Conversa no escuro

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         *Oi pessoal! Passando pra pedir que vocês não esqueçam de dar uma estrela quando acabarem de ler o capítulo (se gostarem dele, óbvio, rsrs). Isso não me dá dinheiro, mas me dá mais ânimo para continuar escrevendo! Agradeço desde já! Então, vamos com mais um capítulo! Boa leitura! =)

* Outro recado: a partir de agora, as cenas no hospital serão comuns e estarei utilizando alguns termos técnicos e palavras que acredito que não sejam muito comuns pra quem não convive com a área da saúde, então acrescentei uma legenda ao final do capítulo pra que vocês consultem caso necessário. Se houver alguma palavra que eu utilizar e não colocar legenda, vocês podem perguntar como um comentário que eu respondo! =)

*Outro recado: Essas partes mais técnicas que eu escrevi, do Colin avaliando os pacientes, vai ser mais pra introduzir e mostrar o cotidiano dele no hospital. Talvez fique chato e massante para quem não conhece/não gosta, mas vai ser mais pra introduzir mesmo, depois eu vou deixar essas cenas menos extensas e cansativas.

         Eu estava deitado em um dos sofás da sala de estar, depois de beber o restante de uma garrafa de vinho de Anthony que havia na geladeira. Não tinha sono, e não conseguia parar de pensar em Penelope, que teoricamente estava dormindo no quarto ao lado do meu, então, antes que eu invadisse  o quarto de Eloise e falasse alguma besteira, achei melhor descer, me afastar e tentar pensar em outra coisa. Depois que bebi o vinho, continuei pensando nela ainda mais, tanto que acho que a atrai. 

         Levei um susto quando vi a silhueta pequena dela passando pela sala no escuro com aquela camisola branca esvoaçante sem nem olhar para o lado, abrindo a porta de correr e saindo para o jardim. Levantei-me e olhei melhor, para ter certeza, e era mesmo ela. Vi que ela sentou-se no sofá em frente à piscina, cobriu-se com a manta e parecia estar chorando. Senti um aperto no peito, imaginando a dor que ela estava sentindo pela morte do pai.  

         Lembrei de Dr.Archibald Featherington e sua eterna expressão vazia, das poucas vezes em que conversamos coisas triviais e da última vez em que ele me dirigiu a palavra, no aeroporto, depois que Penelope havia embarcado para a Irlanda, quando ele virou-se para mim em um momento em que as mulheres estavam conversando, e me disse: Sabe, rapaz, eu acho que você já cuidou melhor da minha filha, estou decepcionado!  Na época eu fiquei chateado com a fala dele. Pensei que mesmo que eu fosse o amigo de Penelope e gostasse muito dela, não era totalmente responsável pelo que havia acontecido, e que eu havia feito minha parte, tentei de tudo pra que ela ficasse, no entanto ela havia feito uma escolha. E pensei que ele não tinha nenhum direito de dizer que estava decepcionado comigo, pois ele mesmo mal conversava com as filhas, eu nunca tinha visto Penelope receber um abraço do pai. E então, quando eu comecei a sentir a falta dela, comecei a entender que ele tinha razão em estar decepcionado comigo. Eu havia sido um babaca em perde-la, e ele, mesmo do jeito dele, ainda era o pai dela, e se eu tivesse uma filha que preferisse ir embora da país ao invés de ficar com a família por conta de um babaca, eu ficaria muito mais do que decepcionado. 

         Ouvi os soluços dolorosos dela. Como eu queria poder abraçá-la e poder tirar toda aquela dor. Eu só precisava de coragem, pois depois da coisa horrível que eu havia feito para ela em Galway, estava difícil de encará-la e eu mal me sentia no direito de dirigir a palavra a ela. Mas ela estava ali, sozinha no meio da noite fria, chorando pela morte do pai. Ninguém deveria passar por uma dor daquele tamanho sozinha, muito menos ela, que estava presente sempre que eu precisei. Então que se danasse a vergonha que eu sentia, naquele momento Penelope precisava de alguem e eu iria sim consolá-la. 

          Quando abri a porta, ela virou-se, e pude ver seu rosto arrasado pela tristeza  e pensei, que eu tinha feito a coisa certa. Eu não a deixaria sozinha ali, nem que eu tivesse que ficar olhando-a de longe. Quando me aproximei e me postei em sua frente, ela não disse nada, apenas me encarou com os olhos tempestuosos, de onde as lágrimas vertiam pesadamente. Eu a puxei para mim, para um abraço, pouco me importando se ela resistiria ou não, mas ela não resistiu, ela simplesmente levantou-se e se aninhou contra mim, deixou-se ser abraçada, afogando as tristezas na camiseta do meu pijama. Eu a abracei forte o suficiente para que ela se sentisse confortável e deixei que ela chorasse por um tempo. A manta havia caído, e tocando a pele dela, percebi que ela estava arrepiada, certamente pelo frio, então a guiei de volta para o sofá.

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