Discussões

201 20 17
                                    

— Então é isso mesmo? Acabou? — Sua voz saiu cheia de ódio e tão fria.

— Não bote palavras em minha boca! Eu nunca lhe disse isso.

— Não podemos continuar com isso, claro casais brigam, mas não o tempo todo.

— Novamente tentando colocar palavras em minha boca. Tenha calma e paciência, estamos passando por momentos turbulentos em nossa vida.

— Você diz isso a tempos e olha cá estamos! Desabando nesse amor inútil!

Essa última parte saiu de seus lábios sem pensar nas consequências, Bárbara arregalou os olhos aquelas palavras haviam sido tão duras.

Amélie quase não viu quando o vaso de flores se espatifou no chão, os cacos espalhando por todos os cantos.

— Para mim seu amor era o que mais significava para mim, mas se você diz que ele era inútil, bom para vocês!

Amélie abriu a boca para dizer algo, procurando as palavras, mas era tarde demais Bárbara havia se ido.

A briga acalorada deixou o quarto frio, Amélie viu as lágrimas nascendo em seus olhos e logo descendo por seu rosto.

[...]

Passou-se uma hora, duas e nada de sua amada. Geralmente elas brigavam, mas passava menos de uma hora e ambas estavam abraçadas na cama conversando adequadamente sobre o assunto.

O calor do momento nunca era hora para conversar sobre algo, quando estamos calmo aí sim.

Mas Amélie estava esperando e esperando, mas apenas continuava sozinha em seu quarto. Quanto mais se passava, parecia que o tempo estava parado e que demorava a passar.

Durante esse tempo todo, Amélie surtou e chorou e buscou ocupar sua mente, mas seu pensamento ainda pairava sob ela.

As mensagens enviadas caiam na caixa postal, algumas sendo visualizadas, já outras nem mesmo entregues eram.

Ela não conseguiu comer nem muito menos adormecer, sentia que uma parte de sua cama estava vazia. Não havia um corpo ao seu lado e nem mesmo agarrado ao seu, ela não tinha alguém para vê-la dormir e traçar seu rosto delicado.

Era apenas ela…. Sozinha num quarto escuro e melancólico.

Virada para parede olhando a janela que dava para varanda, a mesma estava aberta e dava uma visão belíssima da lua cheia. Ela mal escutou o som da porta se abrindo, só percebeu quando sentiu o peso do outro lado da cama.

Bárbara se deitou olhando para o teto sem saber como iniciar aquela conversa, era difícil e ela não queria ter que iniciar aquilo.

Por sua vez, traçou os braços e trouxe Amélie para perto, a abraçando e se escondeu na curvatura do pescoço de Amélie. A carência se misturava a seriedade, ela tinha levemente o medo de não ser correspondida.

— Eu não quis dizer aquilo… você sabe… as coisas ficam difíceis quando tudo está acalorado — Amélie sussurrou.

— Você nunca diz vagamente, você só diz coisas que são verdadeiras — A voz de Bárbara soava fria como gelo.

— Isso não é verdade, Olivier é a prova disso, eu sempre acabo falando palavras duras para ele — Sentiu seu peito apertar.

— Talvez seja… eu não sei mas no que pensar! Eu acreditei que me amasse.

— E eu a amo, não quero que ache que não a amo, talvez nosso amor tenha se quebrado, mas podemos juntar os cacos e cuidar dele novamente.

Ela disse esperançosa, a menina de cabelos dourados, por sua vez a abraçou mais ainda como se buscasse se manter firme.

— Nosso amor não foi quebrado, Amélie... Ele foi dilacerado e desta vez... Eu não sei se — A palavra parece ficar presa na garganta da mulher e ela não tem coragem de dizer aquela palavra.

Alguns têm medo de dizer as três palavrinhas, mas elas tinham medo de dizer que o final estava próximo, mas ainda havia chance de se reerguer.

— Não diga isso! Por favor! — Amélie a abraçou fortemente e a trouxe a trazendo para perto — Eu vou mudar e iremos fortalecer o nosso amor, não podemos ser pessimistas.

Bárbara pensou que o rosto de Amélie se encheu de esperança, meio receosa ela assentiu com a cabeça, apesar de saber que não seria preciso mais uma chance e que seriam diversas dela.

Aliás o amor é feito de recomeços e tentativas, ninguém nasce sabendo e nem muito conhece tudo sobre o amor.  Amar é ter paciência por si e pelo próximo

Suas brigas acabariam sempre assim ou em carícias ou em um sexo violento, mas naquela noite elas apenas se seguraram uma na outra como se não quisessem soltar uma a outra.

[...]

Na manhã seguinte a primeira a acordar foi Amélie e ela sorriu quando viu as pegadas do coelho ao lado do pé da cama. Isso era algo tão bobo e infantil, mas era algo que ela amava.

Sua mãe, Angelina, sempre dizia que faria isso até que ela tivesse um neto aí faria isso para ele, segundo ela tinha aprendido com a drag queen Katya Zamolodchikova.

" Se você tem um bebê, você não pode ser o bebê", a frase da drag queen parecia ter se instalado na mente de sua mãe.

Bárbara se remexeu na cama e agarrou o travesseiro em busca do outro corpo que estava ao seu lado, mas não achou. A menina se obrigou a abrir seus olhos, enquanto eles buscavam se acostumar com a claridade, Amélie a olhava.

Todos os dias ela se apaixonava pela menina de cabelos dourados, cada dia a trazia algo para amar. Suas sardas, seus sorrisos, seus lábios, o seu riso… eram tantas as coisas que ela amava e listar isso seria uma eternidade e ninguém nunca conseguiria compreender o porquê de Amélie amar.

— Bom dia, meu amor…. — Beijou a testa de Bárbara — Eu acho que o coelhinho passou por aqui!

A animação de Amélie a fez sorrir, Bárbara levou suas mãos para as bochechas rosadas de Amélie e as segurou e então trouxe Amélie para perto para um beijo desajeitado.

— Agora sim é um bom dia! Vamos levantar para o meu amor achar os ovos que o coelho trouxe — Deu um sorriso singelo.

Após se arrumar e calçar os sapatos, Amélie correu escada abaixo ao seu lado Milo também corria. Ambos tentando ver quem os encontraria mais rápido.

Bárbara e Olivier observavam com um sorriso no rosto vendo o pequeno caos matinal, Angelina esperava na cozinha.

As cestas coloridas e feitas delicadamente a mão para cada um estava à mesa. A de Bárbara possuía apliques de flores e era na cor branca como o lírio, o de Milo tinha bichinhos do mar e era azul.

Amélie era roxa e tinha violetas e por fim a de Olivier, a cesta azul e com alguns pokémons. Sim ela havia pegado coisas que sabia que eles amavam e os colocado.

Milo estava tão animado, sua infância nunca fora assim, ele sabia que sua condição não era das melhores, mas seu pai tinha feito de tudo por ele e ele era eternamente grato.

Assim como era grato por Angelina proporcionar aquilo para eles.

Bárbara estava animada… para ser honesta essa era a primeira páscoa que ela tinha. Sua mãe nunca se importava com esses momentos, ela não se lembra de uma vez em que sua mãe tinha preparado algo semelhante.

Angelina sorriu vendo o brilho nos olhos dos brasileiros e então apenas falou já. De repente os quatros corriam pela casa atrás dos chocolates e ovos de páscoa.

Houve discussões de brincadeiras, empurrões e muita gritaria, mas também muitos momentos gostosos como as risadas ao ver Amélie caindo no chão após tropeçar.

Sorrisos ao ver Milo achar chocolates e colocar rapidamente na cesta como se alguém fosse pegar.

Montei se aproximou da mulher que estava na porta e a abraçou de lado vendo as crianças procurando chocolates pelo jardim imenso.




Mansão Florence - Barbelie e MilovierOnde histórias criam vida. Descubra agora