4. Mensagens

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“O meu primeiro passo vai ser no seu abraço. Me segura quando eu cair. E no final do dia é só a tua voz que vai poder me fazer dormir…”

Bianca 

– Mamain!

Em um pulo, Bianca acordou, se colocando sentada no colchão, com o coração disparado pelo susto, mas no mesmo segundo, ao olhar a cama vazia, constatou que estava tudo bem. O pequeno Cris só havia, provavelmente, acabado de acordar e a estava chamando do outro quarto para tirá-lo do berço.

Checou o relógio do celular que indicava 8:31 da manhã, só uma hora a mais do que o menino costumava acordar todos os dias da semana, já que havia ido dormir um pouco mais tarde na noite anterior. Mas, para a mãe, haviam sido menos de quatro horas de sono. Depois que Rafaella foi embora, Bianca se animou de novo para a viagem e passou a madrugada reorganizando a mala.

– Mamain! – Cris chamou outra vez, enquanto a mãe se levantava devagar da cama.

– Oi, filho, tô indo!

Caminhou pelo pequeno corredor em passos quase involuntários até o quarto, onde o menino já estava em pé no berço, segurando a grade. Ele esticou os bracinhos e recebeu o colo de Bianca, que o levou para o seu quarto para que juntos se sentassem na cama outra vez.

Ainda um pouco sonolento, o pequeno olhou em volta e grunhiu alguma palavra que a mãe não conseguiu reconhecer.

– Tira a “pepe” pra mamãe te entender, amor.

Obediente, ele tirou a chupeta da boca e falou mais claramente:

– Afa! – e espalmou as mãozinhas para cima, indicando que procurava a mulher que estava ali na noite anterior.

Uma pequena expressão surpresa tomou conta do rosto de Bianca, mas aos poucos foi se transformando num sorriso que ela não pôde evitar.

– Afa… – o menino repetiu com sua vozinha agora um pouco mais melancólica por começar a perceber que realmente Rafaella não estava mais lá.

– Ficou encantado com ela, né carinha? – encheu o peito de ar para soltar lentamente, ainda sustentando o mesmo sorriso. Em um sussurro quase inaudível falou: – A mamãe entende.

– Afa! Inha! – agora o menino dizia apontando para o celular na mesinha ao lado da cama. Bianca se esticou para alcançar o aparelho e recebeu o olhar curioso de Cris ao vê-la desbloquear a tela, ligar o vídeo que ele mais gostava de assistir e colocar o celular nas mão do pequeno, que se jogou para trás na cama, se ajeitando entre os travesseiros. – Tete! – pediu para a mãe.

– Sim, senhor, chefinho.

A mulher se levantou da cama para esquentar no microondas do quarto o leite já semi-preparado para a criança. Depois voltou para a cama, pegou o filho no colo e o ajudou a segurar a mamadeira na boca, enquanto ele assistia em looping aquele mesmo vídeo. Aos poucos, o pequeno voltou a ficar com sono e fechou os olhinhos para finalmente dormir outra vez.

Bianca o colocou deitado na cama ao seu lado e pegou o celular largado no colchão. A tela com aquele vídeo que Cris assistia anteriormente ainda estava aberta e foi a sua vez de dar play para ver. Depois entrou no Instagram, rolou o feed de notícias e assistiu alguns stories. Entre eles os de Bruno em uma festa na noite anterior, cercado por mulheres e os mesmos amigos que encobriram as muitas traições que ele havia feito com ela quando ainda estavam juntos. Tratou de fechar a aba porque se sentia mal. Não porque qualquer sentimento minimamente apreciativo sobre ele ainda pudesse dominá-la, mas sim porque lhe fazia lembrar da dor que sentia nas tantas noites em que eles discutiam e Bruno saía de casa, a deixando sozinha com o bebê apenas para, horas depois, ela receber vídeos de remetentes anônimos que mostravam ele em festas rodeado de mulheres.

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