Capítulo III - Conhecimento Natural

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Estudavamos todos no Liceu Nacional de São Tomé e Príncipe, na baía de Ana Chaves, na Capital São Tomé, que ficava mesmo em frente ao mar.
O Liceu Nacional era uma escola pública mas usavam uniformes, segundo a lei estudantil do país.
Era também quase impossível usarmos nossos telemóveis (celulares) nas salas de aulas.

O seu uso poderia ser  motivo de expulsão da sala de aula. Mesmo assim, os estudantes nunca se esqueciam dos seus telefones e arriscavam por tudo e por nada. Especialmente quando se sentavam em grupos, tinham sempre alguém que vigiava os movimentos dos professores, enquanto os outros trocavam mensagens, desta forma, trocavam de turnos.

 
E até mesmo nos testes, tenham seus esquemas absurdos, que acabam por funcionar, temporariamente. Como a Carla que tivera de repetir o ano depois de ir para os recursos sozinha. Contudo, durante as provas com seu grupo, 'coincidentemente' teve uma nota muito boa.

Em São Tomé, a capital era o reflexo de um país pequeno, porque tudo era relativamente perto. Tinham a Flora que já podia conduzir, e o Sr. Medina para algumas eventualidades. Os telemóveis (celulares) só mesmos usados para assuntos mais sérios ou urgentes ou para fofocas. Já para mim, também uma outra funcionalidade: localizar o Djanilo após seus longos desaparecimentos.

Ainda assim, a Flora não tinha um. Convinientemente, também servia para afastar os rapazes que a pediam contactos.

Por vezes, quando os professores cancelavam aulas ou faltavam algumas aulas chatas para irmos à praia.
Ficavam observando as ondas com os pés na areia com amigos falando parvoíces, às vezes, conversas intelectuais ou profundas sobre livros, teorias e personagens históricas.

Sobretudo, porque era o último deles ano no Liceu. O Djanilo morava mesmo ali nas proximidades, chamado de Bairro do Liceu, e ficava sempre esperando pelas suas namoradas e era conveniente para ele, aquele beira-mar. Logo, terão mais detalhes das suas histórias.

Chegando na escola, depois das aulas de Matemática e Biologia, tivemos Geografia, onde o prof. Paulo Cardoso, exibira na aula passada, um documentário falando das origens dos continentes: "A teoria da origem dos continentes vem de um cientista chamado Alfred Wegener, que especulava a existência de um supercontinente há mais 500 milhões de anos."

- Alguém mais sabe sobre este senhor ou dormiram todos durante o documentário?!

-Djanilo, você já sei que só esteve conversando - acrescentou o professor Paulo.

Repentinamente, a Flora põe a mão no ar.

- Professor? - diz a Flora.

- Diga, Flora! - respondeu dando-lhe um sinal positivo.

- O Alfred Wegener foi geofísico, climatologista, geólogo e meteorologista polar que em 1912, propôs a teoria da Deriva Continental, que fala da Pangéia, um supercontinente formado por todos os continentes e da Pantalassa, um oceano formado pelos 7 oceanos que temos hoje. - concluiu a Flora.

- Meus parabéns, Flora! - reagiu o professor Paulo - Não podia ter explicado melhor!

- Bom saber não estavam todos dormindo na minha aula.

Toca a campainha da escola.

- Salvos pelo toque! - disse ironicamente o Djanilo, e a turma riu-se.

- Pois, mas só que não! - disse professor Paulo. E, todos reagiram com desânimo - É o nosso último semestre juntos, portanto, quero que me tragam fenómenos naturais interessantes como placas tectônicas, erupções vulcânicas ou eclipses para debatermos na próxima aula. Não se esqueçam!!

Na rua, voltando para casa, eu ia comendo uma fruta que Flora me dera antes, no primeiro intervalo de aulas. Iam para casa, quando a Flora me disparou novamente uma das perguntas que mais me incomodavam:

- Tem certeza que não o queres?

- Tenho, Flora! Já falamos sobre isso! Deita isso fora!

- És tão teimosa, Flora! - disse o Nilo

- É uma recordação do teu pai, Eron! - salientou a Flora

- É lixo que carreguei durante anos no pescoço esperando ele voltar! E agora que estou prestes a ser um adulto legalmente não quero nada que me lembre dele porque não serei igual a ele!

Das raras vezes que o Nilo esteve calado, só observando nossa conversa, já que ele partilhava da mesma opinião que eu.

Ela , finalmente se calou sobre o assunto, e se afastou, indo ao encontro da Bruna. Ela e a Bruna Mendes, que começaram recentemente a namorar estavam sempre juntas, nos intervalos e às vezes fora do horário das aulas. A Bruna não era a primeira namorada da Flora.

- Lá se vai a menina de ouro dos profes! - disse o Nilo.

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