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Michael Wheeler

Estava considerando aquele mês como um dos mais difíceis que já passei. O primeiro foi quando perdi Hannah, e agora tinha perdido alguém que se tornara em tão pouco tempo extremamente essencial na minha vida.

Como eu podia ter estragado tudo em uma fração de segundos?

Ele já havia aceitado assumir nosso relacionamento, eu estava pronto para chamá-lo de meu namorado. Mas não, eu tinha que humilhá-lo e tratá-lo como um qualquer.

Porra!

Era Will, o garoto que eu estava apaixonado, qual o mal que tinha Anne chamá-lo de mãe?

Eu sabia que nenhum, mas meu instinto idiota tinha que fazer parecer que aquilo era um pecado capital.

Que merda!

Coloquei minha gravata e me olhei no espelho por um bom tempo até sair do quarto.

Preciso ir trabalhar, pois ficar lamentando a cagada gigante que eu tinha feito não mudaria nada.

Passei no quarto de Anne e ela já estava acordada, Mary a segurava, mas pelo jeito ela estava mais um dia emburrada.

— O que é dessa vez? — questionei.

Eu tinha comigo um pensamento que Mary era um anjo em minha vida, naquele último mês quem estava cuidando de Anne era ela.

E claro, que com meu gênio, a mulher que tinha feito um teste para babá há menos de quinze dias já estava no olho da rua. E nem foi por não cumprir nada no contrato, pois aquilo era passado e Anne precisava viver, era só pelo motivo de ela não ser Will.

Demiti a pobre coitada sem motivo algum. Viu o quão imbecil eu conseguia ser? Eu me superava a cada dia.

Puta que pariu!

Peguei minha bebê em meus braços e mesmo assim ela continuava emburradinha.

— O que foi meu amor?

Anne me olhou, mas virou o rostinho para o lado. E falou algo que naquele mês já estava dizendo muito, e como todas as outras vezes que pronunciava a mesma palavra eu me vi rendido, e os sentimentos me tomaram por inteiro:

— 'illie.

Abaixei minha cabeça e tentei não pensar que minha filha, assim como eu, estava morrendo de saudade daquele pequeno diabinho. O meu pequeno, meu Will.

Olhei para Mary que tentava segurar um sorriso, mas sabia que no fundo ela queria que eu mandasse o meu orgulho para a puta que pariu e procurasse Will.

Já que sempre vivia reclamando que aquela casa não tinha mais sentido, a casa estava sem vida, não tinha mais risadas e as maluquices engraçadas de Will.

— Pode falar, Mary — disse, enquanto devolvia uma Anne totalmente emburrada para ela.

— Eu não quero me meter, mas o senhor sabe que está errado. Não sei porque ainda não foi atrás dele. Aquele menino gosta de você, e sei que você também gosta dele, Mike . Está esperando o quê? — Colocou Anne no chão para que ela fosse brincar, e me encarou colocando a mão na cintura, com uma sobrancelha arqueada.

— Estou indo para a empresa — declarei, sem dar mais nenhuma resposta aquela mulher.

Ela adorava se intrometer na minha vida, mas eu ainda precisava me acostumar com aquilo. Quando cheguei à sede do Empório, foi como sempre, funcionários me encarando como se eu fosse um monstro, e talvez eu concordasse com eles.

Kyle estava pior, ele não tinha expressão nenhuma quando eu chegava ao escritório. Mas eu não podia fazer nada, não devia nada da minha vida para ele, só que porra!

𝘕𝘢𝘯𝘯𝘺 𝘐𝘯 𝘛𝘳𝘰𝘶𝘣𝘭𝘦 Onde histórias criam vida. Descubra agora