Capítulo 9

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        Gustavo passou a noite com Maiara, e Luiz voltou pra casa pra ficar com a Liz. Gustavo ficou se perguntando sobre o que Luiz queria falar com ele, mas tentou esquecer por hora. A madrugada foi tranquila, as dores de Maiara passaram, e agora eles já tinham voltado pra casa. Segundo a médica, ela não iria mais sentir dores, e não iria mais dilatar porque o remédio parou o progresso do trabalho de parto. Mas se alguma dor voltasse a aparecer, eles teriam que ir ao hospital outra vez.

    Almira foi pro hotel como pediu a Maraisa, e pegaria o vôo ainda hoje. Ela percebeu que precisava descansar e pensar um pouco, mas depois de tudo que ouviu da filha mais velha, soube que realmente estava errada. Ela entendeu que realmente tinha dito coisas ruins, mas não queria ir pedir desculpas pra Maiara, sabia que agora não era a hora certa. O pai das meninas acabou indo embora também, e o irmão precisava trabalhar; então ficou só as crianças, a babá, Wendell e Maraisa.

    O dia parecia estar em preto e branco pra eles. A cada segundo que passava, a cabeça de Maraisa pensava mais em tudo que aconteceu. Seus pensamentos estavam uma bagunça, as vezes quando ela fechava os olhos, a única coisa que conseguia sentir era a sensação de todas aquelas pessoas tocando nela. A sensação era horrível, dormir foi difícil já que os pesadelos estavam presentes em todos os momentos. Durante a noite ela acordou diversas vezes suando frio, e todas as vezes ela tentou disfarçar pra não acordar o Wendell, mas não deu muito certo.

    Flashback started |

    Seu olhos abriram e suas mãos foram pro pescoço como se tentasse impedir alguém de sufocar ela. Sua respiração estava desgovernada, de longe daria pra ver o movimento que seu peito fazia. Seu corpo inteiro suava frio e suas mãos tremiam de um jeito agoniante. Ela se levantou ignorando toda a dor que sentia no corpo, e foi ao banheiro. Ela fechou a porta com as costas, e assim que levantou a cabeça viu seu reflexo no espelho. Ela conseguia ver tudo naquele reflexo, menos ela.

    Suas mãos começaram a tremer violentamente, e seu corpo inteiro se arrepiou quando ela fechou os olhos e lembrou de tudo. Wendell se mexeu pra puxar a esposa mais pra perto e verificar se estava tudo bem, mas viu que ela não estava na cama. Ele se assustou de início, olhou ao redor e não viu nada que desse sinal de onde ela estava. Ele se levantou, foi ao closet, e assim que estava voltando pra cama viu a luz do banheiro ligada. Ele suspirou, e com muita calma bateu na porta.

    – Vida? – Bateu outra vez – Me deixa entrar. Eu sei que tem algo de errado.

    Maraisa respirou fundo diversas vezes; sua vontade era sair dali e fingir que estava tudo bem. Ela não respondeu ele, não conseguia. Sua cabeça estava uma bagunça, estava pensando rápido demais. Ela olhou pro seu reflexo outra vez, respirou fundo, e abriu a porta. Wendell abraçou ela quando olhou seu rosto vermelho, e acariciou seus cabelos.

    – Oh meu amor – ele disse baixo. – Tá tudo bem. Eu tô aqui. O que aconteceu? Hum? Outro pesadelo?

    – Sim.

    – Deveria ter me avisado. Não gosto da ideia de você ficar sozinha. Vamos passar por isso juntos, lembra? – Balançou a cabeça – Vamos pra cama.

    – Não quero dormir.

    – Você não dormiu, se assustou o tempo todo. – Ele acariciou o rosto dela. – Vamo, vou cantar, te fazer carinho, contar história, o que você quiser. Mas preciso que descanse.

    – Tá bem.

    Wendell levou ela pra cama, e depois de ter certeza que ela estava confortável começou a cantar. Ele acariciava os cabelos dela, secava suas lágrimas, e cantava quase que em um sussurro. Ele não pregou os olhos, mas ela finalmente havia conseguido dormir.

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