Rachel olhava para Finn cética enquanto ele pegava três canetas de sua mesa, segurando duas com a mão esquerda e uma com a direita para demonstrar o quão bom ele poderia ser com malabarismo. Ela estava cética por duas razões. A primeira, não havia qualquer maneira, sequer no inferno, de Finn ser capaz de fazer malabares com aquelas canetas, o que findaria com ela correndo para o banheiro atrás do kit de primeiros socorros. E a segunda… Finn acabara de lhe contar que não dissera nada a Quinn.
"Tem certeza?" Rachel perguntou a Finn caminhando para o meio do quarto e se sentando no chão. Ela contornou a cama querendo dar mais espaço entre ela e as canetas que, sem dúvida, irão voar durante a demonstração de Finn. Cruzou as pernas. "Se você contou a ela, você deve me dizer."
"Eu não contei," Finn insistiu com a voz orgulhosa. "Honestamente. E tenho que te dizer, ela estava tão assustadora, Rachel. Você devia ter visto."
"O que ela fez?" Rachel perguntou em curiosidade genuína.
Finn acenou como se não fosse nada. Ele jogou uma caneta no ar e, em seguida, tentou atirar a outra em direção a sua mão livre— em algum momento, no meio do caminho, ele não tinha nenhuma das mãos livres e a caneta caiu no chão. Rachel suspirou em alívio por nada ter atingido seu olho. "Ela falava coisas como, 'Você precisa me contar o que aconteceu entre você e Rachel,' ou algo parecido e—"
"Ela disse 'Rachel'?" Rachel deixou escapar.
"—então ela— o quê?" Finn fez uma pausa diante da pergunta, segurando as canetas firmemente em suas mãos enquanto olhava para Rachel.
"Eu só estava pensando— ela fez isso? Disse meu nome, quero dizer," ela elaborou melhor.
Finn olhou para ela estranhamente, uma mistura de compreensão e irritação—provavelmente por perceber que Rachel realmente se importava se Quinn falara ou não o nome dela.
"Ela disse Rachel" ele afirmou com uma ligeira hesitação. "De todo modo, então eu falei que não iria dizer nada a ela e em seguida ela veio toda doce, sabe?"
"Não" Rachel disse claramente e Finn riu.
"Bem, ela faz isso quando não consegue o que quer" explicou ele, gesticulando com as mãos cerradas segurando as canetas. "Primeiro ela tenta exigir com autoridade e quando não consegue o que quer, ela tenta ser boa para você."
Rachel sorriu divertidamente ao saber que Finn quebrou uma das muitas táticas de Quinn Fabray.
"Então, quando isso também não funciona, ela volta a exigir, mas como isso se dá eu não sei, provavelmente com algum aviso ou ameaça de que as coisas ficarão muito ruins se você não der o que ela quer." Ele fez uma pausa, enquanto tocava o queixo pensativamente. "Eu nunca consegui passar desse nível antes porque eu já vi a Quinn assustadora algumas vezes e é, você sabe... assustador."
"Ela era a Quinn assustadora na noite passada?"
Finn assentiu gravemente, os olhos arregalados. "Ela me fez sentar e em seguida ela estava em pé, em cima de mim, quando disse: 'Diga-me o que eu quero saber, Finn'" ele zombou da voz dela, pronunciando cada silaba como se fosse Quinn o que fez Rachel rir do quão ridículo aquilo parecia. "Então eu disse que não iria dizer e ela, 'Você sabe que eu tenho o poder de acabar com a sua reputação, certo?'"
"Ouch" Rachel estremeceu.
Finn encolheu solenemente, continuando. "'Eu tornei você quem você é, Finn, não se esqueça disso. E eu posso acabar com você. Então, que tal você me dizer porque você e Rachel romperam e aí a coisa não vai muito longe.'"
Embora saber que Quinn ameaçou a reputação de Finn fosse muito ruim, Rachel não pode evitar se sentir feliz por saber que Quinn havia dito o nome dela duas vezes na presença de Finn. Às vezes ela se perguntava se Quinn sabia o seu nome, mas aquela era uma prova de que, sim, sabia, mas evitava usá-lo propositalmente.
"Estou surpresa quanto ao fato de que você realmente ter sido capaz de manter o segredo" Rachel disse depois de um momento. "Obrigada, Finn."
Ele sorriu. "Eu lhe disse que o manteria."
"Mesmo assim, isso é… estranho," ela murmurou. "Por que ela está tão obcecada com isso?"
Ele deu de ombros. "Talvez seja apenas nesse momento. Penso que agora que ela sabe que eu não vou falar nada, ela esquece." Ele jogou uma caneta no ar novamente e começou a fazer malabarismos. Como um malabarismo real.
"Um" Rachel respirou numa voz impressionada. "Você verdadeiramente sabe jogar isso."
"Eu te disse."
Ele continuou por mais alguns minutos até que finalmente acabou com uma caneta em seu olho. "Merda, Rachel!"
Ela já tinha pulado a cama e caminhado para o banheiro para pegar o kit de primeiros socorros. Remexeu nos armários até puxar a caixa branca para fora, correndo de volta para o quarto. Finn estava na cama, segurando o olho direito. "Porque isso dói tanto?"
Rachel sorriu. "Porque você estava manipulando objetos pontiagudos."
"Não é como se você tivesse algo macio para fazer malabarismos por aqui" ele resmungou.
Ela pacientemente tirou a mão dele do olho, estremecendo, o olho levemente fechado, inchado, olhando de volta para ela. "O melhor que posso fazer é criar um tapa-olho improvisado para você, Finn." Ela esfregou um pouco abaixo do olho.
"Isso é bom" ele disse a ela.
Rachel pegou o seu kit de primeiros socorros e meticulosamente fez um tapa-olho. Ela tapou o olho de Finn e deu alguns passos para trás para olhar para ele com um sorriso divertido. "Você parece um pirata."
Ele fez uma careta em meio a um sorriso, o orgulho ferido, murmurando um "Argh" som este que fez Rachel rir. Ela se afastou arrumando a caixa, Finn olhando para ela o tempo todo. "Então, você não gostou dos nossos beijos… absolutamente?"
Houve uma pausa no que ela estava fazendo antes de se voltar para ele, evitando os olhos de Finn quando murmurou, "Não é que eu não os tenha apreciado. Eu gostei deles por que eles eram... eles eram um sinal de afeição."
"Mas eles não faziam você vibrar" ele finalizou as palavras não ditas.
Ela balançou a cabeça, mas não vocalizou a negação.
Finn lambeu os lábios nervosamente, cobriu o olho latejante, e perguntou, "Pensar em Quinn te excita?"
"Eu não penso nela frequentemente" Rachel disse rapidamente.
"Mas quando você pensa," ele disse lentamente, "isso faz você vibrar."
Ele não expressou aquilo como uma pergunta, de modo que Rachel não se incomodou em responder. Mas o silêncio que permanecia entre eles era o suficiente para ser uma resposta. Ela fechou o kit com um suspiro. " Eu não sei por que temos que continuar a falar sobre ela."
"Eu só— é estranho."
"Eu sei, ok?" Ela finalmente levantou os olhos encontrando os dele. "Isto também é estranho para mim e honestamente eu gostaria se pudéssemos seguir em frente. Agora que Quinn sabe que ela não estará a par do porquê terminamos, ela pode seguir em frente também. E todos nós poderemos seguir em frente a partir deste pequeno conflito, como se ele nunca houvesse acontecido."
Finn concordou relutantemente de maneira tal que mostrou a Rachel que ele ainda queria falar sobre a sexualidade dela par amenizar seu próprio grilo a respeito. Mas isso ela poderia aguentar, poderia falar moderadamente bem sobre sua sexualidade, falar sobre sua sexualidade em relação a Quinn é que a deixava extremamente desconfortável.
Ela suspirou ao ver o olhar ansioso no outro rosto. "Tudo bem, Finn. Mas você só pode me perguntar sobre o fato de eu ser gay, não sobre Quinn." Ela pegou o kit de primeiros socorros, franziu o cenho e resmungou, "Eu não sou algum tipo de aberração de circo."
"Você não é," Finn concordou. "Eu não sei; só estou curioso. As únicas lésbicas que já vi eram atrizes pornôs e ainda assim geralmente essas estavam também com homens, então minha experiência com lésbicas é meio—"
"Pervertida" Rachel brincou, fazendo uma careta para o fato de que Finn via pornografia. Não que houvesse algo de errado em assistir pornô— ela tinha visto um pouco para fins de pesquisa— mas ela já foi na casa de Finn, vira o computador que estava na mesa da cozinha compartilhado entre ele e sua mãe e a imagem horrível de Finn na cozinha, masturbando-se no mesmo computador que sua mãe usava era... grosseira.
Finn parou um pouco corado, mas ao mesmo tempo com um sorriso orgulhoso. "Eu acho que o que estou dizendo é, umm, como funciona o lesbianismo?"
"Não é diferente de um relacionamento heterossexual padrão" Rachel disse enquanto caminhava até o banheiro para devolver o kit de primeiros socorros. Ela voltou para o quarto com uma expressão pensativa. "Mas eu realmente nunca estive em um relacionamento com uma garota, então acho que de fato não sei."
"O que acontece quando vocês estão no mesmo, uh... ciclo ou o que?"
Rachel olhou para ele estranhamente. "O que você quer dizer?"
Ele deu de ombros. "Quando Quinn e eu estávamos namorando, ela se queixava de que não era capaz de tolerar Santana quando as duas estavam em seus períodos ao mesmo tempo." Ele fez uma pausa para respirar. "E então ela chorou."
Rachel tentou lutar contra um sorriso que queria crescer em seu rosto. Havia algo de estranhamente refrescante em saber que Quinn conseguia expressar emoções diferentes além da raiva. Fora agradável saber que ela era capaz de chorar.
"Provavelmente seria moderadamente difícil lidar com minha hipotética namorada quando nós duas estivermos no mesmo ciclo" ela murmurou pensativa. Suspirou. "Mas, suponho que isso não importe porque duvido que vá ter uma namorada enquanto viver em Lima."
"Por causa da homofobia, certo?"
"Sim…" ela mordeu os lábios pensativamente.
"Então, se você soubesse de uma garota gay daqui, você ficaria com ela?" Ele colocou a mão no olho com cuidado para avaliar os danos e gemeu com a quantidade de dor que sentiu.
"Não toque nisso" Rachel o bateu. Ela caminhou e se sentou ao lado dele na cama enquanto pensava na pergunta. "Eu não sei," ela disse finalmente. "Eu não conheço nenhuma lésbica aqui, e se eu conhecesse, não sei se gostaria de estar com ela, se não estiver caindo de amor ou de desejo por ela. Esses são aspectos importantes de um relacionamento para mim."
Finn se mexeu, murmurando baixinho para si mesmo. Rachel o pegou instantaneamente no ato, olhando para baixo, para a ereção que ela podia ver marcada em sua calça. Ela fechou os olhos em descrença e exasperação. "Finn—"
"Sim, desculpa por isso" ele respondeu timidamente. "Mas foi culpa sua; você continuou falando sobre desejo entre mulheres e outras coisas."
"Eu disse a palavra desejo apenas uma vez!" Rachel disse incrédula.
"O que posso dizer— Eu sou fácil!"
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As coisas estavam normais.
Relativamente.
Ninguém, além de Kurt, sentiu necessidade de trazer a sua sexualidade à tona nos últimos dois dias. E mesmo quando Kurt falou sobre isso ele estava apenas tentando ser solidário. Excessivamente, mas era melhor do que qualquer outra alternativa. Rachel ainda se sentia do mesmo jeito, mas… livre. Ela não tem que manter um namoro e beijar Finn— ou qualquer outro garoto. Esse pensamento a fez sorrir. Para em seguida fazer nascer uma carranca, porque não era como se ela fosse namorar ou beijar garotas em breve.
Ela deixou um suspiro ultrapassar os seus lábios porque simplesmente não sabia nem por onde começar quando se tratava sobre garotas se beijando. Claro, ela tinha pensado sobre Quinn uma, duas… algumas vezes, mas onde supostamente ela deveria colocar as mãos? Será que as garotas gostavam de língua em suas bocas ou seria muita coisa, porque toda vez que Finn tinha enfiado a língua em sua boca ela sentia como se fosse uma invasão.
Rachel não estava realmente certa. Não que isso importasse, porque não havia maneira dela beijar qualquer garota em breve. Talvez quando ela fosse morar em Nova York, um lugar onde a homossexualidade era mais aceita e tinha mais lésbicas assumidas. Nova York parecia o lugar onde o seu talento e sua sexualidade iriam florescer.
Todo o corredor começou a se mexer e Rachel fechou seu armário— certificando-se de pegar seus livros— antes de se recostar nele. Quinn, Santana, e Brittany caminhavam pelo corredor em sua rotina típica de garotas malvadas. Mas dessa vez era diferente. Quinn chamou sua atenção, sussurrando algo para Santana, em seguida para Brittany, separando-se suavemente da dupla e andando na direção a ela.
Rachel tentou o seu melhor para se prender ao armário enquanto Quinn se aproximava, aparentemente em slow motion, porque estava demorando uma eternidade para ela andar por esse maldito corredor. Pela primeira vez, Rachel desejou que um jogador passasse por ali, a empurrasse contra o armário e a fechasse nele. Seus olhos, ampliados em sua cabeça, olhavam ao redor, tentando encontrar alguém, qualquer pessoa mais próxima dela do que Quinn, que continuava andando calmamente, mas não havia ninguém.
Quinn se aproximou dela, encostando-se no armário e Rachel assistiu Santana e Brittany continuarem pelo corredor sem olhar em sua direção.
"Berry."
Ela ficou tensa diante daquela voz, virou-se para encarar sua dona de maneira plena. Quinn estava à sua frente, uma mão apoiada no armário a outra em seu quadril.
Rachel engoliu em seco para respirar. "Bom dia, Quinn. Espero que esteja tudo bem com você" ela se desprendeu do armário. "Bem, de qualquer forma, tenho que ir para a aula logo, antes que alguém tome o meu lugar—"
"Pare de falar" Quinn instruiu em tom de voz que não admitia discussão
Rachel respirou fundo e se manteve parada. Ela brevemente olhou para além de Quinn, vislumbrando a agitação do corredor. Respirou fundo, desejando para si mesma calma. Não pode evitar olhar para trás em busca de alguma pessoa com raspadinha na mão apenas esperando por ela.
Quinn bufou em um suspiro irritado. "Eu estou aqui, Berry. Preste atenção."
Quando suas costas pareceram suficientemente seguras, Rachel se virou para Quinn, que, obviamente, mantinha um olhar irritado em seu rosto. Seus olhos se estreitaram um pouco enquanto seu olhar correu Rachel de cima a baixo, antes de desviar seus olhos novamente de repente. "Finn não quis me contar porque vocês dois terminaram."
Rachel lutou contra um sorriso, diante da óbvia frustração de Quinn diante do fato de Finn não ter contado a ela. Seus lábios tremeram.
"No entanto" Quinn resmungou, "ele me informou que você está mantendo um pequeno segredo, Berry, e eu tenho a intenção de descobrir qual é."
Ela empalideceu. Finn não tinha dito aquela parte a ela. "P-por quê?" ela gaguejou. "Por que você quer tanto saber?"
Quinn deu um daqueles sorrisos que faltavam calor e disse, "Porque você está escondendo alguma coisa e eu quero saber o que é."
"Sim, algo que não tem absolutamente nada a ver com você," Rachel respondeu em um tom irritado. Ela está começando a se sentir como um animal encurralado. E, como tal, suas garras começaram mais ou menos a se apresentar. "Isto não é de sua conta."
Quinn deu um passo ameaçador para perto. "Estou tornando isso de minha conta," ela disse modestamente. "E eu sugiro que você me diga, porque se não o fizer, eu vou fazer da sua vida um inferno."
Rachel zombou ironicamente, olhando para Quinn. "Como se você já não fizesse isso."
Ela viu quando Quinn respirou fundo, fechando os olhos como se estivesse contando até dez para conseguir falar com ela. Quando seus olhos se abriram de novo, eles tinham menos malícia do que normalmente, mas não estavam menos intensos enquanto Quinn aparentemente cavava um buraco através dela. "Eu vou descobrir, de uma maneira ou de outra."
O barulho dos alunos conversando e rindo estavam sendo abafados até que desapareceram. Rachel sentiu como se alguém tivesse enfiado um punhado de algodão em seus ouvidos e de alguma forma a única pessoa que podia penetrar na neblina em sua mente era a mesma pessoa que a criou.
Quinn deslizou o braço pelo armário. Ela prendeu a mão que não estava em seu quadril, em um dos lados de Rachel, preenchendo perigosamente a gravidade dela quando deu um passo para mais perto. Seus olhos percorriam o corpo de Rachel com uma pequena carranca. "Finn viu algo em você, deve ter visto se ele me deixou por você."
Rachel estava estupefata diante da mais recente revelação de Quinn e o tom curioso que foi falado. Ela não sabia como reagir ao olhar de expectativa no rosto da outra, à espera de uma resposta. Agora. "Eu realmente não sei o que dizer..."
Quinn suspirou. "Claro que não." Seus lábios estavam puxados para baixo em uma careta quando ela começou a se afastar. "Eu tentei fazer isso da maneira mais fácil, Berry, mas, como queira." Ela foi para a direita passando por Rachel caminhando pelo corredor sem olhar para trás e mais uma vez deixando Rachel confusa sobre como Quinn se sentia e como a própria Rachel deveria se sentir.
Ela sentiu o pavor a tomar e decidiu acelerar os passos até a classe, e, talvez, encontrar Finn.
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As sensações que sentia sempre que Quinn passava por ela? Rachel tinha certeza que estavam em pleno efeito. O sinal de dispensa da última aula soou e todos saíram da sala. Rachel se levantou lentamente e recolheu os seus itens. Esperava que pelo tempo que gastou o corredor estaria vazio. Ela olhou para o seu professor que a observava impaciente querendo voltar para casa, enquanto Rachel tomava o seu tempo.
Depois de tudo feito no dobro do tempo, Rachel tentativamente caminhou em direção à porta. Ela viu, na ponta dos pés, o corredor vazio e começou a caminhar rapidamente para a sala do coral. A cada segundo, ela olhava por cima do ombro. Não vendo ninguém, foi em direção às escadas para descer o primeiro andar. Ela puxou sua mochila para mais perto e começou a descer as escadas.
Apenas para chegar à metade da mesma e parar bruscamente vendo Quinn virar o corredor. Rachel estacou com um grito silencioso de surpresa. Quinn varreu Rachel com o olhar. Ela ficou tensa ao ver o sorriso cruel. Rachel engoliu ansiosamente. Endireitou a coluna e continuou descendo as escadas devagar, determinada a continuar em direção à sala do coral, independentemente do que aconteceria entre ela e Quinn naquele momento.
A cabeça de Quinn inclinou, seus olhos demonstraram claramente surpresa por ver Rachel se aproximar. Então Quinn descansou o corpo contra o corrimão da escada, esperando. O coração de Rachel agitou estupidamente porque aquela imagem trazia à sua mente imagens do baile, que ocorreria em um ano ou dois, isso se ela decidisse ir— Quinn esperando por ela ao fim da escada. Exceto pelo fato de que isso não aconteceria, não daquela forma. Mas caramba, Quinn ficava linda de qualquer maneira. Seus lábios pareciam excepcionalmente vermelhos naquele momento com auxílio de algum gloss ou batom, Rachel não saberia dizer.
Quando ela chegou ao fim da escada, Quinn estava olhando para ela incisivamente. Rachel soltou o ar lentamente quando chegou ao último degrau parando na frente de Quinn. Naquela posição as duas estavam praticamente da mesma altura e Rachel se sentiu mais tranquila ao se encontrar em igualdade de posição. Quinn a olhava… quase divertida, segundos antes de seu olhar cair novamente para ela falando, "Pronta para me dizer o que eu quero saber, Berry?"
A leve curiosidade foi transformada em obsessão o que intrigou Rachel, afinal, porque Quinn Fabray estaria tão aficionada no fato dela e Finn terem terminado de repente? Ela olhou ao redor vendo o corredor vazio e mordeu os lábios pensativa sobre como responder, porque Quinn esperava uma resposta em breve. "Quinn, o porquê de eu e Finn termos terminado é, como já disse antes, privado e ficará entre nós dois." Quinn resmungou modestamente sua resposta e Rachel sentiu o arrepio percorrendo a sua espinha. "No entanto, se o que você quer é Finn, saiba que ficarei extremamente feliz em sair do seu caminho e deixar você o ter" ela terminou. As palavras não saíram tão bem quando ela imaginou que seriam e pode sentir o gosto de fel em sua língua.
As sobrancelhas de Quinn se levantaram em uma surpresa silenciosa. "Você me deixa ter Finn?" ela perguntou ceticamente. "Deixa-me?"
Rachel se encolheu. "Má escolha de palavras. A questão é, você pode ter Finn novamente. Se você quiser. Na verdade—" havia uma parte dela que estava odiando aquilo que se encontrava prestes a dizer "—se você se juntar novamente ao glee, provavelmente conseguirá Finn de volta mais facilmente." Mas uma parte ainda maior adorava ganhar e para se qualificar para as Seccionais eles precisavam de Quinn e suas amigas de volta.
A cabeça de Quinn estava mergulhada em pensamentos, a mandíbula rangia trabalhando e Rachel viu o seu contorno, nítido e definido como nunca vira naquele ângulo. Se olhar vagou por toda extensão do pescoço aos ombros femininos fortes e magros, braços torneados. Quando seu olhar encontrou o dela de volta, Quinn a observava atentamente. "Eu vou voltar" ela disse calmamente.
Rachel sorriu. "Adorável. Agora você poderia chamar Santana e Brittany—"
"Eu vou voltar" Quinn reiterou com um pouco mais de força, "mas apenas se você me contar seu segredo."
O complemento da frase de Rachel morreu no fundo da sua garganta enquanto ela olhava de boca aberta para Quinn. "Eu não posso simplesmente dizer—"
"Sim, você pode," Quinn anunciou com uma voz firme, quase irritada.
Seu coração batia em pânico. "Não, eu realmente não posso—"
"Se você quer se qualificar para as Seccionais" ela sussurrou, inclinando-se em direção a Rachel deixando-a presa em seus mortais e sérios olhos de avelã, "então você vai ter que me dizer."
Os ombros de Rachel caíram em derrota e Quinn voltou à posição anterior com um sorriso vitorioso no rosto.
Ela mexeu os pés, tentando e não conseguindo encontrar um meio de sair daquela situação. Ela sentia vontade de chorar, uma crescente pressão atrás dos olhos. Quinn tiraria sarro dela, ela sabia disso. Ela tiraria sarro dela e diria aos seus amigos e atletas e, em seguida, Rachel seria intimidada mais do que nunca.
E se fosse esse o caso, então porque ela estava a dois segundos de contar o seu segredo para o bem do clube? Todos lá a chamavam de egoísta, mas depois que aquilo acabasse eles estariam beijando seus pés, porque ela deu a eles a oportunidade de se qualificar para as Seccionais.
Seus pensamentos estavam confusos e ela realmente não estava conseguindo chegar a uma linha comum entre eles.
"Estou esperando, Berry."
Coube a Quinn cortar todos eles.
Rachel engoliu em seco. Reuniu coragem, contando regressivamente a partir de cinco— Quinn não seria paciente o suficiente para ela contar a partir de dez. "Ok, eu vou te dizer" sussurrou tremula.
Quinn deixou sair um som de aprovação, colocando as mãos nos quadris.
Rachel se aproximou, abaixando os olhos para a clavícula de Quinn já que não conseguia olhar para ela diretamente. Respirou fundo, apertando os olhos fechados, sentindo-os encherem de lágrimas. "Eu sou gay" ela sussurrou baixinho.
Ela prendeu o ar e então, nada. Rachel abriu os olhos, cheios de lágrimas, e viu a expressão de surpresa no rosto de Quinn. Finalmente, ela não aguentaria mais. Empurrou Quinn, passando por ela e seguindo pelo corredor.
Conseguiu segurar as lágrimas até chegar ao banheiro, então elas escorreram pelo seu rosto enquanto corria para a bancada mais próxima. Respirou fundo, calmamente, lutando por um pedaço de papel higiênico para limpar o rosto. Se perguntava se era louca. Acabara de contar para a pessoa obcecada em fazer da sua vida um inferno que era gay. Ela só deu a Quinn Fabray mais munição para isso, e ainda tinha dado à menina por quem ela tinha... pensamentos, o caminho livre para chegar até Finn se assim quisesse. Ela caiu contra o assento do vaso sanitário, com raiva de si mesma.
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Após cerca de dez minutos, Rachel finalmente conseguiu se levantar. Ela caminhou com falsa indiferença até a sala do coral, abrindo a porta discretamente quando chegou.
"Rachel, oi" Mr. Schuester a cumprimentou.
Rachel fez uma careta por dentro, andando para o centro da sala, um sorriso plástico no rosto. "Oi, Mr. Schue. Peço desculpas pelo meu atraso." Ela não se aprofundou na resposta, sentindo os olhares curiosos antes de se sentar ao lado de Finn.
Ele olhou para ela e então murmurou, "O que há de errado?"
"Quinn sabe" foi tudo o que ela disse. Então ela olhou para ele, seu olhar lançando um clarão, "E nós precisamos conversar."
Finn fez uma careta, tanto simpática quanto nervosa. Passou os braços em torno dos ombros de Rachel, aconchegando-a, incerto sobre o rumo que as coisas tomariam a partir dali.
Mas acima Kurt lhes lançava um olhar confuso.
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What Doors May Open - Faberry
FanficUniverso Alternativo. Rachel se assume gay e termina com Finn. Aos poucos as pessoas começam a ter conhecimento, mas quando, enfim, a Capitã das Líderes de Torcida, Quinn Fabray, descobre, Rachel jamais imaginaria que sua vida mudaria de tal forma. ...