𝗗𝗲𝘀𝘁𝗶𝗻𝘆

𝗰𝗮𝗽𝗶́𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟬𝟭

𝗩𝗶𝗰𝘁𝗼𝗿 𝗔𝘂𝗴𝘂𝘀𝘁𝗼🥀

Um péssimo pai. É isso que eu sou, um pai terrível.

Maldito jogo de futebol! Me distrai por cinco minutos e minha filha cortou a testa.

——— Está doendo papai.——— Lily apoia a cabeça no meu ombro e funga.

Afago seus cabelos e beijo o topo de sua cabeça.

——— Vai ficar tudo bem, neném. Nós chegamos no hospital.

As portas automáticas do hospital se abrem e eu vou rapidamente até uma enfermeira. Quando me aproximo, ela me olha com atenção.

——— Minha filha cortou a testa e está saindo muito sangue.

——— Ok, eu preciso que você de as informações pessoais dela na recepção e logo ela será encaminhada para um leito e algum médico irá cuidar disso.

Agradeci e fiz o que ela pediu. Em alguns minutos estávamos em um leito, Lily estava sentada na maca e eu ao seu lado.

A cortina se abriu e uma moça de jaleco branco entra. Ela era baixa, pele clara e os cabelos castanhos.

——— Boa noite! ——— sorriu gentilmente para mim e olho em direção a minha filha ——— O que aconteceu com essa princesinha?

——— Eu caí e fiz dodói na minha cabeça.——— Lily disse de forma manhosa e coçou o olhinho.

——— Oh meu Deus, que chato. Pode deixar que eu vou cuidar de você, princesa. Qual é o seu nome?

A médica começou a preparar algumas coisas.

——— Lily, e o seu???

——— Me chamo Bárbara, mas os meus amigos me chamam de Babi. Pode me chamar de Babi, Lily. ——— ela levantou uma seringa com sua mão ——— vou precisar dar uma anestesia em você, será só uma picadinha e aí você não vai sentir mais nada e logo logo você vai estar novinha e folha, prontinha para ir pra casa com o papai.

——— Tá bom...——— Lily concordou mais fácil do que eu imaginava. Pensei que ela fosse fazer uma birra antes.

Durante todo o processo Lily ficou conversando com a médica e não chorou uma hora se quer, o que me deixou um pouco surpreso.

No final ela já está com os pontos na testa e um curativo por cima.

A médica tira suas luvas e se aproxima de mim.

——— Aparentemente está tudo bem, mas como ela bateu a cabeça, eu gostaria que ela ficasse em observação até amanhã na hora do almoço, talvez possa haver alguma concussão e durante essa madrugada, levaram ela para fazer um raio-x. Lily será encaminhada para um quarto.

——— Ok, tudo bem! ——— falei um pouco preocupado.

A morena se vira para minha filha de novo e sorri.

——— Preciso ir, princesa.

——— Ah não, Babi. Fica mais um pouquinho comigo. ——— a pequena faz um beiço.

——— Eu adoraria, mas eu tenho que cuidar de outros pacientes. Nós vamos nos ver durante essa noite ou talvez amanhã cedo, ok.

——— Ok...

A morena acena para Lily e sai do leito.

Depois que a médica saiu do quarto, uma outra veio buscar Lily para fazer um raio-x, depois fomos encaminhados para um quarto.

Lily dormia tranquilamente na maca e eu estava sentado em uma cadeira, com os braços cruzados.

Já era aproximadamente duas da manhã e a médica morena de mais cedo entrou no quarto, vestida com uma roupa diferente do que antes.

Ela não usava mais o uniforme e o jaleco, agora ela estava com uma calça jeans preta, uma blusa lisa branca, uma jaqueta de couro e um coturno preto nos pés.

Claro que quando ela examinou Lily, eu não deixei de notar que ela era uma mulher bonita e atraente.

——— Oi. ——— ela sorriu de lado e caminhou até onde Lily estava deitada ——— as enfermeiras estavam vindo aqui com frequência?

——— Estão sim, hora ou outra elas vem aqui para olhar ela.

——— Ótimo ——— ela pega um estetoscópio em seu bolso e auscultou Lily, depois fez mais alguns exames, no fim, se aproximou de mim —— você já comeu algo? Está tarde.

——— Ah, ainda não. Eu fiquei tão preocupado que nem lembrei de sentir fome.

——— Deve se alimentar, Lily está bem. Vou jantar agora no refeitório, se quiser me acompanhar.

Mordo o lábio e olho para a minha filha na maca. Eu não sei se seria uma boa deixar ela ali sozinha.

——— Se não quiser ir tudo bem, mas aqui está cheio de médicos que vão ficar de olho nela o tempo todo.

Respiro fundo.
——— Tudo bem, vamos.

O refeitório ficava no andar de cima, fomos até lá conversando coisas casuais. Quando chegamos, pegamos o que queríamos comer e nos sentamos uma mesa livre.

——— A sua filha é uma ótima garotinha. ——— ela falou e deu um gole em seu suco.

——— Sim, ela é. ——— abro um sorriso——— hoje eu fiquei me sentindo tão culpado por ela ter se machucado!

——— Não deve se sentir culpado, crianças se machucam o tempo todo. Acredite, eu atendo inúmeras crianças na emergência por dia.

——— Eu sei, mas...É que como eu a crio sozinho, eu tenho medo de estar falhando com ela. Fico com dúvida o tempo todo sobre estar fazendo o certo ou não.

——— Eu tenho certeza que você é um ótimo pai, eu vejo isso pela forma que sua filha é. É normal ter medo as vezes, mas você deve confiar nos seus instintos.

Molho os lábios e confirmo com a cabeça, desviando meu olhar para meu sanduíche.

——— Vai embora? ——— mudei de assunto.

——— Ah sim, meu plantão acabou e vou ir para casa dormir. Tenho que está aqui pela manhã, novamente.

——— Meu Deus, você mau dorme. Se eu não tiver as minhas oito horas de sono, fico de mau humor o dia todo.

——— Acabei me acostumando com a rotina, nada que um café não resolva. ——— Ela sorriu.

Continuamos conversando coisas casuais durante uns vinte minutos, até que acabássemos de comer.

——— Bom, eu tenho que ir. ——— ela se coloca de pé ——— não perguntei seu nome, qual é?

——— Me chamo Victor. ——— me coloco de pé também e estendo a minha mão em sua direção ——— foi um prazer.

——— Digo o mesmo ——— ela aperta a minha mão.

——— Vou te ver amanhã? ——— pergunto.

——— Provavelmente. ——— soltamos nossas mãos e a morena coloca uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. ——— Tchau.

——— Tchau.

Ela gira os tornozelos e caminha para fora do refeitório. Faço o mesmo e volto para o quarto de Lily.