Bem distante do centro movimentado da metrópole Adam terminava de abotoar sua camisa tendo a imagem de Melissa o fitando da cama. Talvez ele se arrependesse um pouco de ter desligado seu celular, contudo não podia negar que fora para uma boa razão, unicamente particular dele.
-Já vai embora? -A voz enjoada da ruiva a sua frente não o seduzia mais.
-Vou, sua irmã deve estar louca comigo.
-Com razão, não? -Pergunta arqueando a sobrancelha.
-Não. -Disse subindo na cama, dando-lhe um beijo e retomando sua postura.
Deixou o apartamento com o juramento de que aquela havia sido a última vez, contudo isso já havia acontecido seguido de juramento também... No fundo ele sabia que não estava dizendo a verdade.
Desceu as escadas ligando o aparelho celular. Irritou-se ao perceber que havia mais de vinte ligações, além das mensagens deixadas por Emma.
-Droga. -Murmurou consigo mesmo.
Contudo, ainda no quarto a ruiva tinha um olhar raivoso, esperava o destinatário da chamada atender. Quando o fez um sorriso surgiu em seus lábios.
-O que quer? -Perguntou o homem do outro lado da linha.
-A chave da casa do Adam.
-Passa aqui amanhã, e não se acostume com isso. -Dito isso ele encerrou a chamada sem esperar ela se despedir. Contudo, a ruiva tinha um sorriso vitorioso nos lábios, finalmente conseguiria o que tanto desejava.
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Emma fechou os olhos irritada ao ver o nome de Adam no visor do celular. Pensou em recusar a chamada de novo, contudo essa era a décima vez que ele estava ligando. Será que havia acontecido algo? Para limpar sua consciência ela atendeu.
-Amor? -A voz dele soou um tanto desesperada do outro lado da linha.
-O que você quer Adam? -Como ele imaginava, ela estava irritada.
-Desculpe não ligar antes, meu celular acabou a bateria durante a reunião.
-Uhumm. Tá bom. -E encerrou a chamada para a surpresa dele.
Uma lágrima escorreu pela bochecha dela, sabia que provavelmente sua fala se tratava apenas de uma mentira, não era essa a primeira vez em que ele sumia sem dar nenhum sinal de vida. Aquilo a cansava tanto, tinha saudade da época escolar onde eles apreciavam a presença um do outro.
Outra chamada, ela recusou. Outra chamada. Atendeu.
-O que você quer, Adam?
-Amor, eu realmente estava numa reunião.
-Eu só queria um sinal de vida, aliás nem isso tive. Ah, e só pra deixar claro, eu estou bem viu, obrigada por perguntar. -Dito isso encerrou a chamada novamente, além de desligar o aparelho.
-Eu preciso dar uma voltar. -A loira disse a si mesma.
-Quer companhia? -Molly questiona atraindo sua atenção.
-Não. Preciso pensar, qualquer coisa eu te ligo. -A amiga assentiu sabendo que ela necessitava daquilo.
Emma a deixou só, enquanto e ela retomou o olhar para a televisão. Parte dela manteve-se calma por saber que Dexter estava em sua casa. Não sabia a razão, contudo confiava nele. Era estranho pensar em como tinham uma ligação única, se a questionassem não saberia responder como se sentia a respeito. Mas era única a forma com que passara a confiar, e se sentir confortável ao seu lado.
Isso a assustava e a confortava ao mesmo tempo.
-Voltei. -A voz de Dex atraiu sua atenção.
-Ótimo, eu tava mesmo precisando de companhia para assistir o incrível mundo de Gumball. -Ela respondeu o fazendo rir. Dex se sentou ao seu lado.
-É interessante ver uma futura médica assistindo desenhos.
-Não me julgue, Dex. -Ele gostou de como seu tão corriqueiro apelido soou dito por ela.
-Não é julgamento, é que você me impressiona. Só isso. -Respondeu fazendo um sorriso surgir em seu lábios. -Ficarei feliz de te fazer companhia.
Talvez eles tenham perdido o controle do tempo diante daquele desenho, apenas se ouviam os risos e comentários. Era algo tão único para ela se distrair, Molly sabia que provavelmente deveria ligar para seu pai, ela desejava fazer isso, porém tinha medo.
Medo do que poderia ouvir, ou pior de que lhe pedissem pra desistir de tudo e retornar para sua casa. O medo lhe tomava de muitas formas, e foi devido a tais pensamentos que o som de suas risadas foram substituído pelo silêncio.
-Tá tudo bem? -Dex perguntou estranhando sua seriedade.
-Eu tô com dificuldade em tomar uma decisão. -Ela responde aos sussurros.
-Que decisão?
-Não sei se ligo pra minha mãe ou não. Eu deveria, mas não sei se é o certo.
-Por que?
-Eles provavelmente me pedirão para voltar, eu não quero abandonar tudo. -Há tristeza em seu olhar. -Mas eu tenho medo de permanecer. Eu não sei o que fazer, Dex.
-É difícil tomar essa decisão, mas acho que você pode respirar fundo pra depois decidir. Posso te dar um conselho? -Questionou segurando sua mão.
-Por favor. -Lhe respondeu quase que como uma súplica.
-Busque confiança naquEle que não muda. Minha vó me ensinou algo único, quando eu me desesperava sempre corria pra ela, e ela sempre me dizia que eu deveria me acalmar e pedir para que o Autor da existência guiasse minha decisão. Faça o que Ele te orientar. Só confia.
-Esse é o problema, Dex. Eu tenho medo de tudo fugir do meu controle de novo, eu... -Ela suspirou frustrada. -Eu queria que as coisas fossem mais fáceis, que eu simplesmente acordasse e tudo tivesse passado, sabe? Eu queria paz.
-Você pode ter paz em meio ao caos, é uma dádiva divina, e que você tem acesso. É só pedir.
Aquelas palavras mexeram com Molly, nunca imaginou a paz que excede todo entendimento em meio ao caos. Ela desejava tão ardentemente quanto o respirar, queria se sentir livre do seu passado, e livre pra viver. Livre de si mesma.
-Voltei. -A voz de Emma os trouxe novamente a realidade.
-Tá tudo bem? -Molly questionou vendo-a fechar a porta atrás de si.
-Não, o Adam quer conversar e eu não. Acho que não temos um meio termo enquanto a isso.
-Ele está vindo pra cá? -Ela assente sem muita emoção.
-Acho que vocês precisam conversar, tente ver o lado dele. -Molly tentou ajudá-la, visto que também o conhecia há muito tempo.
-Eu só queria adiar isso, mas tudo bem. Quanto antes conversarmos antes isso termina.
-Sensata. -Dex disse fazendo-a rir.
-Ótima forma de se apoiar alguém.
Houve uma batida na porta, Emma sabia quem era, visto que havia dito ao namorado que estava no vizinho, por mais que ele não tenha se agradado muito com tal informação.
-Me desejem sorte. -Pediu antes de deixar o apartamento.
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Obsessiva Paixão (Pausado)
RomancePlágio é crime!!!!! Obra registrada!!! D E G U S T A Ç Ã O Ela desejava esquecer seu passado. Ele nunca a esqueceu. Ela desejava nunca se lembrar dele. Ele ansiava pelo reencontro... Dois lados de uma mesma lembrança que está encoberta pelo tempo.