Olho para as minhas mãos, elas estão com um esmalte, da cor preto e minhas pulseiras, meu cabelo voltou a ser moreno iluminado e ondulado. Meu peito e bunda sumiram e, eu to com a minha aparência de 2005 de novo.
— Isso é um sonho, certeza. É alucinação —— Eu digo, vejo o meu quarto, todo bagunçado, minhas roupas típicas de 2005.
— Caralho, mas que sonho realista. Até as roupas, tá de parabéns subconsciente. E do nada, parece que eu tive um Dejavu, o mesmo som de ligação toca, do nada. Mas agora é do despertador.
— ANAAAAAAAAA. Minha mãe grita.
A Luísa entra no meu quarto, ela tá com a aparência de dezesseis anos também, incrível como minha irmã sempre foi linda, bem mais que eu, ela tenta andar no meu quarto, mas faz uma cara de nojo ao ver a bagunça dele.
— Ana, a mãe tá furiosa com você, não acredito que você não tá pronta ainda, seu quarto tá um ninho de rato, vai colocar uma roupa, como sempre, atrasada.
— Roupa pra que? Tá louca?
— Como assim roupa pra quê, sua louca. É hoje que o primeiro ano começa, toma cuidado com os meninos do terceiro, eu tô na mesma sala que eles, como eu tô ficando com o Vinnie, talvez eles fiquem de boa com você, se esconde num lugar bom, e coloca uma roupa decente, pra não ser zuada, agora vai. Rápido Ana. —— Ela sai do quarto.
Meu deus, hoje é o dia do trote, não acredito que vou viver isso de novo, eu não acredito.
Eu abro o meu guarda roupa, e me deparo com um monte de roupas velhas, de um estilo ultrapassado.
— Tá, vamos tentar fazer algo com isso, só tem coisa velha aqui. Acho que eu vou colocar essa Saia preta, e essa blusa. E meu Deus.. O All Star que eu tava usando no dia do casamento da Lu. Esse vai ser a minha roupa. Com certeza. Eu tô tão linda.
Eu me deparo, com o meu Floguinho, o Instagram da época, e lá, tinha a minha primeira foto, pronta pra ser publicada, só faltava a legenda.
Floguinho on.
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" primeiro dia de muitos no presídio, muito feliz🤙🏻✌🏻 só que não. "
Vai ficar assim mesmo, eu adorei, espero receber alguma curtida quando voltar da escola. Eu desligo o computador, e eu vou escovar os dentes e fazer as minhas necessidades.
— Tô pronta, Lu. Nem demorei.
— Pega essa bolacha Ana, não dá tempo de comer, pega a sua mochila e vamos, pelo amor de Deus, antes que o papai reclame.
— Perai? O papai?
— Sim? O papai, vamos, Ana Beatriz, para de enrolar, ninguém vai fazer trote com você, boba.
Se eu tiver certa, vão sim, pode ter certeza.
Nós pegamos as nossas bolsas, a minha era preta e da Lu rosa chock, eu acho que todo mundo era meio emo em 2005, caramba.
Andando pra escola, eu vejo a estatua de Imperatriz, e uma vendinha de Chockers de tatuagem no pescoço, e colares de melhor amiga. Eu tô em 2005 mesmo, caramba. Que nervoso. Que sonho realista, eu devo tá internada na minha vida original, certeza.
A nossa escola era muito grande, era a única escola de ensino médio de Imperatriz, a cidade é tão chata e pequena que todos entre 16 e 18 anos estudavam lá. Ela era cheia de janelas, com umas escadas, e sim, eu tava certa, todos eram meio emos. Eu tô louca pra ver o meu pai, a Bella, e o Henrique.
As amigas de Luísa vem cumprimentar ela, elas dão um beijo de bochecha, e me dão oi a amiga de Luísa diz;
— Vi sua foto no Floguinho, dei um like lá, passa na minha foto também depois.
Eu dou um sorriso pra ela e assinto com a cabeça, elas começam a conversar, e eu me sinto excluída, os assuntos delas são nada a ver mesmo. E outra, a vagabunda que beijou o Eduardo no casamento da Luísa tava lá, a minha vontade era de quebrar a cara dela. A Luísa me olha com cara feia.
— Ah, essa é a hora eu eu vou procurar as minhas amigas né? Entendi. —— Eu digo, para que só ela possa escutar.
Ela assente. E eu saio.
— ANITAAAAAA. Eu escuto alguém gritando, e consigo reconhecer a voz, me sinto aliviada. Meus amigos de novo. Esse é o melhor sonho da minha vida.
