"Então, meu pai totalmente sabe que sou gay" Kurt suspirou com a boca cheia de batatas fritas enquanto se sentava cruzando as pernas em cima da cama de Rachel. "Ele disse que sabe desde que eu tinha três anos. Quão perturbador é isso?"
Rachel riu em uma colher de sorvete de soja delicioso. “Kurt, querido, eu amo você, mas a sua sexualidade é tão sutil quanto você acha que está sendo quando olha para Finn."
Ele sorriu. “Diz a moça que olha Quinn pelo corredor depois que ela vai embora."
Ela previsivelmente corou e abaixou a cabeça para olhar para o pote de sorvete que Hiram tinha comprado no supermercado. “Ela é realmente bonita, ok?"
"Aparentemente.” Ele fechou o saco de batatas e reclinou para trás na cama de Rachel. "De qualquer forma, eu estou saindo do time de futebol."
"Por quê?"
"Porque meu pai já sabe que eu sou gay. E por mais que eu goste de olhar para os meninos quase nus no vestiário, o suor e o mau cheiro que vem de seus poros não valem a pena."
Rachel bufou em torno de outra colherada. "Eu disse que vocês garotos são brutos."
Ele se virou para o lado, apoiando a cabeça na mão. "Como foi a conversa com Quinn ontem?"
"Embaraçosa" Rachel gemeu, gesticulando no ar com a colher. “Santana apareceu na mesma hora que eu ia fala com ela. Então Quinn disse que não ia conversar comigo." Ela fez uma pequena pausa. "Então ela acabou me beijando no banheiro depois das aulas e antes do Glee."
"Foi por isso que você ficou olhando para ela o tempo todo e ela propositalmente não olhou para você?" Kurt perguntou. "Seja mais óbvia, sério."
Rachel revirou os olhos. "Até onde todo mundo sabe, Quinn é a garota mais hetero do McKinley e está completamente desinteressada em qualquer coisa sexual." Ela enfiou a colher no pote de sorvete macio. "Honestamente, se ela quiser secretamente experimentar a sua sexualidade, ela criou o personagem perfeito para isso."
"Não é isso o que ela está fazendo?" Kurt perguntou timidamente.
A colher caiu com um ruído abafado no pote com sorvete já derretido. Rachel passou a mão por sua boca, removendo o excesso de açúcar. Seus dedos pousaram em seu lábio inferior, lembrando do quão Quinn era ardente e apaixonada quando Quinn jogava a cautela ao vento e beijava Rachel com abandono. "Eu não quero ser uma experiência" ela murmurou tristemente.
"Então o que você quer?"
"Não é óbvio?" ela perguntou completamente exausta.
Ele deu de ombros, levantando-se sobre os cotovelos para pegar uma colherada de sorvete. "Talvez não."###
A festa de pijamas era tudo o que ela pensava. E apesar de apenas vislumbrar ficar perto de Quinn e de suas amigas a deixasse nervosa, ela não podia deixar de imaginar isso. E a possibilidade de ter seus lábios pressionados novamente contra os de Quinn, se jogasse as cartas certas, era atraente demais para resistir.
Ela esperava que elas tivessem alguma chance de conversar, mas se não o fizessem simplesmente ter a oportunidade de beijar Quinn não era uma má opção.
A campainha sinalizando o fim da aula soou e Rachel deslizou para fora de sua cadeira, erguendo a mochila em torno do ombro e saindo da sala de aula. O corredor estava cheio de estudantes e Rachel se desviou de todos que, como ela, se aventuravam do corredor para a próxima aula.
De onde estava, viu Santana do outro lado do corredor, rabo de cavalo balançando de um lado a outro enquanto desfilava com um propósito. Quanto mais ela se aproximava mais os olhos de Rachel cresciam ao perceber o que estava em suas mãos. Um copo extragrande do que Rachel tinha certeza ser raspadinha gelada. Um grito ecoou de sua garganta quando ela praticamente pulou em direção aos armários esperando que Santana não a visse. Lembranças do frio cortante deslizando por sua pele fez com que seus braços se arrepiassem.
Ela passeava pelo corredor com confiança. A respiração de Rachel ficou presa na garganta quando o olhar de Santana olhou os seus, com um brilho de diversão cruel. Seus lábios esticados em um sorriso enquanto ela continuava pelo corredor.
Rachel estava ali, atordoada quando Santana passou por ela. Ela lentamente se empurrou para se desencostar dos armários e ver exatamente para onde Santana estava indo. Santana parou em frente a uma garota que parecia-parecia... Molly?
Seus pés a levaram para lá sem que assim os ordenasse.
"…então como eu estava dizendo, não é que eu queira cobrir o seu rosto com raspadinha de uva, mas é o que tem que ser feito" Santana disse com um encolher de ombros.
"Santana!"
Seu rabo de cavalo se virou quando Santana olhou para Rachel. "O que é, Stubbles? Você está estragando a situação."
Os olhos de Rachel correram de Santana para Molly, olhando petrificada como a outra garota estava contra o armário. "O que está mesmo acontecendo aqui?" Molly perguntou.
Ela se esvaziou com a questão, os olhos suavizados em pedido mudo de desculpas. "Me desculpe—Eu realmente não sei—bem, você está prestes a ser atingida. Você já recebeu raspadinha antes?"
Molly balançou a cabeça, os cabelos loiros balançando para lá e para cá.
"Então porque está recebendo agora?" Rachel perguntou, a voz em um grunhido irritado. Ela odiava ver os outros sendo intimidados.
Santana deu de ombros com indiferença. "É o que Quinn quer."
Pareceu que o mundo dela inclinou de eixo e bateu em sua bunda de uma vez só: "Q-Quinn?" ela gaguejou sem compreender. "Quinn te pediu para fazer isso?"
Outro dar de ombros. Santana olhou para baixo para o gelo lamoso do seu copo, girando-o antes de tomar um gole. "Olhe, eu não tenho o dia todo, certo? Passe para o lado e me deixe apagar essa garota em um banho gelado."
"Não" Rachel respondeu com força. "Você não vai jogar raspadinha sem qualquer razão. Você simplesmente sai por aí o tempo todo fazendo o que Quinn te pede sem pensar?"
O que pareceu causar uma reação em Santana que inclinou o quadril para fora desafiadoramente, os olhos piscando quando ela encarou Rachel. "Que tal você calar essa sua boca grande e se mover para longe, Berry."
"Posso ir, por favor?" Molly perguntou. Ambas se viraram para ela ao mesmo tempo e ela pareceu se encolher de volta para os armários. "Tudo o que eu queria fazer era encontrar meu namorado depois da aula dele."
A sobrancelha de Santana subiu ao longo de sua testa. "Namorado? Huh."
"Jogue em mim" Rachel sugeriu, os olhos rapidamente correndo entre as duas. "Ela não merece isso."
"É apenas um copo com gelo colorido, Berry, não uma bala" Santana respondeu divertidamente.
"Você não sabe como é horrível, Santana." Ela deu uma olhada em Molly em seguida, lábios apertados em firmeza absoluta. "Ok, jogue em mim. Molly, vá para sua aula."
Molly olhou para as duas, em seguida correu pelo corredor rapidamente sem olhar para trás. Rachel suspirou. Lá se fora uma quase amiga que provavelmente perdera para sempre. Ela olhou para o copo na mão de Santana. "Jogue em mim."
Santana olhou desconfiada para ela. "Isto não é realmente o que eu deveria fazer, Berry."
Um sorriso vacilou na voz de Rachel quando ela percebeu o tom de preocupação na voz de Santana. Seus ombros caíram cansados. "Está tudo bem. Estou acostumada com isso. Apenas— poderia fazer isso rápido?"
Santana assentiu. Rachel cerrou os olhos apertados. A próxima coisa que sentiu foi a picada gelada contra o seu rosto. Como um tapa de refrigeração fazendo seu queixo cair por conta do choque e do constrangimento. A raspadinha penetrou em sua boca e ela a cuspiu, apenas para escorrer por seu queixo. "Obrigada" ela sussurrou sem fôlego, sentindo como se alguém tivesse batido com o vento nela.
Ela levou as mãos ao rosto para enxugar a calda grossa em seus olhos para que ela pudesse ver, então rapidamente saiu correndo, andando em direção ao banheiro. Ela abriu a porta e foi direto para o dispensador de papel toalha tirando tantos quanto podia e os esmagando conta o rosto para enxugar o excesso de líquido. Sentia a raspadinha infiltrando em sua camisa e só sabia que seu sutiã estava manchado.
Uma súbita onda de raiva explodiu através dela. E ficou surpresa ao descobrir que essa raiva era dirigida exclusivamente a Quinn, por causa do simples fato de que Quinn utilizava de intimidação com as pessoas apenas porque não podia simplesmente se expressar como uma pessoa normal.
Rachel bufou um suspiro irritado quando arrepios eclodiram ao longo de sua pele.
Ela correu lentamente a toalha de papel no rosto. Quando puxou para longe, estava se olhando pelo espelho com raiva de si mesma. Não havia uma maneira de saber que diabos Quinn estava fazendo, mas ela tinha cruzado a linha. Ela estava trazendo outras pessoas para sua bagunça quando eles sequer podiam imaginar o que estava acontecendo com as duas.
De repente a porta se abriu com força e Rachel pulou para trás em choque. Seus olhos se estreitaram em aborrecimento quando ela viu Quinn caminhar em sua direção com uma expressão irritada. "No que você estava pensando?" ela rosnou.
"Agora não, Quinn." Rachel voltou a correr as toalhas de papel através do seu cabelo. "Eu não quero falar com você agora considerando que ordenou Santana jogar raspadinha em minha amiga."
"Porque diabos você está coberta de raspadinha?" Quinn perguntou, a voz tensa e irritada enquanto ignorava a declaração de Rachel. "Não era para você."
Rachel revirou os olhos. "Claro que não. Era para Molly."
"Sim."
"Por quê?"
Quinn a ignorou. Ela estendeu a mão e pegou as toalhas de papel que estavam com Rachel. Rachel virou para ela, um discurso irritado rapidamente se formando na ponta da língua. Então Quinn estendeu a mão para pegar uma mecha de seu cabelo, deixando Rachel em silêncio enquanto os limpava meticulosamente. Seu peito arfou uma vez, com a respiração gigante para repreender corretamente Quinn e então esvaziou com surpresa. Ela viu a forma como os olhos de Quinn suavizaram com uma ponta de arrependimento, as sobrancelhas unidas enquanto ela continuava a limpar seus cabelos já limpos.
Dedos longos penteavam gentilmente os cabelos de Rachel que quase caiu em transe com a forma suave com que estava sendo acariciada. Quinn soprou sua respiração, encontrando os olhos de Rachel uma vez, e, em seguida, olhando para longe. Ela amassou a toalha de papel em sua mão e se afastou em direção à lata de lixo. Rachel respirou fundo, sentindo um silêncio opressivo pesar sobre elas enquanto caminhava até o dispensador de papel toalha. Ela se virou enxugando sem jeito o seu peito enquanto Quinn a olhava do outro lado do banheiro.
"Isso foi desnecessário" ela resmungou.
"Como eu disse, não foi para você."
"Certo, era para Molly" Rachel estalou, jogando as mãos para o alto. "Foi para ela porque você se sentiu ameaçada, já que não pode admitir o fato de que gosta de mim."
"Eu não—" Quinn parou rápida. Ela suspirou em voz alta, colocando as mãos firmemente em seus quadris e olhando feio para Rachel.
Rachel se virou distante, olhando para o estrago feito ao seu suéter através do espelho. Ela observou Quinn se aproximar lentamente. Com a menor distância, o corpo de Rachel relaxou e ela odiava o fato de que, embora estava loucamente irritada com Quinn, o corpo dela era capaz de reagir daquela maneira.
Quinn a olhou fixamente por um momento, com as mãos contraídas ao lado do corpo antes dela se bater com os punhos. "Eu realmente sinto muito" ela murmurou, desviando os olhos dela.
Ela assentiu, aceitando aquela pequena concessão. Ela sentiu sua raiva lentamente se esvaindo enquanto a olhava através do espelho, sentindo como se a tivesse vendo pela primeira vez. Quinn era apenas uma garota como ela, assustada e confusa, assim como Rachel se sentira há semanas atrás quando finalmente admitira a Finn que ela era gay. Às vezes ela se sentia confusa até agora.
Suas mãos caíram até a pia em exasperação tranquila e ela a agarrou com força, olhando para os pedaços de gelo roxo convergindo para o ralo. "Molly tem um namorado" ela sussurrou após alguns instantes.
A cabeça de Quinn subiu imediatamente olhando para o perfil de Rachel. "Eu pensei que você disse que não gostava dela."
"Eu não gosto. Mas você—" ela fez uma pausa, não querendo usar a palavra ameaçada novamente porque isso implicaria em dizer que Quinn realmente nutria sentimentos por ela e por algum motivo elas não poderiam falar sobre isso. "Apenas saiba que eu não gosto dela. E que ela tem namorado, então…"
"Então?" Quinn a cercou, dando um passo para perto.
Rachel olhou para ela. "Então, você pode parar de atacar alguém que não merece isso." Ela sustentou o olhar de Quinn sem hesitar, deixando-a saber que aquilo não era algo que ela voltaria atrás.
Ficaram ali se olhando por alguns instantes. Rachel observou a força com que os olhos de Quinn se arregalaram por uma fração de segundo antes deles caírem para seus lábios. Foi completamente evidente e ela revidou com um pequeno sorriso, permitindo que Quinn a admirasse em silêncio.
Sua respiração engatou quando Quinn se aproximou ainda mais. Seus narizes se escovaram suavemente e os olhos de Rachel se fecharam por instinto.
"Posso te beijar?" Quinn surpreendentemente sussurrou contra seus lábios. Ela olhou nervosamente por cima do ombro, depois voltando para Rachel suplicando. "Tipo, mais tarde ou algo assim? Você vai pra casa comigo?"
Seus olhos se abriram amplamente em estado de choque pela forma como a pergunta pareceu genuína, como se Quinn não tivesse certeza se elas estavam bem ou não. Ultimamente começava a parecer que elas estavam realmente juntas, como em um relacionamento. Aquele momento marcava a sua primeira briga, e depois, se Rachel consentisse, amassos na casa de Quinn seriam a versão delas de fazer as pazes.
Rachel consentiu.
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What Doors May Open - Faberry
FanfictionUniverso Alternativo. Rachel se assume gay e termina com Finn. Aos poucos as pessoas começam a ter conhecimento, mas quando, enfim, a Capitã das Líderes de Torcida, Quinn Fabray, descobre, Rachel jamais imaginaria que sua vida mudaria de tal forma. ...