❄️Capítulo XXIII❄️

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Eu... Onde estou? Tenho certeza que agora a pouco iria lutar contra aquela oni de cabelos brancos mas, algo, me assustou?

– Nop, algo te "despertou".

Uma voz estranhamente semelhante vinha de trás de mim. Me virei rapidamente para ver quem era, e ali estava... Eu.

— Você...

– "Você" não, somos a mesma pessoa, sabe disso só por olhar certo?

De fato. Eu sabia que aquela era eu, mas minha aparência era diferente, meus cabelos estavam castanhos na raíz, como se voltasse para a cor original antes de tudo isso acontecer.

— Oque quis dizer com despertar?

– Hmmm, pra começar oque você acha sobre perder o controle?

— Não irei perder o controle. Consigo deixar meu lado oni e ser uma caçadora.

Todos esses anos venho aprendendo a reprimir oque fui criada para ser. Não seria agora e nem dessa forma que iria virar uma marionete de Muzan.

– Pfft!

Franzi levemente minhas sombrancelhas, eu não era tão expressiva mas não podia deixar despercebido meu enojamento por "eu" rir numa situação como essa.

— Não entendo qual a graça.

– Okay, não temos muito tempo de qualquer forma então irei lhe explicar. Nezuko é uma caçadora ou uma serva de Muzan?

– Caçadora.

– Isso. E ela usa o poder que Muzan lhe deu.

— Não sei como isso vai me aju-

– Perder o controle não é ruim Kiseki.

Sua aura mudou completamente. Seu olhar sério e determinado me atravessaram mas mesmo assim não entendia oque ela queria dizer.

– Reprimir seu lado oni? Isso é uma piada. Se alguém lhe dá uma faca para cortar o queijo você não irá parti-lo com as mãos, seria simplesmente burrice.

— B-burrice...

Essas coisas faziam sentido. Todo esse tempo eu ignorei meu lado oni por medo, medo de relembrar de como eu assassinei meus próprios pais, de como eu devorava suas entranhas enquanto eles ainda agoniavam de dor.

— Eu estou assustada.

Aquela garota em minha frente me direcionou um sorriso sincero que dava para notar sua simpatia por meus sentimentos, era como se ela já estivesse no meu lugar a muito tempo atrás.

– Tem razão. É assustador olhar para baixo e ver nossas próprias mãos sujas de sangue das pessoas que você mais amava, certo?

Por alguns instantes eu olhei minhas mãos conseguindo imaginar o sangue escorrendo entre meus dedos.

– Mas se continuar agarrada a esse medo isso apenas vai se repetir. Depois de muitos anos você finalmente tem algo para proteger não é?

Meus olhos brilharam num tom de azul mais puro e inocente ao escutar aquilo. Kagaya, Obanai, Mitsuri, Any, Genya, Aoi, Tanjiro, Nezuko... Todos...

— Então... Como eu volto para onde eu estava?

– Haha! Parece determinada agora, esse é o espírito!

"Ela" apontou para uma direção de um caminho onde se eu me esforçasse, conseguiria ver um pouco de luz vindo de lá.

– É escuro mas terá luz no final.

Suspirei com os lábios minimamente curvados num sorriso. Assim era a vida afinal, é assustador tomar decisões difíceis, percorrer por caminhos escuros e se relembrar do passado, da dor que sofremos, mas nada disso mudará porque foi algo que passou, não tenho como voltar atrás, mas tenho como decidir como viverei agora.

Percorri por aquele caminho esticando os braços para alcançar aquela cálida luz.

—————

Daki — Vamos acabar com a brincadeira agora.

A oni afastou sua mão direita do rosto de Tanjiro, quem estava claramente em seu limite, e suas unhas afiadas se enrijeceram para dar um golpe decisivo, definitivamente arrancaria a cabeça de qualquer um.

Tanjiro fechou os olhos e cerrando os punhos, ele só poderia deixar sua vida nas mãos do acaso. Cansado daquele jeito dar mais um passo sequer doeria tanto como a morte, seus pulmões estavam ardendo da excessiva utilização da respiração do sol, mas agora tudo seria em vão.

Tão rápido quanto Daki se moveu para matar o ruivo, Asuri se moveu para agarra-la pelo pulso. Repentinamente tudo ficou quieto e muitas perguntas surgiram para a Oni e para Tanjiro.

— Desculpe Tanjiro, te fiz passar por momentos difíceis...

Ela dizia apertando um pouco mais o pulso de Daki, já Tanjiro sentiu lágrimas de alívio escorrendo por seu rosto ensanguentado.

Tanjiro — Que bom que está bem!

Daki — Como você...?! Agh! Me solte!

Asuri olhava aquele demonio agora com certo desprezo, elas eram da mesma espécie mas tinham valores diferentes. O que mantinha Daki viva não era nada mais que o poder de uma falsa superioridade enquanto Asuri se mantinha com o peso da realidade.

A albina a direcionou um olhar apático que fez com que Daki estremecesse em raiva, ela não entendia como alguém poderia olhá-la daquela maneira.

Daki — Como pode me olhar desse jeito? Não tem medo de morrer? Sabe que posso te matar quando eu quiser não é?!

— Não diga mentiras das quais você não pode sequer disfarçar.

Daki — Há! Pensa que estou mentindo?!

Sem deixar que a oni respondesse, Asuri apenas a jogou para trás em uma velocidade absurda. Ela presumiu que o Hashira do Som estaria por aquela direção e realmente estava, em poucos segundos para o mais velho reagir ele conseguiu empunhar suas adagas e cortar a cabeça de Daki.

Asuri olhou para o Hashira satisfeita com essa sintonia deles nesse momento, já Uzui não parecia assim.

Uzui — Você está louca?! Não pode sair jogando uma Lua Superior nos outros!

— Mas ela não é uma...

Uzui — Independente!!!

Ele gritava enquanto se aproximava dela e de Tanjiro, quem parecia estar se acalmando ainda dos eventos anteriores.

Tanjiro — Uzui-san... Asuri-san... Não quero assustar vocês mas o corpo dela não está se desfazendo... tem algo errado...

Os três agora olhavam para o corpo decapitado de Daki. A cabeça e o corpo não se desintegravam o que era anormal para um oni cortado por uma 'arma' feita de um aço especial. Não demorou muito para que a oni começasse a chorar como uma criança que perdeu seu doce.

Continua...

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⏰ Última atualização: Apr 14 ⏰

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