O sino tocava sem parar e os desacostumados com tamanho barulho não evitavam reclamações. Já os nativos da Cidade De Sino, já cientes com o som, apenas acenavam ou suspiravam em resposta a lamentações dos passantes. A noite começava a tomar o local, mas a agitação na cidade ainda estava em abundância.
As feiras se encontravam lotadas e as vendas não paravam em nenhum momento. A cidade era conhecida por seus sinos, principalmente, pelo enorme que se encontrava no meio da cidade que vigiava e informava a todos o estado da maré.
A localização da cidade era no maior encontro marinho do continente e de acordo com a estação do ano, suas águas subiam terrivelmente em uma velocidade alta, não se importando com nenhum dos que moravam ou não no local.
Para evitar tragédias foram instaurados sinos, que em primeiro plano só tocavam quando a maré começava a subir. Mas no último desastre o sino foi tocado tardiamente e mais de 60% da população morreu e os vivos perderam quase tudo que tinham. E por isso, resolveram fazer um novo sistema, o sino tocaria a todo instante e sua constância diminuiria de modo que acompanharia o aumento da maré e o silêncio representaria aumento e perigo total - Ou seja, sino tocando, bom sinal, silêncio, mal sinal. O barulho constante tornou-se um conforto, diferente do silêncio, que se tornou uma maldição e medo de muitos nativos.
A cidade se encontrava sempre em mudanças, tendo terminado recentemente de seguir com o centro para as regiões mais altas da costa. Algumas pessoas que moravam àbaixo conseguiram se locomover e seguir o comércio, enquanto outras, se arriscavam construindo moradias altas para que as águas não os alcançasse. Com o decorrer dos anos essa tática se fez útil, mas insalubre sobre algumas determinadas épocas do ano, trazendo a morte de boa parte dos moradores. Muito se discutia se permanecer na cidade era correto, mas o lucro e o comércio falavam mais alto que qualquer perigo vindo pela natureza.
Em sua costa resplandecia de uma pesca abundante, contendo animais raros e exóticos, tão saborosos em seu preparo quanto fora dele. Mas mesmo incluindo essa grande diversidade, a cidade era tomada pela fome e pobreza. Os locais de pesca eram propriedade privada de políticos da região e qualquer aquisição ilegal era tratada com castigos e em alguns casos mais severos com a morte. Diversos pescadores teriam perdido suas vidas ou partes do corpo na costa principal, que era conhecida por ter as melhores iguarias e ser a maior região em contato com o alto mar.
Um homem com cabelos brancos, trabalhava jogando sua rede, específica, nas águas que tocavam a praia. Poucos homens e mulheres se mantinham nesse horário, já que o acordo com os funcionários era dito, "até quando o sol tocasse o mar". Mas os que se mantinham, buscavam uma renda extra, que mesmo sendo difícil conseguir, era liberada para os melhores coletores e pescadores.
Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém
O homem se encontrava na beira da praia e jogava sua rede cuidadosamente esperando o momento quando as ondas eram repuxadas e começavam a se formar na água. Após anos no mesmo serviço, percebeu ele, que esse era o melhor tempo para adquirir o melhor das águas. O momento em que era chamado tudo para retornar ao interior do mar.
Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém
A noite esfriava e as pessoas restantes acenaram e se despediram do homem, desejando um bom serviço após tentar o persuadir a voltar pra casa. Ele negou e jogou sua rede novamente, segundos após se despedir e se encontrar sozinho na costa.
Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém
Alguns pesos em sua rede se prenderam a algo. Com um sorriso no rosto ele se colocou em prontidão para retirar o enorme peixe que havia apanhado.
Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém...
A água diminuia e voltava ao oceano.
Puxou fortemente até sentir suas mãos arderem contra as linhas e quando a nova onda estava para se quebrar e inundar a areia novamente, sua rede foi de encontro aos seus pés. Levando-o a se desequilibrar e cair em direção ao chão. Sentiu a água tocar suas pernas e quadril.
Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém...
Não se incomodou com sua posição e puxou a rede ao seu colo. Sorria percebendo o quão pesada ela estava.
Blém-blém... Blém-blém... Blém-blém...
Entre peixes, que lutavam para se soltar, algas e conchas estava um baú. Um baú verde, dominado pelo musgo e oxidação. Seu corpo lutava para se manter na mesma posição, enquanto a água o puxava para o oceano.
Blém-blém... Blém-blém...
Suas feições ficaram sérias e com força passou seu polegar por uma pequena placa à frente da pequena, mas pesada, caixa metálica.
"Desejo".
A palavra se revelou e o homem, sem saber o porquê, sentiu que tudo pertencia a ele. Não importava as consequências, mas ele descobriria do que essa caixa se tratava. Ficou por um tempo observando, tentando abrir o baú, mas estava completamente emperrado. Forçava o máximo que podia até que algo chamou sua atenção.
Blém-blém...
Silêncio se formou e seu corpo saltou automaticamente. Jogou a rede sobre seu ombro e olhou para o horizonte. As águas se agitavam freneticamente e uma grande onda se formava não tão longe dali, andou para trás ao perceber.
"Quanto tempo perdi olhando para esse baú?" Se perguntou e correu para se proteger.
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Um capítulo curtinho, mas maiores vem aí!!
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Desejo: Uma história Pirata | História em mudança
PertualanganBelladona é a primeira pirata de sua época a ter tanto sucesso e a não sofrer nenhum naufrágio em alto mar. Ciente de sua sorte, ela se junta a sua tripulação para encontrar a tão famosa "fonte dos desejos". Após uma investigação, ela descobre que...