A filha do vento

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*Oi pessoal! Passando pra pedir que vocês não esqueçam de dar uma estrela quando acabarem de ler o capítulo (se gostarem dele, óbvio, rsrs). Isso não me dá dinheiro, mas me dá mais ânimo para continuar escrevendo! Agradeço desde já! Então, vamos com mais um capítulo! Boa leitura! =)

Antes de resolver me mudar para Galway, eu pouco havia ouvido falar sobre a cidade. Sabia que assim como Londres, era fria, então, um dia, antes de me mudar, resolvi pesquisar na internet e me apaixonei pelas fotos. Me parecia uma cidade bastante charmosa, eu só não fazia ideia do quanto! Pessoalmente, o visual era de tirar o fôlego pra qualquer lugar que eu olhasse. Bem pequena, com jeito de cidade do interior, casas charmosas que dão ar de contos de fadas e o apego de seu povo arraigado à cultura tradicional, Galway é considerada uma das poucas cidades verdadeiramente irlandesas, e andar pela cidade geralmente dava a sensação de estar em um cenário de filme romântico.

Não era difícil morar com minha tia Fiona. Eu havia conhecido ela na infância, mas não lembrava de como ela era, e minha mãe e ela não mantinham muito contato. Agora, comigo morando em Galway, elas se falavam a cada quinze dias. Ela era tranquila, uma senhora viúva, sem filhos, professora aposentada, que passava a maior parte do tempo em casa cuidando de suas plantas, seus gatos e assistindo programas de culinária e religiosos. Morava em uma charmosa e tradicional casinha irlandesa no bairro Murrough, que ficava próximo à universidade e também ao hospital universitário, o que facilitava bastante a minha vida. Ela me recebeu bem, me apresentou aos seus três gordos gatos (Flora, Willow e Dobby) e mostrou meu quarto, pequeno, rústico, com cortinas floridas, quadros com imagens de Jesus e Nossa Senhora e cheiro de naftalina. Ela também me instruiu sobre não gostar muito de bagunça, barulhos depois das 22h e me proibiu de chegar em casa bêbada ou levar homens para dormir lá, o que por mim estava tudo certo. Quando eu saía para beber com colegas, eu arrumava a casa de alguma delas para dormir, e eu não ficava com ninguém mesmo, então não era nenhum desafio. Pelo visto, minha irmã Phillipa me conhecia melhor do que eu pensava!

A Universidade de Galway era linda, parecia um castelo, e andar por ela fazia com que eu às vezes me sentisse em um cenário de filme medieval, principalmente no outono e no inverno. Aproximei-me de algumas colegas assim que cheguei, mas não fiz questão de aprofundar muito as amizades pois estava querendo ficar mais sozinha mesmo. Me dava bem com os professores, tirava boas notas, amava meu curso mas infelizmente não conseguia desenvolver a liderança durante os estágios no hospital. Era difícil para mim me colocar em uma posição de autoridade, ter que dar ordens, principalmente à pessoas mais velhas e mais experientes que eu, que muitas vezes era o caso das funcionárias das equipes de enfermagem.

Chegar em um novo campo de estágio era sempre um desafio para mim, pois teria que me adaptar a uma nova equipe, e a recepção geralmente não era das melhores. Enquanto estagiária, fui alvo de alguns risinhos, piadas e outros tipos de situações constrangedoras e humilhantes, era uma espécie de prova de fogo pela qual a maioria de nós passava, um teste de pressão, e eu muitas vezes, por pouco, quase não passei, pois me vinha a sensação de que estava passando novamente por aquela humilhação que Marina me fizera passar na escola, eu revivia um pesadelo. Mas quando aquela fase difícil acabava, ficava tudo bem, me dava bem com a equipe, conseguia passar as ordens, pedir a colaboração de todos, organizar o cuidado, elaborar as escalas, resolver conflitos dentro das equipes, era só questão de tempo até conseguir adquirir confiança em mim mesma.

Eu estudava pela manhã, e em dois meses morando em Galway consegui um emprego pela tarde como recepcionista em uma clínica médica grande na cidade. Era um bom emprego, eu gostava de lidar com o público e os colegas eram acolhedores e faziam com que o ambiente de trabalho fosse leve. A clínica ficava próxima da beira do mar, e havia um cantinho muito bom em que eu gostava de ir depois do almoço, antes de começar o expediente. Geralmente me sentava ali, à beira do mar, às vezes com um livro, às vezes apenas observando a imensidão e a beleza daquele oceano de águas gélidas, o céu cinza, as gaivotas e tantas outras espécies de aves sobrevoando ali, algumas planando sobre a água e mergulhando para pescar. Eu refletia, pensava na vida, na família, nos Bridgertons, em Colin...a maior parte das vezes, em Colin. Me perguntava como ele estaria, o que estaria fazendo, se estava com alguém, se algum dia eu seria capaz de tirá-lo completamente do meu coração e seguir de verdade com minha vida, se eu seria capaz de amar alguma outra pessoa. E a brisa do mar geralmente me respondia com uma forte rajada, bagunçando meus cabelos violentamente, e eu interpretava aquilo, como um não.

A cura para corações partidosOnde histórias criam vida. Descubra agora