Capítulo 10

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        Como havia dito, Luiz deixou Liz com Maiara, e foi pra casa em seguida. A pequena já conhecia o, Gustavo, e o amava. Gustavo sempre se deu muito bem com crianças, ele ama a energia delas, ama as conversas aleatórias, os sorrisos. Ele ama ser criança perto de uma criança. Assim que Liz chegou, ela brincou um pouco e dormiu em seguida. O soninho da tarde era lei, principalmente depois do almoço. Maiara e Gustavo estavam no quarto, conversando sobre os gêmeos, e estudando o caso.

    Desde que Marilia saiu da casa de Maraisa, ela não parava de pensar no que descobriu. Sua cabeça martelava rápido demais, ela queria poder fazer alguma coisa, queria poder levar a amiga a uma pscicologa e obriga-la a fazer um acompanhamento. Mas sabe o quanto ela é cabeça dura, jamais faria algo que não quisesse. Wendell havia marcado as sessões de fisioterapia e elas começariam agora. Ele estava esperando a médica chegar.

    – Vida, não preciso disso.

    – Claro que precisa. Cê mal tá andando! Não teima comigo. – Wendell falou.

    – Eu não to andando porque tô fraca e com dor. Não precisa de fisioterapia, me deixa na cama. – Ele negou.

    – Não. Cê vai levantar e vai me ajudar a te ajudar! – Ela respirou fundo – Por favor, amor, por favor. Eu preciso de você bem, me sufoca te ver assim.

    – Eu tô bem. Tô viva, não é o que importa? – Perguntou se alterando – Eu não sei o que mais você quer que eu faça.

    Maraisa se sentia um poço. Sentia tudo ao mesmo tempo; raiva, dor, tristeza, nojo, vazio, tudo junto. Ela queria poder apagar aquele momento da memória dela, queria esquecer que aquilo aconteceu. Ela se questionava e muitas vezes se culpava por ter sido estuprada. Mesmo com tantos casos que já acompanhou de perto, parecia que nunca tinha visto aquilo. A sensação era de algo novo, mas na verdade não era. Ela sofria todas as vezes que pegava um caso desses, sofria pela vítima. E agora ela é a vítima, e não quer que ninguém sofra por ela.

    – Tudo bem, não precisa ficar nervosa. – Ele se levantou – Vou ligar pra médica e desmarcar a consulta!

    – Não! Não, amor. Desculpa, desculpa. – Ela passou as mãos no rosto – Eu...ai meu Deus, me desculpa!

    Wendell se assustou com seu choro repentino, mas ignorou a confusão que tinha dentro da sua cabeça, e abraçou a esposa.

    – Me desculpa, amor. Eu não deveria ter descontado em você. Eu sinto muito.

    – Shiii. Para de se desculpar. – Beijou seus cabelos – Tá tudo bem!

    – Eu só... – ele levou um dedo aos lábios dela.

    – Tudo, bem! Não fala mais nada.

    Quase 10 minutos depois Wendell conseguiu acalmar ela. Agora ele estava ajudando ela a se vestir depois de tomar banho – que foi uma luta – e estavam esperando a médica. Na maior parte do tempo Maraisa se sentia um peso por precisar de ajuda pra tudo, mas não queria demonstrar isso. Queria evitar ter que falar sobre seus sentimentos com qualquer pessoa. Ela vestiu uma roupa que fosse confortável, e que desse pra fazer qualquer coisa que a médica pedisse.

    – Licença. A médica chegou.

    – Pede pra ela subir? Por favor! – Lívia assentiu.

    – Sim, com licença.

    Lívia é a babá das crianças, mas também faz as coisas em casa. Antes eles tinham contratado uma pessoa pras crianças e outra pra casa, mas as crianças cresceram e não dão mais trabalho como antes. Os dois são muito tranquilos, mesmo a Luisa sendo um pouco mais elétrica, ela não dá trabalho. Logo a médica entrou no quarto e se aproximou deles.

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