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Michael Wheeler.

Peguei mais uma colher cheia de papinha e levei a boca de Anne. Era domingo, então eu tinha que me virar para alimentá-la, já que era folga de Will.

No entanto, acho que minha filha resolveu que hoje seria o dia de fazer graça com a minha cara. Pois já era a terceira vez que eu levava a comida a sua boca e ela cuspia tudo. Para completar, assim que eu fazia minha expressão zangada, Anne caía na gargalhada.

Sim, ela estava testando os meus limites.

— Por que está fazendo isso com o papai, amor? — questionei, pois ela não tinha comido quase nada.

Ela não respondeu, como sempre, mas sorriu com a boca toda suja de comida. Peguei o babador que havia colocado nela e limpei sua boca.

— Não quer comer?

E para minha surpresa ela balançou a cabeça negativamente. Era uma pequena gordinha inteligente.

Passei uma das minhas mãos por sua bochecha, e ainda deixando-a na cadeira de alimentação, levei o prato com a papinha para a pia.

Mas acho que Anne queria mexer com meus sentimentos naquele dia, pois logo murmurou:

— Papá.

Parecia que meu mundo tinha parado alguns segundos. Respirei fundo algumas vezes, até que me virei para ela e encarei aqueles olhos tão iguais aos meus.

— Você disse papai, amor? — questionei com a voz embargada.

Não tinha certeza se era comigo ou com a comida que ela estava falando, então eu tive que confirmar.

— Papá — murmurou, sorrindo para mim.

Foi nesse momento que eu não consegui me conter e deixei uma lágrima escorrer por meu rosto. Ela tinha falado papai. Caminhei para perto dela, tirando o cinto da sua cadeirinha, peguei-a em meus braços e disse:

— Eu te amo, minha pequena.

E sem se preocupar me abraçou toda suja de comida, mas quem ligava?

Era só uma criança inocente sendo a melhor pessoa do mundo. Anne era muito carinhosa, então não podia privá-la de sua delicadeza e carinho.

Depois que dei banho na minha pequena, passei a tarde brincando com ela. Minha neném possuía muitos brinquedos para o desenvolvimento infantil, e querendo ou não eu amava passar esses pequenos momentos com ela. Mesmo que na maioria das vezes a empresa tomasse conta de todo o meu tempo.

Depois de passar uma tarde gostosa com a minha bebê, e tivemos direito até a um piquenique, vi que Anne estava caindo de sono. Por isso, dei um banho nela e mal terminei de vestir seu pijama em seu corpo pequeno, quando ela adormeceu, até mesmo sem tomar sua mamadeira.

Saí do seu quarto e fui procurar algo para fazer.

Hoje era a folga de todos os funcionários que trabalhavam para mim, com exceção de alguns seguranças que faziam revezamento.

E infelizmente era o dia da semana que eu menos gostava, já que me sentia sozinho em momentos como aquele que Anne pegava no sono e me deixava com zero pessoas dentro de casa.

Além de o tamanho do lugar que eu morava não me ajudar em nada. Era enorme demais, tinha coisas demais, e eu tinha um tédio grande demais.

Sem muita opção do que fazer, afinal até da empresa eu havia tirado uma folga. Fui até meu quarto tirar a calça de moletom que usava, colocando em seguida uma bermuda, e uma camisa para malhar. Ao menos assim eu passava meu tempo.

𝘕𝘢𝘯𝘯𝘺 𝘐𝘯 𝘛𝘳𝘰𝘶𝘣𝘭𝘦 Onde histórias criam vida. Descubra agora