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Michael Wheeler

Idiota!

Era isso que eu podia me denominar.

Na verdade eu já sabia que não era uma boa pessoa, um homem que adorava tratar os outros de forma errada. Só que como depois de uma noite maravilhosa eu pude falar com Will daquela forma?

Ele confiou em mim, se entregou a mim, e eu como sempre, fui um imbecil que não sabe como tratar as pessoas em momentos que fica nervoso.

Agora estava aqui, sentado na cadeira do meu escritório, na empresa, arrependido por ter falado tanta merda.

Ouvi uma batida na minha porta e permiti a entrada, era Kyle e a sua expressão não estava muito boa. Ele se aproximou da minha mesa e com toda sua postura me disse:

— Eu posso perder meu emprego pelo que vou falar para o senhor. Mas não vou ficar calado com o que estou achando que está acontecendo. Will é a melhor pessoa que eu conheço em toda minha vida, ele está estranho comigo há alguns dias, e eu tenho certeza que é por causa do senhor.

Ele deu uma pausa, respirou, passou uma de suas mãos pelo cabelo, e logo voltou a dizer:

— Ele não merece sofrer, e hoje percebi que está extremamente chateado com algo que não quis me dizer. Então, se ele estiver se envolvendo com o senhor, eu só lhe peço que não o faça sofrer, pois ele já teve esse sentimento demais nos últimos meses.

Sabia que ele estava tentando defender o amigo, mas eu não admitiria que nenhum funcionário me tratasse como se eu fosse um grande amigo de longa data. Por isso, achei por bem deixar claro quem mandava naquela empresa.

Levantei-me da minha cadeira, desviei da mesa e caminhei lentamente até Kyle, dizendo em seguida:

— O que acontece na minha vida pessoal, não lhe diz respeito — minha voz saiu gélida, era para ele perceber que o caminho que estava tentando seguir seria perigoso.

— Não me diz mesmo, só que o do meu amigo sim. Já deixei claro o que vim dizer, se me der licença. — Com isso saiu da sala, mas antes de bater a porta colocou o rosto para dentro murmurando: — Se o senhor for me demitir por isso, eu não me preocupo, desde que não faça Will sofrer.

Depois disso ele saiu da sala e fechou a porta atrás de si. Não iria demiti-lo, ele não tinha feito nada. Só tentou defender o amigo que tinha sido humilhado por mim.

O grande idiota que eu era.

Passei o restante do dia martelando o que faria para tentar fazer Will me perdoar.

Quando cheguei em casa tudo já estava escuro, não estava conseguindo sair mais cedo da empresa, e já vinha há alguns dias pegando Anne dormindo. Nem tempo para passar com minha filha estava tendo.

Sinceramente eu não devia tirar férias, mas estava achando necessário, já que queria ficar mais com a minha neném.

Eu subi o mais rápido que pude, passei no quarto de Anne que parecia estar muito melhor que de manhã. Ela dormia serenamente e eu respirei mais aliviado.

Passei o dia todo mandando mensagem para Mary para perguntar como minha filha estava. Não queria incomodar Will, já bastava à cena que eu tinha feito.

Fui para o meu quarto e olhando para a cama que Will tinha passado uma boa parte da noite, me fez arrepender no mesmo instante de ter pensado em não conversar com ele. Fechei meus olhos e lembrei-me da mágoa que vi em seus olhos quando o acusei mais cedo.

Eu não podia deixar as coisas daquela maneira.

Por isso, tirei minha gravata, o casaco e saí do quarto. Caminhei decidido até as escadas e desci em um rompante por ela.

𝘕𝘢𝘯𝘯𝘺 𝘐𝘯 𝘛𝘳𝘰𝘶𝘣𝘭𝘦 Onde histórias criam vida. Descubra agora