O Reencontro (Parte Final)

485 21 16
                                    

— Abi! Abi! — Eren não segurou a felicidade ao avistar o amigo desaparecido há tanto tempo, vindo em sua direção acompanhado por dois policiais locais. — Como é bom te ver, meu irmão. — Abraçou Ilgaz assim que se aproximou.

Ilgaz retribuiu o abraço, mas ainda estava um pouco aéreo com tudo o que vinha passando nos últimos meses. A reclusão, o medo de Ömer fazer algo com algum ente querido seu, principalmente Ceylin... tudo isso estava afetando sua percepção.

— Ceylin? — Foi tudo que Ilgaz consegui falar.

— Ela está bem, irmão. Ela está aqui. — Eren se acatou de Ilgaz para poder encara-lo. — Fizemos de tudo para que ela esperasse por você em casa, mas sabe como ela é... teimosa.

O promotor tentou processar a informação. Saber que está tão perto da mulher que ama o deixou ainda mais nervoso. Imaginar que Ömer ainda esteja por perto e tenha algo em mente para prejudicá-la, o deixou furioso. Cerrou os punhos ao lado do corpo e rangeu os dentes.

— Metin Amir também está aqui. — Ao notar o estado de Ilgaz, tentou desviar o foco. — Ele não deixa Ceylin sozinha um só minuto.

Os dois seguiram em direção ao local onde Metin e Ceylin estavam.

...
Aos poucos Ceylin foi recobrando a consciência, para alívio de Metin e dos policiais ao seu redor. A equipe médica, que aguardava na ambulância, foi acionada e prestaram o socorro inicial. Com o susto, Ceylin teve uma queda de pressão e acabou desmaiando, mas já estava se sentindo melhor.

— Tá tudo bem, Metin Baba. — Metin oferecia um copo com água para Ceylin, que afastava o objeto com a palma da mão. — Eu só preciso ver o Ilgaz bem.

— Filha o que você está sentindo? — A preocupação era evidente.

— Não estou sentindo nada, pode ficar tranquilo. — Sorriu para ele e tocou seu joelho. Infelizmente era mentira, a dor em sua barriga parece ter aumentado, mas isso ela resolveria depois.

Ceylin não parava de alisar a barriga, para ela funcionava como um calmante, era a conexão com Ilgaz. Pensar na filha era o que a mantinha de pé e não fazia desistir da vida.

Quando recebeu a notícia da morte de Ilgaz e foi acusada de ser a assassina, passou por sua mente dar fim à própria vida, mas naquele momento ela se empenhou em provar que jamais seria responsável pela morte da pessoa que mais amava na vida.

Pouco após provar sua inocência e sair da cadeia, sua mente ainda pregava peças de forma inconsciente e por mais que ela tivesse convicção que Ilgaz estava vivo, em alguns momentos fraquejava.

Foi assim que ela saiu de casa sozinha em uma noite de inverno, ainda não sabia que estava grávida, e dirigiu por algum tempo até chegar em uma praia de Bursa, com algumas pedras e tranquila. Sentou na areia e viu os primeiros raios de sol surgirem no horizonte, ela tentou ser forte, e foi por muito tempo, mas não aguentava mais a dor de não ter o homem que tanto amava ao seu lado. Sua vida sem Ilgaz não tinha o menor sentido e a cada dia que se passava sem o localizarem, mais sua esperança diminuía. Era impossível deitar na cama que dividiu com ele tantos momentos alegres e cheios de amor, o sofá havia virado seu espaço para dormir.

As as pequenas ondas pareciam chamar seu nome, estava praticamente hipnotizada por aquele movimento de vai e vem. Uma brisa gélida desgrenhava seus cabelos e seu coração estava cheio de dor. Levantou e foi em direção à água, sentiu quando tocou a barra de sua calça, como se fossem punhais perfurando sua pele, mas nada sangrava mais que sua alma. Assim como entrou no carro sem rumo e parou ali, decidiu entrar na água.

Queria gritar! Gritar por toda ingratidão que a vida lhe tratava, ela nunca se sentiu amada ou importante até encontrar Ilgaz e quando isso aconteceu, tiraram ele dela. A água já estava na sua cintura, quando decidiu mergulhar, o frio cortante tomou conta de si. Emergiu e continuou nadando, lágrimas quentes corriam por seu rosto. Andou mais, até que não sentiu mais areia sob seus pés, mergulhou. Decidiu que não voltaria mais, não tinha para quem retornar. Fechou os olhos debaixo d'água. A imagem de Ilgaz foi a última coisa que lembra de ver. Sua via acabaria ali. Parecia que ele falava com ela, que pedia para que ela não desistisse, que aguentasse mais um pouco, mas ela não tinha mais poder sobre sua mente. Afundou.

Horas depois acordou em um hospital da região. Uma mulher que estava correndo na areia pela manhã, viu quando Ceylin era engolida pela água e não relutou em salvá-la. Pouco antes de receber alta a médica falou com ela e contou sobre seu exame, ela estava grávida, de pouco tempo. Ao receber a notícia foi tomada de surpresa, amor e esperança. Naquele dia prometeu ao bebê que nunca mais desistiria da família dela, isso inclua ele e Ilgaz, por quem ela lutaria até o fim para encontrar.

...

A porta da van onde Ceylin estava se abriu. Seu coração disparou. Ela imaginou aquela cena várias vezes. Ela abraçaria Ilgaz novamente e ele estaria com ela quando a filha deles nascesse. Mas nada a preparou para a emoção daquele momento. Foi como se o céu se abrisse e todo o amor do mundo estivesse ali. Ilgaz a olhava como se ela fosse um Oásis no deserto, como se estivesse sedento por ela.

Sem falar com mais ninguém que estava no local e sem emitir qualquer som, correu para Ceylin e a abraçou com força. Cheirou seus cabelos como se sua vida dependesse daquilo. Nunca mais a soltaria. Ignorando todos os presentes, ele a beijou com voracidade, não existia um desejo sexual, era uma necessidade de alma, ele precisava dela como precisa do ar para respirar.

Ceylin segurava o rosto de Ilgaz, como se ele fosse desaparecer de sua frente a qualquer instante. Assim que pararam de se beijar, ela ficou na ponta dos pés e roçou a ponte se seu nariz no dele. Chorou. Chorou de alegria. Chorou de alívio por ter o homem que amava novamente em seus braços. Foi sua vez de beija-lo como se sua vida dependesse daquele contato.

— Oi — Ainda com os lábios grudados ao de Ilgaz, falou tímida. Seu rosto estava corado.

— Oi — Ele respondeu. Aproveitou para ajeitar um fio solto de cabelo atrás da orelha de Ceylin. — Quanto tempo. — Brincou passando o polegar em suas bochechas. — Talvez eu não esteja tão bonito quanto você.

Ceylin forçou a barriga enorme propositalmente em Ilgaz, que olhou para baixou e deu um sorriso bobo, cheio de emoção.

— Eu preciso te apresentar a alguém. — Ceylin começou. — Olá, papai.

Ilgaz não conteve a emoção. Abaixou e alisou a barriga de Ceylin. Estava enorme. Ele nunca perdoaria quem tinha tirado dele os momentos que não pode estar ao lado de Ceylin, apoiando-a e acompanhando o crescimento do bebê deles. Sem contar que ele sabia o perigo que correriam até conseguirem deter por completo Ömer.

— Eu te amo tanto, você não sabe o quanto senti sua falta. — Ilgaz falou ao dar um beijo suava em seus lábios. — Sempre que pensava em desistir, lembrava que tinha você e que por você, eu sou capaz de tudo. — Tocou a barriga de Ceylin outra vez. — Não acredito que... eu vou ser pai. É como se em um minuto minha vida não passasse de uma sombra e agora o mundo se encheu de cor, de alegria e de amor.

— Acho que você vai acreditar bem rápido, quando ver como eu fico furiosa quando quero comer um doce e não me permitem. — Ceylin riu para ele. — Eu te amo e viver sem você foi a pior experiência da minha vida. Não quero sair do seu lado nunca mais. Eu te amo tanto que dói. — Os olhos dela brilhavam de amor.

...

— O que é isso, Ilgaz? — Ela estava furiosa. — Você pretendia esconder isso de mim até quando? — Sacudia em suas mãos um pedaço de papel.

Ilgaz gelou ao ver o que ela segurava. Tratava-se da carta que Ömer havia deixado para ele antes de desaparecer.

— Ceylin, por favor! Esse não é o momento, você não pode ficar assim.

— E você queria que eu ficasse como depois de ler isso e saber que você escondeu algo assim de mim? — Ceylin alisava a barriga repetidamente com a mão que estava livre. — Tudo que envolve a nossa filha, diz respeito a nós dois, você não pode me tirar de jogada assim.

— Eu não vou colocar em risco vocês duas por causa de uma ameaça que já estamos resolvendo — Ilgaz elevou o tom de voz. — Você está grávida, prestes a dar a luz — Se aproximou dela, afastou uma mecha de cabelo que caía em seus olhos e beijou sua testa. — Não poderia te sobrecarregar com mais essa situação, já basta o que você viveu enquanto eu estava desaparecido.

Nos vemos em alguns meses, quando sua filha nascer. Voltarei para pegar o que me pertence. Ceylin e ela serão minha família, chegou a sua vez de sofrer com a ausência.

Ömer

———————————————
Nota da autora ✍🏻
Seria um bom gancho para a 3ª temporada hahahahahahah

Yargı Final AlternativoOnde histórias criam vida. Descubra agora