𝐏𝐫𝐨𝐥𝐨𝐠𝐮𝐞

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━━━ ❧ 𝐏𝐫𝐨𝐥𝐨𝐠𝐮𝐞: 𝐃𝐞𝐚𝐫 𝐝𝐢𝐚𝐫𝐲, 𝐦𝐲 𝐧𝐞𝐰 𝐭𝐡𝐞𝐫𝐚𝐩𝐢𝐬𝐭

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"Aí... Ele é tão lindo!"

"Credo, que garoto mais feio!"

"Eu tenho que estudar pra matemática, física e ciências; depois eu vou terminar o trabalho de história e aí eu vou dormir, se der tempo..."

"Meu cabelo tá uma porcaria, isso que só faz uma semana que eu não lavo..."

"Que ódio daquele vagabundo, eu espero que ele se ferre muito na vida, como ele ousa me dar um três em educação física? Absurdo!"

"Ela tem mais que se ferrar mesmo, menina burra, falta na minha aula, não faz nada e não sabe acertar uma cesta".

E você me pergunta, quem raios disse essas coisas? Sinceramente, eu não faço ideia. Esses só são alguns exemplos do que eu sou obrigado a ouvir todos os dias quando passo pelos corredores do colégio.

Agora você deve estar pensando: "como você não ficou louco até agora?", ou então: "tem certeza que você não é esquizofrénico ou algo assim?".

Em primeiro lugar, sim, eu já estou louco, louquinho, maluco, surtado, ferrado mentalmente e psicologicamente, totalmente lunático e desesperado por causa de toda essa merda que eu sou obrigado a passar por, pelo menos, uma hora todos os dias.

Apenas por uma hora porque o destino teve um resquício de pena por mim; mas, claro, sem facilitar tanto, resolvendo escolher justo aquelas horas do dia em que eu mais estou rodeado de pessoas.

Às vezes eu me pergunto se eu fiz algo de tão cruel na minha vida passada para ser submetido a uma sentença tão cruel e torturante de viver com essa porcaria durante toda minha vida.

E agora, respondendo a segunda pergunta, eu também não tenho cem por cento de certeza, mas considerando que eu já fiz um tratamento em um psiquiatra quando menor e não adiantou em nada, creio que esquizofrenia não seja o problema.

Já tentei fazer terapia também, mas era perturbador escutar as coisas que o terapeuta pensava durante a sessão, então eu simplesmente desisti de continuar e aprendi a lidar com tudo sozinho.

Conforme fui crescendo e entendendo melhor a telepatia, aprendi que ficar sozinho era uma das soluções mais simples e eficazes para resolver, pelo menos, temporariamente, o problema; mas, claro, sem levar em conta as consequências disso...

Cada vez mais eu me afastava das pessoas que tinha contato, cada vez menos eu conversava com os outros, cada vez menos eu conseguia confiar nas pessoas e cada vez mais agoniado eu me sentia.

Mas era o preço a se pagar por possuir um "poder" tão incomum.

Espero que eu e você possamos nos tornar amigos mais próximos, sem a preocupação de agir como um completo estranho depois de algo que você pensou ou deixou de pensar (já que uma folha de papel, teoricamente, não pensa, eu acho...).

Talvez eu realmente tenha me tornado um louco por estar conversando com um caderno, mas enfim...

Agora, eu preciso terminar minhas pendências da escola. Obrigado, diário, por ser meu terapeuta por hoje. <3

Após um longos minutos encarando a folha escrita, se questionando o quão paranóico e atordoado estava para fazer aquilo, Zhanghao fecha o caderno e o guarda na gaveta de sua escrivaninha, logo tomando os livros de atividades escolares, pronto para a focar em suas tarefas ainda pendentes, com a companhia de seus pensamentos e raciocínios, sem ninguém — ou sem nenhuma voz — que o impedisse de concentrar-se.

Mal sabia ele que sua nova solução para as vozes incessantes estava mais próxima do que ele imaginava...

A Telepath's Diary [HAOBIN - ZB1]Onde histórias criam vida. Descubra agora