O5. unexpected

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Já passava das nove da manhã e a delegacia estava uma agitação tremenda. Heloísa havia praticamente dormido lá, precisou voltar antes do dia clarear para realizar uma prisão de um estelionatário que havia sido pego em flagrante. Todos os trâmites estavam nos conformes e ele estava detido. Sem perder tempo algum, a delegada queria deixar tudo pronto para conseguir sair cedo da delegacia e descansar. Creusa havia retornado das férias e a rotina de antes já estava de volta.

Enquanto assinava os documentos da prisão em sua mesa foi avisada por Barros que agora era seu delegado adjunto que o advogado do camarada estava na delegacia.

– Doutora, o advogado chegou! - ele avisou já sabendo que viria algum salseiro pela frente.

– Estava demorando...manda entrar, manda entrar! - ela bufou retirando o óculos e se ajeitando em sua cadeira.

– Bom dia! - o homem atravessou a porta e quando a reconheceu, retirou os óculo escuros do rosto sem acreditar.

– Era só o que me faltava! - ela disse incrédula quando viu Stênio.

– Pode se sentar, Dr. Alencar. - Barros o orientou enquanto saia da sala e fechava a porta.

– O que você tá fazendo aqui? - ela perguntou sabendo o que ele fazia mas ainda desacreditada.

– Vim liberar meu cliente, Doutora. Prazer. Advogado de defesa do Santiago! - ele estendeu a mão antes de se sentar.

– Você? Advogado de defesa de um bandido? Inacrê! - ela disse o deixando no vácuo. – Pode se sentar, por favor. - a delegada disse seriamente.

– Porque a surpresa? Não acha susto que todos tenham direito de defesa? - ele a indagou.

– Acho, acho sim...Só não imaginei que você fosse desse tipo! - ela disse dando de ombros.

– “Desse tipo”? - ele repetiu a frase dela e deixou escapulir um sorriso.

– Enfim, vamos ao que interessa...Trouxe a documentação? - ela disse sem mais delongas.

– Está tudo aqui. O pedido de hábeas corpus foi aprovado. Logo, meu cliente está livre. - ele simplificou a deixando boquiaberta.

– Livre? Rá! Você só pode estar de brincadeira. Esse cara tá na minha mira faz muito tempo. Impossivel! Me dá isso aqui. - puxou o papel da mão dele já sem paciência.

Enquanto ela verificava a documentação ele a observava. Ele riu em alguns momentos com certas reações que ela esboçou. Não sabia porque mas ela causava algo muito diferente nele. O caso não era dele, mas quando ele viu o nome dela no documento sobre a prisão do homem ele logo lembrou do que o filho contou e imediatamente tomou posse do caso. Queria vê-la novamente. Quem sabe talvez agora ela aceitasse pelo menos um café. O que ele não imaginava, é que ela odiava advogados de defesa, principalmente os que soltavam os casos mais difíceis que ela tinha.

– Então...vai liberar o cara? - ele disse debruçando na mesa.

– BARROS! - ela o olhou por cima do óculos enquanto gritava o parceiro.

– Doutora...- Barros disse na porta.

– Leva o Doutor até o cliente dele. E avisa que ele vai passar o dia e a noite no xadrez. - ela orientou, deixando Stênio completamente tonteado. Não era possível. Ela tinha que libera-lo era ordem do juiz.– Tá bom pra você? - ela perguntou em ar de deboche.

– NÃO! Você não pode fazer isso! - ele esbravejou enquanto olhava para ela e Barros.

– Posso e vou fazer. Ele fica essa noite e amanhã está liberado. Antes de você aparecer aqui, eu já havia falado com o juiz. Ou você acha, que iria chegar aqui e seria fácil desse jeito? - ela disse enquanto se levantava para acompanhá-lo até a porta.

one fine day | {steloisa}Onde histórias criam vida. Descubra agora