Capítulo 9

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Nuvens cinzas rolam sobre as colinas, trazendo uma imensa escuridão, mas se você fechar os olhos quase parece que, nada mudou afinal (Bastille - Pompeii)

Senti os três pares de olhos curiosos e inquisitivos fixos em mim, como holofotes. Claro que não era só Alan que tinha uma curiosidade invasiva.

Eu não podia mentir para meus amigos, não podia deixá-los no escuro quando eu odiava que fizessem isso comigo. A verdade era como uma facada de dois gumes, capaz de ferir tanto quanto libertar.

Porém quando eu penso em como isso vai afetá-los. Principalmente a Jessy e a Hannah, a situação se tornava ainda mais complexa.

Hannah seu amigo é o seu sequestrador e Jessy o Richy, seu melhor amigo foi quem te atacou e o responsável pelas ameaças.

Richy, seu miserável desgraçado. Eu não conseguia não sentir raiva dele, quando ele simplesmente sumiu e me deixou aqui. Queria que ele estivesse bem, mas ao mesmo tempo queria soca-lo até deixá-lo roxo. Droga.

Pisquei e os três pares de olhos ainda me encaravam em busca de alguma resposta.

— Eu...ah — Gaguejei e passei a mão na cabeça, numa tentativa de acalmar os pensamentos caóticos — Eu não consigo me lembrar de muita coisa agora. A fumaça estava densa, e tudo é um borrão.

— Compreensivo. — Jessy segurou meu braço — Nem consigo imaginar como deve ter sido.

— Sei como deve ter sido horrível, mas acredito que entenda que perguntas têm que ser feitas. — Robert disse.

Sim, eu entendia. Mas ele não teria respostas.

— Eu entendo. — Respondi. — Mas infelizmente eu ainda me sinto um pouco mal. Podemos ter esse interrogatório em um outro momento? — Sugeri.

Ele suspirou, indicando que, apesar de compreensivo, o tempo era um recurso escasso.

— Não posso forçá-la. — Ele concordou, resignado — Mas tem que ser o mais rápido possível.

— Claro. Assim que eu sair desse lugar, vou ao seu encontro. Pode ser?

Um breve sorriso de concordância e um aceno de cabeça foram suas respostas antes de deixar o quarto.

— Não sei quem é mais insistente. — Comentou Dan assim que ele fechou a porta.

— Sim.

Eu queria saber como a Hannah estava. Não consegui vê-la na cachoeira.

— Vocês sabem como Hannah está? — Perguntei.

— Fisicamente, ela está bem. — Jessy me respondeu — A alimentação não foi das melhores nos últimos dias. Mas, mentalmente, já não sabemos. — Ela completou em tom de preocupação.

— Como assim? — Indaguei.

— Tentamos falar com ela quando chegamos, mas ela só disse poucas coisas. Parecia tão alheia à realidade.

— Basicamente, ela disse que estava bem e que deveríamos ver como você estava. — Dan completou.

Estar bem era a última que ela estava. Talvez o alívio de estar de volta, mas o quanto tudo isso não a afetou ainda mais?

— Não podemos ir vê-la? — Perguntei.

— Não sei se você pode sair daqui. — Jessy ponderou.

— Eu não estou morta. Claro que posso. — Tentei levantar de novo, mas eles me puxaram para a cama. — Caramba.

— Vamos chamar a enfermeira e perguntar. — Disse Dan

Duskwood - Não é o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora