Capítulo 25

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Não consigo desligar meus pensamentos, desejando que essas memórias desapareçam, mas elas nunca desaparecem. (Rosa linn - Snap)

Não tinha ido ao enterro de Richy, não tinha sequer saído desse quarto durante toda a semana. Me sentia imunda — provavelmente porque estava mesmo — volta e meia, Dan batia na porta perguntando se eu não queria comer alguma coisa. Ele estava sendo muito solidário, mas às vezes eu o via abrir a porta no meio da noite. Tinha certeza que era para checar se eu não havia feito o mesmo que Richy.

Uma semana desde que eu tinha visto Jake, uma semana desde que tinha o beijado, uma semana desde que tinha o abraçado e uma semana desde de o que tinha acontecido com Richy. Não parecia um longo tempo, mas pareceu uma eternidade para mim. Ainda mais quando eu tentava dormir e acordava no meio de um pesadelo com a imagem de Richy com uma corda ao redor do seu pescoço.

Eu não conseguia tirar aquela imagem da minha cabeça, sempre que eu fechava os olhos via seu corpo sem vida na minha frente. E quando tentava dormir outra vez, via Jake soltando minha mão e se distanciando. Então, eu simplesmente desistia de dormir e ficava encarando o teto com a respiração presa no peito a maioria das vezes.

Ele não queria me separar dos meus amigos, mas me separou dele. Não. O que eu estava fazendo? Ele fez aquilo por mim, eu era a culpada. Eu o havia separado de mim.

Que droga, como eu não percebi?

Também não tinha visto Jessy desde que tudo aconteceu, sabia que ela também precisava de alguém com ela, mas eu não tinha forças nem para me levantar, não serviria de nada.

Cléo veio aqui com Lily alguns dias atrás, mas ficaram lá embaixo conversando com Dan e eu consegui ouvir algumas coisas.

Hannah sabia o que tinha acontecido com Jake e Richy, o julgamento dela seria em alguns dias.

A porta do quarto rangeu, e Dan entrou com uma expressão de cansaço no rosto. Ele me encarou.

— Você tem que sair, estou cansado de te ver assim, nesse quarto escuro e nesse estado deprimente.

Balancei a cabeça, mas a dor no meu peito não me permitia formular palavras.

Dan se sentou na beira da cama. Ele não parecia irritado, mas sim preocupado.

— Sei que você está passando por um momento difícil, todos nós, mas...

— Vou arrumar outro lugar e te deixar em paz. Falei.

Minha mente não parava de rodar nesta semana e uma das coisas que eu também pensava frequentemente era que estava sendo um estorvo para Dan, ele não tinha a obrigação de cuidar das minhas necessidades e nem de lidar com isso que eu tinha me tornado.

— Porra, o problema não é esse, Jade. — Ele grunhiu. — O problema é ver você se afogando dentro desse quarto como se isso fosse mudar alguma coisa.

Eu não queria conversar sobre isso, eu estava farta, sabia que nada ia mudar e era exatamente isso que me frustrava.

— Você não entende, Dan! — Baixei a voz. — Não sabe como é sentir tudo isso.

Dan não recuou, mesmo com meu tom ríspido se abatendo sobre ele.

— Eu não estou dizendo que sei exatamente como você se sente. Cada um lida com a dor de forma diferente, e eu respeito isso. Mas você continuar aqui não vai trazer Richy de volta e não vai mudar o que o Jake fez.

Meu peito estava ofegante, as lágrimas a ponto de caírem. Dan não se referia a Jake daquela forma e nem falava com tanta seriedade quanto agora. Só o tinha visto fazer isso algumas vezes.

Duskwood - Não é o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora