O3. first meet

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Eram 7:30 da manhã e a agitação na casa de Helô já estava instalada. Creusa estava de férias e ela estava sozinha com Júlia, a menina já estava com oito anos e estudava no horário da manhã. A delegada todos os dias antes de ir para a delegacia à deixava na escola e depois seguia o caminho para o trabalho.

– Vamo, Jujuba. Temos que sair, só tem meia hora pra você chegar a tempo na escola! - ela disse terminando de ajeitar a lancheira da menina e guardando suas coisas na bolsa ao mesmo tempo.

– Tô pronta, mamãe. Só vou escovar os dentes. - a menina terminou o café e correu em direção ao banheiro.

– Tá bom, meu amor. - ela disse tentando aparecer calma mas estava há mil por hora, como sempre. - Que saudade, Creusita. Que saudade. Ainda bem que você tá voltando! - ela falou sozinha enquanto terminava de se arrumar.

Ela havia optado por uma calça de couro, uma transparência preta e um par de botas, o tempo estava nublado na cidade então colocou uma jaqueta também de couro para fechar o look bem. O cabelo em um rabo de cavalo e muitos acessórios como de praste. Quando saiu do quarto Júlia estava sentada no sofá, pronta a sua espera.

– Vamos, bichinho. Estamos atrasadas. - ela disse atribulada saindo com tudo porta a fora. A menina já era acostumada com o trejeitos da mãe mas sempre achava engraçado a forma como a delegada era desajeitada com certas coisas, ainda mais sem a Creusa por perto.

As duas chegaram na escola no horário certo, faltavam 10 minutos para a menina entrar. Saíram do carro e ficaram no aguardo na porta da escola, era o primeiro dia após as férias de carnaval, não poderia ter atrasos e Júlia odiava se atrasar, assim como Heloísa.

Enquanto aguardavam, outros pais foram chegando e inclusive um amiguinho de Júlia, a menina quando avistou o menino saiu correndo para abraca-lo, os dois haviam se conhecido nas voltas as aulas de janeiro, ela foi uma das primeiras amiguinhas dele na escola, já que era seu primeiro ano, e a menina já estudava ali desde quando Heloísa a adotou e ela teve idade para ser admitida.

– Júlia, não corre. Inacrê! - Helô disse quando viu a menina saindo de seu lado e correndo em direção ao menino. A delegada ficou observando a filha e o amiguinho e percebeu que Júlia havia falado algo sobre ela para os dois, de longe avistou o pai do menino junto com ele e acenou para ele com a cabeça, não quis ser mau educada. A menina voltou correndo para pegar a bolsa dentro do carro pois já estava na hora de entrar. – Quem é esse menino? Nunca vi ele por aqui! - ela perguntou ajudando a menina colocar a mochila nas costas.

– É o Pedro, ele é novo na escola. Aquele é o pai dele. Ele é meu amigo! - a menina explicou para a mãe.

– Entendi, entendi...- ela disse acompanhando a menina até a porta da escola. – Te busco mais tarde. Amo você, bichinho! - ela se despediu da menina passando o nariz pela bochecha da filha.

– Tchau, mamãe. - Júlia se despediu soltando um beijo no ar e entrando acompanhada de Pedro.

***

– PEDRO!! BORA, FILHÃO! Estamos atrasados! - Stênio gritou na sala enquanto terminava de calçar os sapatos.

– Tô aqui já. Pronto. Bora? - o menino desceu as escadas correndo e apressando o pai.

– Pegou tudo? Não esqueceu nada? - ele perguntou fazendo um checklist rápido com o filho.

– Peguei tudo. Vamos! - o menino disse ansioso.

Stênio colocou o blazer para finalizar a roupa, estava sport porém chiquérrimo, o dia seria tranquilo no trabalho e ele não queria passar o dia todo enfiado no escritório. Ele pegou as chaves do carro na bancada e olhou novamente ao redor checando se não estava esquecendo de nada.

– Que saudade, Lucimar. QUE SAUDADE! - a babá estava de férias também e só voltaria no dia seguinte. A rotina das férias com o filho foi incrível mas a rotina de volta as aulas o deixa louco. Pedro estuda do outro lado da cidade e o trânsito nunca colaborava. O menino já acostumado com a correria do pai, já estava no carro esperando por ele. Stênio era péssimo com horário e Pedro tinha pavor de atrasos mas por conta da agitação do pai sempre atrasava alguns minutos.

Os dois chegaram na escola, para felicidade de Pedro, 10 minutos antes. O menino ansioso saiu do carro e ficou do lado de fora junto com o pai aguardando o horário para a entrada. Os dois foram surpreendidos por uma menina, que chegou esbaforida e abraçou Pedro por trás sem que ele visse.

– Pedro. Que saudade! - ela disse causando um sorriso no menino.

– Júlia! Também senti saudades. – ele virou-se e retribuiu o abraço. – Olha, esse aqui é o meu pai. - ele apresentou o advogado a menina.

– Oi, tio. Eu sou a Júlia. E aquela ali no carro é a minha mãe. - ela disse apontando em direção a mãe que percebeu os olhares de longe e acenou com a cabeça.

– Oi, Júlia. Prazer em te conhecer. - ele disse retribuindo a menina com um sorriso. – Mas, acho que tá na hora de vocês entrarem. Vamos? - ele entregou a mochila para o menino e a menina correu em direção a mãe.

Stênio ficou observando a mulher durante um tempo, ela era diferente das outras mães que ele havia visto por ali.

– Pedro, você já tinha me falado da Júlia mas eu nunca tinha a visto, ela é muito simpática! - ele disse ajeitando a mochila do filho e caminhando em direção ao portão.

– Ela é muito legal, papai. A mãe dela é delegada. Prende um monte de bandido. A Juju me contou antes das férias. - ele disse contando pro pai na maior empolgação.

– Delegada? Que bacana! - ele disse ironicamente. – Vai lá, filhão. Mais tarde eu busco você. Te amo, parceiro! - ele disse dando um soco na mão do filho como cumprimento.

As crianças entraram na escola e os dois quando se deram conta estavam um do lado do outro, ele sem jeito virou para o lado e a olhou, sem jeito de cumprimenta-la ficou parado, ela tinha um ar intimidador. Mas mesmo assim ele não aguentou.

– Bom dia, tudo bem? Eu sou o pai do Pedro. Amigo da sua filha. - ele disse se virando para ela e agora conseguindo olha-la de fato.

– Opa.! Bom dia, tudo bem. E você? Eu sou a mãe...da Júlia. - ela disse esticando a mão para cumprimenta-lo. Ela percebeu a forma como ele a olhava e aquilo por incrível que pareça, deixou a delegada desconcertada, o que não era comum. – Oi? Tá tudo bem com você? - ela estalou os dedos na frente dos olhos dele fazendo com que ele saísse do transe.

– Oi! Sim. Tá tudo bem. Desculpa. Foi um prazer. Tchau! - ele saiu desorientado e sem falar nada com nada, colocou os óculos e entrou no carro.

– Ih! Eu hein, cara doido. – ela disse colocando os óculos e indo em direção ao carro.

Os dois foram trabalhar, Heloísa tinha um dia corrido na delegacia o que não era nenhuma novidade e Stênio, para uma segunda feira, não tinha muito o que fazer, parecia um milagre.

one fine day | {steloisa}Onde histórias criam vida. Descubra agora