Capítulo três

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Molly despertou com o som de seu celular denunciando que havia chegado uma mensagem. Ainda sonolenta o pegou entre as cobertas. 

"Bom dia! Tá livre essa noite?"

Revirou os olhos ao perceber que se tratava de uma mensagem de Émerson, não era novidade que o mesmo já estava tentando algo com ela há um tempo, porém sem sucesso. Não que ela realmente pensaria na hipótese de sair com ele caso não trabalhassem juntos, mas como trabalham juntos essa nunca foi uma opção, seria estranho caso o encontro não desse certo e no dia seguinte tivesse de vê-lo, quer dizer, já era estranho o suficiente. 

"Já tenho compromisso, sinto muito." Restringiu-se a responder apenas isso, não era mentira, afinal tinha compromisso com sua cama e com a sua série favorita. É um compromisso importante. 

Ela desejou voltar a dormir, contudo não conseguiria, então se levantou abriu as cortinas do seu quarto permitindo que a claridade adentrasse. Hoje estava um dia quente, finalmente. 

Não gostava do frio, preferia o calor, a tranquilidade de correr no central park sem restrições ambientais, algo que raramente tinha tempo, contudo hoje ela tinha o tempo livre, para seu alívio. 

Trocou-se colocando um short mais confortável e uma camiseta de banda qualquer que era um dos poucos resquícios da sua adolescência. Caminhou até a cozinha e pôde perceber que estava sozinha, Emma já havia saído. Molly pegou seu celular, colocou uma playlist aleatória, onde a música : White noise começou a soar pelo ambiente. O ritmo animado a fez remexer enquanto pegava uma panela. 

Preparou uma paqueca, amava cozinhar, e apreciava quando o podia fazer. Talvez tenha herdado tal paixão de sua mãe... Era quando podia sentir esses pequenos prazeres que sentia falta de seus pais, há quanto tempo não os via. Céus, realmente precisava os ver. 

Ela pegou o celular pronta a ligar para a mãe, porém as batidas na porta lhe fizeram recuar. 

Quem seria? Ela se dirigiu até a porta e a abriu se deparando com Rogério, o vizinho de cima. 

-Oi. 

-Oi, Molly. A Emma tá aí? -Perguntou fitando dentro do apartamento, aquilo irritou um pouco a moça, afinal era quebrar um pouco sua privacidade, não? 

-Não, ela não tá, por que? 

-Ah, tá. Obrigado. Depois fala pra ela que eu tô querendo conversar com ela, por favor. -E em poucos segundo o homem de um metro e setenta de pele negra e olhos verdes estava caminhando em direção ao elevador. Não demorou muito para que sumisse da vista de Molly que sentiu-se um pouco confusa, afinal o que a amiga estava tratando com o vizinho? 

Contudo, deixou que a curiosidade lhe tomasse mais tarde, focou em tomar seu café e se preparar para mais tarde uma corrida. Após o café, esperou um tempo para se exercitar, pelo menos era isso que um dos seus professores sempre a orientava " nunca se exercite de barriga cheia!'', podia ouvir o eco de sua voz todas as vezes em que tentara fazê-lo. 

Neste meio tempo telefonou para sua mãe, onde a mesma se alegrou em finalmente ouvir a voz da filha. Por mais que se orgulhasse dela sentia que sua rotina lhe consumia muito, e não estava errada, mas cria que se sentia dessa maneira pelo fato de morar no interior onde tudo é mais tranquilo. 

Molly encerrou a chamada com a promessa que em suas férias iria visitá-los. Desejava isso, muito. Ela se trocou colocando roupas adequadas para uma corrida, pegou sua garrafinha com água e saiu de casa, trancando a porta atrás de si. Quando passou pela porta do senhor Jones lembrou-se mentalmente de que quando voltasse iria questioná-lo sobre o estado do neto. 

Sempre amou correr, a sensação de sentir o vento contra o calor de sua pele a fazia se sentir viva, amava a adrenalina que começava a percorrer suas veias e o suor que escorria, parecia que a renovava por completo. Céus, como precisava desta folga. Desejava que elas nunca acabassem. 

Quando retornou ao seu prédio tinha a respiração ofegante e os cabelos colados em seu pescoço devido ao suor. Foi uma manhã produtiva, disso tinha certeza. 

Quando chegou ao hall de seu apartamento estranhou ao ver a porta aberta, contudo limitou-se crer que Emma provavelmente tivesse retornado mais cedo, por mais que pudesse ser improvável. 

Engoliu a seco ao perceber papéis espalhados pelo chão, assim como almofadas e muitos utensílios fora do lugar. Piscou algumas vezes tentando raciocinar o que estava acontecendo. Sentiu sua respiração ofegante, e suas mãos começarem a ficar tremulas. 

Quis entrar, contudo e se houvesse alguém ali? Era perigoso, tinha certeza disso. 

-Molly, tudo bem? -Um voz rouca atrás de si a assustou. Virou-se espatada deparando-se com Rogério o que a fez respirar aliviada. 

-Céus, que susto. -Disse sentindo-se mais calma. 

-Aconteceu algo? -Perguntou percebendo a zona em que o apartamento se encontrava. 

-Não sei. -A voz dela soou trêmula. -Eu fui correr e quando voltei encontrei tudo revirado. 

-Você entrou? -Ela negou com a cabeça. -Tá. Vem, vamos pra minha casa e lá a gente pensa em algo, tá bom? -Ela assente. 

Molly tranca a porta, e segue Rogério pelo corredor se dirigindo até seu apartamento. Assim que adentra se sente um tanto familiariada com o mesmo visto que é praticamente identico ao seu, modificando apenas a mobilia. 

-Aqui, um pouco de água. -Diz oferecendo à jovem que ainda respira com certa dificuldade. 

-Obrigada. -Ela responde após pegar o copo. 

-Sente-se e me explique o que houve. -Ela o faz. 

-Eu saí pra correr e quando voltei tudo estava revirado, não sei o que houve. -Ela termina de beber a água. -Meu Deus, Rogério, A Emma e o Adam vão voltar para o nosso apartamento, eles não podem. 

-Calma, eu vou ligar para ela. -O rapaz pega o celular em seu bolso e o desbloqueia, procura pelo contato salvo em seu aparelho e em questão de poucos segundos está ligando para ela que atende no terceiro toque. -Oi, a Molly saiu pra correr e quando voltou a casa toda estava revirada, ela ainda não sabe o que aconteceu, e provavelmente iremos fazer um boletim, então quando você e seu namorado retornarem venham para o meu apartamento. 

Emma concorda do outro lado da linha. Rogério encerra a chamada. 

-Pronto, vai ficar tudo bem. Você precisa ficar calma. 

Ela assente, mesmo que saiba que provavelmente isso não ocorrerá. 



Obsessiva Paixão (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora