Capitulo 6

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Costumávamos ser próximos, mas pessoas podem ir de "Pessoas que você conhece, para pessoas que você não conhece." (Selena Gomez - People You Know)

Me afastei um pouco de onde os policiais estavam e atendi a vídeo chamada.

Ele apontou o celular para o rosto, mas estava coberto pela máscara. A máscara que tinha me assombrado quando Jessy foi atacada.

Um calafrio percorreu minha espinha, e minha respiração começou a ficar descompassada. As lembranças ressurgiram de uma forma avassaladora, desencadeando um mini surto de pânico enquanto eu encarava a tela o celular.

— Onde você queria chegar com tudo isso? Perguntei. 

Ele não me respondeu, no lugar disso levou a mão até a máscara e a puxou. Naquele instante, a revelação se desdobrou diante dos meus olhos, balançando as bases da minha compreensão.

Há um momento nas nossas vidas em que acreditamos conhecer aqueles que nos rodeiam e eu achava que conheciam todos. Mas eu não podia estar mais enganada.

Não tinha uma forma de descrever o bolo que se formou no meu estômago e o nó que se formou na minha garganta.

— Richy?

Ele estava sentado escorado em uma parede em algum lugar escuro daquela mina, olhando-me através da tela do celular.

— Há exatamente dez anos atrás, Hannah e Amy vieram à minha porta. — Ele começou a explicar — O pine glade estava quase acabando e já estava escuro.

"Elas queriam que eu as levasse até o Grimrock, porque a Amy tinha perdido algo lá. Nem lembro o que era... eu estava no festival o dia inteiro e bebi um pouco também. Então, eu disse não."

"Elas estavam com pressa e fizeram uma pausa para vir até mim. E a Hannah já havia andado pelo meu quintal algumas vezes. Então, eu dei as minhas chaves. As chaves de um antigo AMC Gremelin que deveria ser desmanchado alguns dias depois. Eu não achei que houvesse algum mal nisso..., mas elas voltaram alguns minutos depois. Quase não reconheci o carro. No escuro, com todos aqueles amassados. Havia sangue no para-brisa e no para-choque também... Nenhuma delas foi capaz de pronunciar uma única palavra. Achei que elas tinham batido em um animal. Um cervo que saltou na frente do carro na floresta escura.

"Eu dirigi até o local com elas. E lá estava ela. Uma menina. Coberta de sangue, imóvel. Nós a enterramos na floresta e nunca mais falamos sobre isso."

Eu estava em choque, sem palavras diante dessa confissão.

— Richy... — Murmurei, tentando processar a enxurrada de informações.

— Me desculpa... Ele começou

— Por quê? Eu perguntei.

Era ele o tempo todo, por trás das ligações ameaçadoras, do ataque a Jessy, das fotos perturbadoras.

Richy era o responsável por tudo.

— Jade, por favor, me deixe explicar.

Eu não tinha certeza se queria ouvir aquelas explicações.

Era o Richy. Era ele.

Era ele.

Como ele foi capaz?

— Não tenho certeza se há uma explicação para tudo isso. Falei.

— Por favor. Ele suplicou

Talvez sim. Talvez eu realmente precisasse de uma explicação para tudo isso.

Duskwood - Não é o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora