mais. Vou desligar – e assim o fez rápido, antes de ouvir a resposta do outro lado da linha.

Rafaella passou pela porta carregando sacolas de papel e as deixou em cima de uma mesa do enorme quarto, junto com o casaco que não precisava ser usado no ambiente com aquecedor. Depois, se aproximou para ajoelhar na cama e engatinhar até próximo da cabeceira, onde Bianca estava sentada.

– Demorei? – perguntou antes de se sentar na frente dela e deixar um selinho em seus lábios.

– Um pouco. Senti saudades – a resposta veio em um tom baixo e suave.

– Oh, denguinho – Rafaella esticou a mão para tocar o rosto de Bianca e lhe fazer um carinho suave. – Eu tava tentando achar um lugar aberto por aqui, mas não tinha nada, então andei umas quadras a mais e… bom, não é o lanche ideal para se comer na primeira noite em Paris, mas na fome tudo vale.

A carioca esticou o pescoço para olhar a mesa atrás da outra mulher e conseguir enxergar melhor os desenhos nas sacolas.

– Isso é Méqui?

– Desculpa – a mineira exibiu um sorriso culpado e brincalhão ao responder, o que fez Bianca se derreter um pouco.

– Pelo menos com você isso vai ter um significado muito melhor – foi a vez da mais nova fazer o carinho no rosto da outra mulher, que franzia o cenho sem entender o que ela queria dizer, mas Bianca balançou a cabeça negativamente e se levantou da cama, começando a caminhar até a varanda do quarto. Apoiou as mãos na grade do parapeito, enquanto seus olhos se fixavam na vista para a Torre Eiffel. Sabia que Rafaella a seguia, então falou: – A gente tá em Paris. Eu e você, sabe? Rafa e Bia. Isso é pra ser sobre a gente, sobre finalmente acontecer e ser perfeito cada momento. Não é para os meus gatilhos, as minhas dores de algo passado…

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⏰ Última atualização: Aug 18 ⏰

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