8. Cuidados

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“Então deixa eu tentar cuidar de você que eu deixo pra amanhã o que eu tenho pra fazer…”

Enquanto chorava, deixando o travesseiro e a camisa branca do pijama de Rafaella encharcados, Bianca recebia o carinho e as palavras doces da mulher que se dispôs a cuidar de suas dores naquela noite.

– Shh… Tá tudo bem, tá tudo bem, se acalma. Respira um pouco.

Bianca tentava falar, mas seus soluços a impediam, então Rafaella continuou o carinho e as palavras suaves até que a respiração da carioca se tornasse tranquila e contínua e, em questão de minutos ela caísse em um sono profundo. Depois de apagar a luz da cabeceira, a mineira não parou o pequeno carinho nos cabelos negros até que ela mesma acabasse dormindo abraçada ao corpo menor que o seu.

Quem acordou primeiro na manhã seguinte foi Bianca. Elas haviam esquecido de fechar a cortina durante a noite e a claridade do início do dia, mesmo que pouca, atingiu seu rosto. Se situou. Ainda estava abraçada ao corpo de Rafaella, seus rostos de frente um para o outro. O pouco que ela se mexeu também despertou a mineira.

– Oi, bom dia – a voz rouca e preguiçosa de Rafaella atingiu Bianca em cheio, lhe trazendo uma sensação de conforto.

– O que aconteceu? – a carioca esfregava os olhos ao perguntar.

Antes de responder, a mulher mais velha virou de barriga para cima para dar uma longa espreguiçada. Depois voltou a deitar-se de lado com o rosto bem próximo ao de Bianca para olhar naqueles olhos castanhos.

– Você chorou até dormir, não se lembra?

– Acho que sim. Devo ter te dado trabalho, né? – por estarem tão próximas, suas vozes eram sussurradas. Não precisavam falar mais alto do que aquilo.

– Não quero que se culpe pelos seus sentimentos. Eu gostei de ter você dormindo aqui – ela passou o polegar pela lateral do rosto da carioca como um único leve carinho.

– Eu também, é só que… cuidar de mim… Tenho certeza que essa não é a viagem que você planejou.

– Tem sido melhor do que eu planejei.

Bianca não tinha mais como argumentar. Só sorriu ternamente e retribuiu o carinho no rosto que havia recebido. Depois virou-se para a mesinha de canto ao seu lado e checou a tela do celular para ver o horário e as notificações, que estavam vazias. Ainda era muito cedo, mesmo na França.

– Acho que hoje aceito ficar aqui e ver o filminho que você propôs. Tô com tanta preguiça – foi a vez dela de se espreguiçar.

– Nenhuma foto de lookinho no Instagram? – Rafaella brincou.

– Acho que o lookinho vai ser pijama – Bianca respondeu no mesmo tom de brincadeira.

– Eu pensei que podíamos começar pedindo o café no quarto e aí pensamos no que fazer. O que acha?

A carioca respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso suave, que mostrava sua satisfação por aquele momento confortável com a mineira.

Rafaella arriscou mais algumas palavras em francês para fazer o pedido pelo telefone do quarto, o que deixava mesmo Bianca suspirante e a fazia pensar que talvez a admiração que tinha pela mineira estivesse crescendo desde que se reencontraram naquela pracinha do condomínio.

Elas voltaram a se deitar enquanto esperavam pelo serviço de quarto. Rafaella não deixava de tocar o braço de Bianca em um carinho, mas sua vontade mesmo era de tocar o rosto e até os lábios da mulher mais nova. Por alguns minutos fizeram um silêncio confortável até que a carioca pediu:

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