Anos depois (Parte I)

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E se alguns anos após a morte de Ilgaz começassem a acontecer situações estranhas e novos desdobramentos sobre o caso aparecerem? Uma fic de poucos capítulos para aguentarmos até domingo que vem 💕

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— Mamãe? Mamãe? — A garotinha tocou a mão da mulher que estava sentada a sua frente, perdida em pensamentos — Mamãe, você está me ouvindo? — Escorreu uma lágrima dos olhos da menina.

Ceylin tinha olhos perdidos encarando a janela. Não esboçava qualquer expressão e jogava seu corpo para frente e para trás. A voz da filha soava ao fundo de sua mente, ela tentava se reconectar com o mundo exterior, mas a dor que sentia era tamanha que a impedia de retornar para a realidade.

Em um raro momento de lucidez, encarou a menina com seu olhar vago e afagou sua bochecha rosada. A criança retribuiu se jogando em seu colo e dando um abraço apertado, mas a mente de Ceylin já tinha voltado para a concha e se fechado novamente. Os braços caíram ao lado do corpo, enquanto a filha a apertava fortemente.

— Eu to aqui, mamãe — falou no ouvido de Ceylin.

— Vamos princesinha, a mamãe precisa descansar. — Metin segurou as mãos da neta e depois deixou um beijo na cabeça da nora. — Semana que vem voltaremos, minha filha. Eu espero que você fique bem.

Metin visitou Ceylin na clínica de repouso todas os sábados nos últimos 6 anos. No início ele levava a neta apenas uma vez ao mês para visitar a mãe, depois, quando Aysel cresceu e passou a perguntar por Ceylin com frequência, ele passou a levá-la em todas as visitas.

Ceylin não conseguiu lidar com a perda abrupta de Ilgaz e entrou em um estado de depressão profunda, se recusava a comer e sair do quarto. Gül insistiu que ela deixasse o apartamento de Ilgaz e fosse morar com ela, mas a filha se recusou. Todos acharam que com a descoberta da gravidez, ela voltaria para sua rotina, mas se enganaram.

Durante a gestação ela fazia todas as refeições, mas raramente conversava com os outros ao seu redor. Metin tentou por diversas vezes que ela se mudasse para a casa de baixo, mas ela não quis. Os únicos momentos que ela saía de casa era para as consultas pré-natais.

— Ela é tudo que me resta de Ilgaz, mesmo que eu queira morrer todos os dias, por ela eu sobreviverei, porque eu não posso permitir que ele morra novamente, já basta a primeira vez que não cheguei a tempo — Esta foi talvez a única frase que Ceylin falou até o nascimento da filha, durante um jantar na casa de Metin.

A esperança da família era que ao ter a filha em seus braços, ela revivesse. Se enganaram mais uma vez. No nascimento de Aysel, ela segurou a menina pequenininha em seu colo, deu um beijo em sua testa e falou baixinho no ouvido dela "Seu pai seria o papai mais feliz do mundo ao ter a garotinha mais linda nos braços. Me perdoe por não ser a mãe que você merece e por não fazer o que seu pai gostaria, mas ele vai cuidar de você, Aysel. Eu te amo, mas a vida fugiu de mim, espero que um dia me perdoe."

Ceylin entregou a filha para a enfermeira e daquele momento em diante, se fechou novamente para o mundo. Ela ainda ficou em casa por mais um tempo, mas sua condição de saúde se agravava a cada dia. Estava emagrecida, não aceitava comer e não segurava a filha em seus braços. Sabia que Ilgaz a odiaria por não cuidar da filha deles como deveria, mas ela simplesmente não conseguia.

Metin e Gül foram relutantes em aceitar a decisão de Ceylin ir para uma clínica, mas concordaram que a única forma de evitar que ela definhasse era deixá-la aos cuidados profissionais para que talvez pudesse ser curada. Isso não ocorreu, mas ela apresentou algumas evoluções ao longo desses anos. Em dias bons, ela colocava Aysel nos braços e cantava para ela dormir, ou fazia tranças e até mesmo lia algumas histórias, mas esses momentos eram raros.

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