Depois De Tudo

Capítulo 7

        Maiara saiu em desespero do hospital. Ela só queria sair dali, queria andar mesmo que sem rumo. Só queria não está ali; no lugar onde viu sua irmã quase morrer tantas vezes. Almira e Marco não conseguiram alcançar ela, quando viram ela já estava longe e, com certeza não ouviria se eles chamassem. Ela estava andando em direção a saída com a cabeça a mil. Ela tinha medo de perder a irmã, tinha medo de perder a metade do seu coração. Porque é isso que Maraisa é pra ela.

    Maiara começou a se imaginar em um mundo sem sua metade, e só de pensar naquela hipótese ela se sentia sufocada. Ela sentia como se fosse morrer, apenas em cogitar, viver sem a irmã. Seu coração disparou e as lágrimas incontroláveis caminhavam pelo seu rosto. Ela estava prestes a sair quando esbarrou em alguém. Ela pareceu despertar do transe, limpou o rosto – mas as lágrimas continuaram a cair – e olhou pro rosto da pessoa.

    – Desculpa, eu...

    Quando ambos se reconheceram, se calaram. Era Gustavo.

    – Você tá chorando?

    Maiara não conseguiu responder. Seu choro só ficou mais intenso e Gustavo abraçou ela na intenção de acalmar um pouco do que ela estava sentindo. Maiara abraçou Gustavo forte, e ela sentiu como seus batimentos estavam acelerados.

    – Me leva pra casa. Por favor, Gustavo. Me tira daqui.

    Sua voz saiu como um sussuro engasgado em meio ao seus soluços de choro. Gustavo não perguntou nada, ele apenas guiou ela pro carro e foi em direção a casa dela. Eles não falaram nada o caminho todo, na verdade, ele não sabia o que falar. Não sabia o que tinha acontecido, então ficou com medo de falar alguma coisa e ser totalmente diferente do que ela precisava ouvir. Maiara foi chorando o caminho inteiro, sua cabeça estava de cabeça pra baixo. Ela se culpava por dizer tantas coisas a irmã, mas ao mesmo tempo se sentia leve por ter sido totalmente realista com ela.

    Chegando em casa Gustavo entrou junto com Maiara, que correu pro quarto e se jogou na cama gritando contra o travesseiro. Gustavo se assustou com o jeito que a ruiva estava nervosa, e assim que tirou seus sapatos, se deitou do lado de Maiara. Ela abraçou ele em desespero, ela só queria se sentir protegida de alguma forma.

    – Meu amor, calma. Respira! – Gustavo falou – Respira! Eu tô aqui com você. Tô aqui!

    Gustavo abraçava ela da forma mais carinhosa que conseguiu. Maiara sentiu verdade nas palavras de Gustavo. Ela se sentiu totalmente confortável ali, nos braços dele. Seus braços lhe traziam uma sensação boa, de conforto, segurança; isso. Segurança. Maiara se sentia segura com Gustavo ali. Aos poucos ela foi se acalmando, e após contar tudo pro Gustavo ela resolveu ir pro banho. Maiara chamou ele pra ir junto, e eles ficaram ali, abraçados um ao outro debaixo do chuveiro, apenas sentindo a presença um do outro.

    Ali não havia maldade em nenhum dos dois lados. Na verdade, a única coisa que existia naquele momento era admiração, e amor. Muito amor. Maiara jamais poderia imaginar que seria Gustavo que iria acalmar suas crises, em sua cabeça séria sempre o Luiz. Mas com aquilo ali ela entendeu, que os ciclos vão mudar, mas independente disso, vai sempre existir alguém que vai te acalmar quando você mais precisar. E as vezes, esse alguém, é a pessoa que você menos espera.

    – Obrigada por estar aqui. – Ela falou quebrando o silêncio – Eu não sei o que faria.

    – Você não precisa agradecer. – Beijou entre seus cabelos – E precisa se manter calma, mesmo quando as coisas estiverem de cabeça pra baixo. Você divide o corpo com outra pessoa, e precisa se manter calma, por ela!

    Maiara assentiu com a cabeça em seu peito.

    – Eu sei. Mas hoje foi quase impossível.

    – Tá tudo bem! Não se culpe por isso, tem dias que são piores que os outros. E o essencial nos dias ruins, é alguém pra te acalmar e não te deixar surtar! Assim tudo fica mais leve.