Ela não dormiu naquela noite.
Ela não conseguiu dormir porque Quinn quase a tinha beijado e teria se Santana não tivesse interrompido. E Rachel não sabia o que isso significava. Claro, em um sentido muito lógico, poderia concluir que Quinn gostava dela, mas…aquela era Quinn e, como ela era objeto de sua afeição, às vezes a lógica tinha que ser desconsiderada. Mas reforçada por sua autoestima, ela escolheu acreditar que realmente Quinn tinha sentimentos por ela. O jeito como ela a olhara quando estavam prestes a se beijar fazia a acreditar que havia um pouco mais do que interesse. Foi… foi ardente e daquela vez Rachel tinha certeza de que não estava delirando porque Quinn estava pressionada contra ela, sua respiração irregular, o corpo inclinado, então fechou seus olhos e apenas esperou o que ela sabia que estava por vir. Se Santana tivesse mantido a merda da boca fechada.
E o que foi aquela piscadela que ela deu a Rachel, afinal? Será que ela sabia de alguma coisa? Rachel se perguntava se Santana sabia que ela era gay ou se... Santana sabia que Quinn era gay. Ou bi ou qualquer outra coisa— algo que não a fizesse ser totalmente hetero, porque se Quinn era hetero não havia necessidade dela ter prendido Rachel no balcão e fazer aquilo com ela— ou quase fazer.
Talvez ela só estivesse curiosa. Rachel entendia que essa era a idade de maturação, o suficiente para se iniciar uma exploração da sexualidade e talvez Quinn não fosse tão tensa quanto as pessoas achavam. Talvez sob a superfície era apenas uma garota que também pensava em sexo e sexualidade. Mas, porque Rachel de todas as pessoas?
Sua cabeça doía. Pensar em Quinn estava a fazendo explodir, mas ela não conseguia parar de pensar tanto. Ela se levantou de sua mesa, seus problemas de geometria ali esquecidos. Prometeu a si mesma resolve-los mais tarde, pegou um casaco e saiu pela porta.
"Papai, posso ir à casa de Finn?" Rachel perguntou quando desceu as escadas.
Leroy abaixou o jornal da sua linha de visão para olhar a filha. Ela estava uma pilha de nervos desde a noite anterior. Chupou os dentes pensando, antes de murmurar, "Claro."
O passeio até a casa de Finn foi relativamente silencioso. Rachel encolheu em seu assento quando Leroy a olhou desconfiado. "Como foi a sua sessão de estudos na noite passada?"
"Foi tudo bem" ela piou. "Eu já te disse isso."
Ele riu. "A memória é a primeira coisa a ficar velha, você vai aprender isso um dia."
Rachel zombou. "Você não é tão velho."
A conversa acabou com Rachel praticamente pulando para fora do carro quando Leroy parou na frente da casa de Finn. "Te vejo mais tarde, papai!"
Ele acenou para ela, mas ela já estava na porta. "Vejo você depois, querida."
Carole abriu a porta com um sorriso no rosto. Seu sorriso tomou uma pitada de confusão quando ela percebeu que era Rachel que estava lá. "Olá… Rachel. Como está você?"
Rachel pigarreou nervosamente, só agora percebendo que era a primeira vez que ia a casa dos Hudson após o término. "Oi, Carole" ela sorriu tão brilhantemente quanto possível. "Tenho estado bem, e você?"
"Também." Seu sorriso não vacilou, mas apertou quando ela deu um passo para o lado permitindo que Rachel entrasse. "Acho ótimo que você e Finn tenham sido capazes de manter a amizade mesmo depois que ele terminou com você."
Rachel parou um momento absorvendo o que Carole disse, e se voltou para ela. "E-ele— o quê?"
Carole franziu a testa em simpatia. "Oh, Sinto muito, Rachel. Eu sei que deve estar sendo difícil para você." Ela andou até Rachel e a envolveu em um abraço. "Eu sei quão fácil é se apaixonar por Finn— Ele é um bom garoto, afinal."
"Ele é" Rachel disse firmemente.
"Um menino tão doce."
Rachel saiu do abraço, oferecendo um sorriso a Carole antes de começar a subir as escadas. "Foi maravilhoso vê-la novamente, Carole!"
"Você também, Rachel!"
Ela marchou para o quarto de Finn, o constrangimento apertando o ombro, abriu a porta, batendo-a em seguida. Finn estava no chão, em frente à sua cama, absorto em um videogame. Rachel marchou até ficar ao lado dele, colocando as mãos nos quadris. "Por que sua mãe acha que você terminou comigo?"
O queixo dele caiu enquanto ele se atrapalhava com a resposta, tentando matar zumbis. "Uh… bem, essa foi apenas uma maneira de manter o verdadeiro motivo do rompimento em segredo. Você sabe, a verdadeira razão… você ser gay."
"Eu sei o que eu sou!" Rachel exclamou, as bochechas queimando. "Mas Carole estava lá, com pena de mim, achando que ainda sou apaixonada pelo bom, doce e inocente menino dela!"
Finn sorriu timidamente. "Eu sou muito doce."
"Ugh!" Ela levantou os braços e bateu os pés mais uma vez. Expirou lentamente, dizendo a si mesma para se acalmar, porque aquele não era o motivo que a tinha levado até ali. Seu estômago se apertou quando imagens da noite passada se infiltraram em sua cabeça. Ela alisou as costas da saia e sentou na cama de Finn. "Ok, eu não quero falar sobre isso agora. Tenho algo importante para discutir com você."
Ele olhou para ela como se ela fosse louca, virando-se, em seguida, para o videogame. "Você é a única que está gritando comigo, mas tudo bem. Sobre o que você quer falar?"
"Quinn tentou me beijar ontem à noite" Rachel murmurou enquanto suas mãos se remexiam em seu colo.
Finn continuou olhando para a tela da TV. "Como você gostaria, em seus sonhos, ou—"
"Não" Rachel respondeu imediatamente, ligeiramente ofendida. "Na vida real."
Isso fez com que Finn pausasse o jogo. Ele o salvou e desligou o videogame, levantando-se lentamente. "Quinn beijou você?"
"Quase me beijou" ela resmungou. "Santana interrompeu."
Finn olhou para ela não compreendendo. "Então… Quinn na realidade—explique isso."
Ela corou ao lembrar da situação que teria que explicar. "Ok, bem, nós estávamos conversando—"
"Sobre o quê?"
"Eu ser gay."
Finn riu. "Então, você apenas introduziu esse assunto?"
Rachel sorriu, um sorriso maroto por conta do que estava prestes a revelar. "Foi Quinn quem iniciou a conversa."
Finn levou a língua até a bochecha, seu rosto transformado em um fascínio mudo. "Ela que iniciou a conversa sobre você ser gay?"
Rachel assentiu. "Ela me perguntou como era. Então eu tentei responder, mas, de qualquer maneira— essa é a melhor parte." Os olhos dela brilharam com o entusiasmo que ela não se permitiu sentir na noite passada. Agora ela estava retransmitindo tudo para Finn, e parecia que ela realmente revivia toda a noite que passara com Quinn. "Ela me perguntou se eu gostava de alguém e eu perguntei porque isso importava para ela. E ela disse que não sabia."
"Sim, mas isso não parece muito bom" Finn admitiu.
Rachel fez uma careta para ele. "Eu não terminei. E então ela disse que às vezes me pega olhando para ela." Finn sorriu enquanto Rachel continuou. "Então eu perguntei como ela sabia disso, a menos que ela estivesse olhando para mim também."
"Certeira" Finn disse com um sorriso malicioso.
Rachel sorriu timidamente. "Ela não disse nada depois disso."
Ele sentou ao lado dela, olhando-a em uma mistura de confusão e terror enquanto a história se desenrolava.
"Então, eu fui até a cozinha beber um pouco de água" Rachel continuou. "Eu realmente não estava esperando que ela respondesse. Então, estava eu na cozinha; Mas eu não conseguia pegar o copo no armário e acho que estava expressando minha frustração alto demais, porque Quinn chegou um pouco depois." Fez um gesto vago com as mãos, sorrindo ironicamente. "Ela me chamou de anã. Nada de novo, certo? Mas sequer soou como um insulto. Parecia que ela estava brincando ou algo assim. Então, ela estava atrás de mim e pegou o copo para mim. E a próxima coisa que senti foram os seus dedos em meu cabelo e—"
Finn se mexeu na cadeira. "Bem, isso é-isso é—"
"Eu não acabei" Rachel interrompeu. "Então eu decidi acabar logo com aquilo e me virei para encará-la, eu estava cansada de ser confundida e só queria saber o que ela estava pensando. E então ela segurou o meu rosto assim." Rachel segurou ambas as faces de Finn, trazendo-o para perto, face a face. "E ela franziu os lábios" Rachel sussurrou. "E os seus olhos se fecharam e eu sei que ela teria me beijado se Santana não tivesse interrompido, Finn."
O rosto de Finn estava enrugado como se ele sentisse dor e ele respirava profundamente de modo que Rachel se afastou para olhá-lo preocupada. "Você está bem?"
"Bem" ele sussurrou, a ereção reveladora entre as coxas. Rachel fez uma careta quando finalmente a viu, virando-se de costas para dar privacidade a ele.
"Eu não conto essas coisas para realizar as suas óbvias fantasias lésbicas, Finn" ela resmungou, cruzando os braços.
"Yeah, bem, você quer meu conselho?" ele resmungou de volta. "Eu não posso te ajudar sem que isso não venha como um preço a se pagar algumas vezes."
Ela suspirou. "Finn, o que tudo isso significa?"
Ele encolheu os ombros. "Com Quinn, nunca se sabe. Mas posso te dizer que ela não faz nada por acaso."
"Você quer dizer que ela quase me beijou de propósito?" Rachel perguntou com esperança.
"Sim…, mas não sei se isso significa que ela gosta de você." Ele coçou a cabeça pensativo, tentando se explicar.
"Mas você acabou de dizer que ela não faz nada por acaso."
"Certo. Mas isso não quer dizer nada, considerando que ninguém nunca sabe o que ela está pensando." Ele piscou os olhos como se recordando alguma dor do passado. "Ela é meio louca."
Rachel gemeu, jogando-se para trás e caindo na cama. O aroma de gozo velho entrou em seu nariz e fez seus olhos arderem. Ela os apertou, colocando a palma das mãos em seus olhos frustrada. "Finn, isso não está ajudando."
Ele se virou para olhá-la. "Alguma vez você já pensou em, não sei, falar com ela?"
Soou um pouco sarcástico, mas Rachel não tinha certeza, porque ela nunca tinha ouvido ele usar do sarcasmo antes. Mordiscou os lábios antes de responder da melhor maneira que pode. "Eu estou com medo."
"Você nunca teve medo de Quinn."
"Sim, mas eu não sentia nada por ela antes que não fosse admiração por sua beleza física. Agora, eu-eu gosto dela," disse com cautela. "Eu gosto do fato de que ela pode ser agradável e prestativa quando ela quer."
Finn suspirou. "Eu não sei como te ajudar."
Rachel se inclinou para dar um tapinha no ombro dele. "Não, você já fez o suficiente. Obrigada. Pelo menos agora eu sei que não foi algo impulsivo, coisa de momento. Foi proposital. Isso é melhor do que nada, certo?"
Ele sorriu. "Você está pronta para isso, cara."
"Finn."
"Rachel" ele se corrigiu com uma careta quando ela lhe lançou um olhar atravessado.
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What Doors May Open - Faberry
FanfictionUniverso Alternativo. Rachel se assume gay e termina com Finn. Aos poucos as pessoas começam a ter conhecimento, mas quando, enfim, a Capitã das Líderes de Torcida, Quinn Fabray, descobre, Rachel jamais imaginaria que sua vida mudaria de tal forma. ...