7. Saudades

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“Hoje eu preciso te abraçar, sentir teu cheiro de roupa limpa pra esquecer os meus anseios e dormir em paz…”

Assim que acordou na manhã seguinte, Bianca pegou o celular na cabeceira para checar as mensagens, mas nenhuma era recebendo notícias do filho. Por isso, abriu o contato com Bruno e digitou:

Bianca: Oi, Bruno, bom dia. Quando o Cris acordar, liga pra mim. Ontem você não ligou e não postou stories com ele. Me dá uma notícia, por favor.

Suspirou, sentindo o coração apertado de saudades do seu bebê. Abriu a galeria do celular e assistiu ao último vídeo que fez dos dois juntos, na manhã antes de entregá-lo ao pai, quando o pequeno imitava os sons de animais. Conseguiu sorrir um pouco, mas ainda continuava melancólica.

Se levantou para começar a se arrumar e trocar de roupa, mas parou na metade e voltou a se sentar na cama e olhar as fotos do filho no celular. Em questão de alguns minutos, ouviu dois toques na porta, mas seu inconsciente ignorou por estar focada demais nas imagens do pequeno Cris. Depois de alguns segundos ouviu ser chamada:

– Bia? Bom dia, posso entrar? – era a voz de Rafaella que passava por uma pequena fresta da porta semi-aberta por ela mesma.

– Bom dia, Rafa. Pode sim – a voz de Bianca saiu em um tom mais baixo, mas o suficiente para a outra mulher ouvir e entrar.

Rafaella se deparou com a figura de Bianca sentada na beirada da cama com a cabeça baixa, olhando o celular. Ela vestia um moletom da Diesel, mas a calça ainda era a de pijama. A expressão que tinha no rosto não parecia aquela mesma sorridente do dia anterior.

– Tá tudo bem? – a mineira perguntou.

– É, tá sim – mas sua resposta não parecia muito verdadeira, por isso Rafaella se agachou, apoiando as mãos nos joelhos de Bianca e tentando olhar em seus olhos, dando liberdade para que ela pudesse ser honesta. – O Bruno não ligou – ela finalmente disse.

– Desde ontem? – perguntou e viu a mulher assentir. – Bom… talvez ele tenha… levado o Cris pra passear ontem. E agora ainda é de madrugada lá no Brasil.

– É, eu sei… É só que… tô com saudades do meu pequeno.

A mais velha se levantou apenas para se sentar na cama ao lado de Bianca, segurar sua mão e dizer:

– Eu posso imaginar. Mas olha, a gente vai ter uma manhã incrível. Tem vários lugares pra gente passear, não precisamos ir pra aula de esqui, eu posso falar várias palavras em francês pra você. Assim você se distrai um pouquinho…

– Eu gostei dessa última parte que envolve você falando francês – a carioca deu um sorriso tímido, mas brincalhão.

– Tô começando a achar que você só está me usando pra isso – Rafaella estreitou os olhos, brincando de estar desconfiada.

– Não acredito que você descobriu meus desejos mais profundos.

– E pretendo realizá-los. Agora vamos, termine de se arrumar, eu vou te esperar aqui.

A carioca se levantou um pouco mais animada para escolher a calça que combinava com o moletom. Entrou no banheiro para se vestir e depois saiu, calçou as botas, as luvas e completou o visual com mais um casaco de frio e um gorro na cabeça. Por último, guardou o celular no bolso e se checou no espelho, antes de dizer:

– Ok, podemos ir.

Rafaella, que acompanhava Bianca com o olhar a todo momento, se levantou rápido da cama e caminhou até ela, em direção a porta. Enquanto atravessavam o corredor, a mineira falou:

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