capítulo Sete

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Molly sabia que provavelmente essa não era a decisão mais sábia, contudo procurou respirar fundo e mentalizar que aquilo era apenas uma brincadeira de mal gosto, provavelmente era, ninguém sabia do seu passado, pelo menos ninguém de Nova York. 

Dobrou a folha e guardou em uma de suas gavetas certa de esquecer as palavras ali escritas, assim como fez com seu passado. Havia funcionado, pelo menos até ali. 

Retornou à sala, Emma estava só, Adam tivera uma reunião e não conseguiu remarcar, porém deixou claro que se precisassem ele estaria totalmente disponível para retornar e auxiliá-las. 

Na televisão a série favorita delas passava, e aquilo provavelmente iria distraí-la do que acabara de ler, tinha certeza disso. Tinha que ter. Tinha que se agarrar naquilo que acreditava, naquilo que vivera a vida toda. Naquilo que seus pais lhe ensinaram, ter o Autor da vida enquanto refugio. 

O toque do telefone de Emma soou no ambiente. A mesma o pegou no sofá e o atendeu. 

Pela expressão irritada Molly soube que provavelmente se tratava de algo relacionado a sua família, provavelmente. Não era novidade que a amiga tinha problemas com a irmã, contudo fazia um bom tempo que Melissa não voltava. 

Emma encerrou a chama, fechou os olhos e suspirou. 

-Vou ir resolver um problema, qualquer coisa, qualquer coisa mesmo ligue para mim ou pro Adam que a gente dá um jeito, tá bom? 

-Sim, tudo certo. -Ela respondeu dando-lhe um sorriso confiante. 

Observou a amiga levantar-se, pegar a chave do carro e se dirigir à porta. 

-Já volto. 

-Beleza. 

Emma a deixou só. Molly teve de respirar fundo para controlar algumas emoções que quase emergiam. Aumentou a televisão visando concentrar toda a sua atenção na série, na intenção de se distrair. 

Uma única batida na porta lhe fez saltar no sofá assustando-se. Seu olhar se voltou para a porta. Não houve mais uma batida, havia apenas o silêncio. Talvez alguém tenha esbarrado ali, certo? Desejava crer nisso. 

Balançou a cabeça afastando os pensamentos negativos, com certeza aquilo era uma peça que sua própria mente estava lhe pregando. Não foi nada demais, com esse pensamento foi que voltou sua atenção para a televisão. 

Outra batida. 

Engoliu a seco. 

Diferente da outra ocorreu outra batida, e outra, e outra. Quase que freneticamente alguém estava batendo na porta. 

Ela deveria abrir? Não sabia. 

Pegou o celular pronta a ligar para Emma quando ouviu a porta se abrir. Levantou seu olhar encontrando um homem alto, vestindo um sobretudo e com uma máscara de esqui o que a impedia de ver seu rosto. 

Ele paremenceu parado durante alguns segundos que mais pareciam horas, era possível ouvir  a série no fundo, além da respiração ofegante de Molly. O olhar dele recaiu sobre o corpo dela, enquanto um arrepio percorreu toda a espinha dela. Teve vontade de gritar, porém não conseguia, teve vontade de correr, mas seu corpo parecia não obedecer os comandos dados pelo cérebro. Estava paralisada. 

-Olá, Molly. -O sujeito disse enquanto fechava a porta. Ele estava calmo, bizarramente calmo enquanto o coração dela tinha os batimentos tão acelerados que parecia prestes a sair pela boca. 

Céus, o que estava acontecendo?

-Q-quem é você?-Conseguiu perguntar aos sussurros. 

-Não sou seu pior pesadelo. Eu só tenho que te levar até ele. -Respondeu dando um sorriso que causou enjoo nela. 

-Como assim me levar? -Seu tom de voz aumentou. Estava a merce do desespero. 

-Eu adoraria ficar e aproveitar o tempo com você. -Disse começando a se aproximar o que a fez recuar, levantando-se do sofá e recuando alguns passos. -Mas estou sem tempo, querida. 

Seus passos se apressaram, ele deu a volta no sofá. Porém Molly foi mais agil, pulou por cima do sofá, tentou alcançar a porta, porém fora puxada pelo braço. Seu corpo colidiu ao corpo daquele homem, ela parecia tão pequena perto dele. O sujeito por sua vez segurou seus dois braços com força, não se importando se ficariam marcas. 

Molly abriu a boca para dizer algo, porém antes que o fizesse ele a jogou com violência no chão. Antes que conseguisse se recuperar o sujeito subiu sobre ela, quase que a escondendo por completo com o seu corpo. 

-Ele tinha razão, você é uma perdição. -Sussurrou em seu ouvido.

Mesmo com o medo lhe tomando, e o pânico quase que transbordando de si conseguiu reagir, conseguiu gritar. O grito pareceu lhe rasgar a alma. 

-Xiiiiiu. -Ele tampou sua boca impedindo-a. Molly sentiu-se fraca de lutar contra ele, parecia que o se remexer era em vão visto que ao menos o estava cansando. 

Talvez esse fosse seu fim, naquele chão de um apartamento qualquer no centro de Nova York. 

Estava quase se rendendo quando ouviu uma batida na porta. Ambos os olhares foram desviadas para a mesma. Molly tentava pedir por socorro mesmo sendo impedida pelo homem acima de si. 

-Molly, tá tudo bem? -A voz de Dexter soou abafada pela porta. 

-Cala a boca. -O homem sussurrou ao ouvido dela, que mesmo o contrariando tentava gritar. 

-Molly. Me responde! -Dexter insistia no lado de fora, algo lhe dizia que algo estava acontecendo. Ouvira um grito, além de alguns barulhos vindo do apartamento delas. -Molly eu vou entrar! 

Por sorte, a porta estava aberta e o mesmo adentrou encontrando a cena que o surpreendeu. 

Não pensou muito antes de agir, quando deu por si já tinha tirado o homem de cima da Molly deu-lhe um soco, onde o mesmo ficara um tanto quanto sonso. Teria continuado, porém o choro atrás de si o fizera parar. 

-Oi, o que tá acontecendo aqui? -A voz de Rogério soou na porta. 

-Só dá um jeito nesse cara, por favor. Chama a policia. -Dexter disse enquanto amparava à Molly. 

Rogério assentiu mesmo sem compreender muito bem o que estava acontecendo. 







Obsessiva Paixão (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora