Capítulo 6 - A Chegada À Pólvora

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Vários dias se passaram desde que Pietro foi chamado para olhar as estrelas e contar a Belladona sobre o mapa.

O menino, após aquela noite, foi levado para a cozinha onde permaneceu durante todos os 6 dias e 5 noites que passaram. Trabalhava e dormia lá. Seus serviço se limitavam a limpar peixes e os compartimentos da cozinha. As vezes era obrigado a pescar por alguns piratas, mas gostava já que isso o fazia se sentir perto do seu avô. Se tornaram as melhores horas do seu dia.

No primeiro dia, após ser informado que iriam rumo a ilha, Fidalgo entrou na cozinha a procura de Pietro. O cozinheiro, assim que o viu começou a xingar e a pedir que o mar o amaldiçoasse.

Já tinha sido esclarecido a tempos atrás que a entrada na cozinha só era feita pelos funcionários que trabalhavam nela. Quando o garoto ouviu isso sendo redito para o pirata, da boca do cozinheiro, ficou surpreso, não esperava isso vindo de piratas.

Fidalgo o xingou e disse que seguia ordens de Belladona, o que rapidamente quietou o outro homem. Resmungou e voltou a preparar a próxima refeição com ódio no olhar. Não poderia dizer não a uma ordem do capitão, mas isso não lhe impedia de questionar a idéia.

Pietro se levantou pois estava ao chão limpando restos de comida que teriam caído, e Fidalgo se aproximou dele. Tinha uma bolsa passada por seu ombro que terminava em seu quadril oposto.

- Me siga. - disse ao menino e saiu da cozinha. Pietro foi atrás sem relutar.

A cozinha ficava no andar abaixo do convés do navio, assim como o espaço com o quarto dos homens. Mas alguns piratas, como ele e o cozinheiro, dormiam em uma outra salinha que havia na cozinha. A cozinha e o dormitório, coberto de redes, se dividiam através de um corredor.

Subiram para o convés e Fidalgo só parou quando chegou a uma parte da proa que não tinha ninguém trabalhando. Encostou o quadril na lateral do barco e começou a retirar utensílios de sua bolsa, os colocando em um um barril fechado. Parecia relaxado ao cruzar uma perna esticada sobre a outra.

Pietro o seguiu, mas lento até demais e acabou ficando para trás. Ao entrar em contato com a forte luz do sol, seus olhos arderam e teve que fecha-los algumas vezes para que pudesse enxergar melhor. Teria se acostumado com apenas as luzes das chamas presentes nos candelabros e tochas de cozinha.

Enquanto passava, alguns marujos o olhavam. Em sua maioria, curiosos no real motivo dele estar aqui e outros irritados com sua presença. Alguns comentavam que teriam virado babás. Pietro ignorou e assim que conseguiu que sua visão se adequasse ao ambiente caminhou para onde Fidalgo estava. Não gostava de ficar sozinho com aqueles homens.

Se colocou a frente do homem e o pirata falou para se aproximar, Pietro o fez. Dúvidas percorriam sua mente turva. Não entendia o que estava acontecendo até vê-lo pegar um pano branco e molha-lo com uma garrafa de vidro transparente. Parecia álcool. O pirata deveria ser um médico, concluiu.

- Incline o queixo pra baixo. Me deixe ver seu nariz. - Fidalgo pediu gentilmente e o garoto fez. Os olhos do rapaz encaravam o rosto do pirata e o pirata o olhava de volta com seus enormes olhos amarelos.

Seu nariz estava com bastante inchaço e algumas partes estavam roxas, com pequenos tons verdes. Havia sangue seco e recente em algumas áreas e pelo o que o médico pirata notava, um pouco de terra com areia trazida da Cidade De Sino. Fidalgo olhou diretamente para Pietro. Seu nariz estava com uma leve lesão no meio e concluiu que teria que colocar o osso de volta ao lugar para que se curasse mais rapidamente.

- Isso vai doer. Coloque isso na sua boca. - Entregou a ele um pequeno pano torcido. Não parecia estar completamente limpo, o que fez com que ele olhasse por alguns segundos antes de colocar em sua boca. - Vai ser rápido. - O pirata tentou confortar o rapaz que o olhava sem entender o que estava acontecendo.

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