Que fique registrado que, por qualquer razão, Quinn Fabray não é metade do que falam sobre ela. Os lábios de Rachel ainda formigavam um dia depois que ela mentiu para si mesma em sua cama enquanto olhava para o teto. Ela nunca tinha se apaixonado antes, mas ela tinha certeza que o que sentia por Quinn era incondicional e a consumia. O único problema era que ela não tinha certeza se Quinn se sentia da mesma forma. Mas ela tinha certeza que Quinn gostava dela de alguma forma porque tinha convidado Rachel para sua casa duas vezes, na primeira tentou beijá-la, e na outra, no dia anterior, quando elas definitivamente se beijaram. Quinn tinha dito que não sabia o que aquilo significava, mas também não disse que não significava nada. Por hora era o suficiente.
Rachel não podia sequer começar a imaginar onde Quinn aprendeu a beijar daquela maneira incrível. Não havia maneira do clube de celibato ter ensinado isso. E não havia nenhuma maneira de ter aprendido com Finn porque Quinn claramente sabia como trabalhar a língua de forma eficaz enquanto Finn apenas enfiou a língua na boca de Rachel, quase a asfixiando.
Talvez ela tivesse aprendido com Puck. Ele era realmente experiente e provavelmente beijava bem. Mas de acordo com Finn, que tinha ouvido falar de Puck, ele e Quinn só tinham se beijado duas vezes. Não era o suficiente para aprender a técnica que Quinn já tinha dominado. Talvez ela tivesse beijado outros meninos.
A porta do seu quarto se abriu e sua cabeça pendeu para o lado para ver Finn de pé na porta. Ela sorriu imediatamente.
Os olhos de Finn a miravam com desconfiança enquanto ele se aproximava lentamente da cama. "Seu pai me disse que você esteve aqui todo o dia... porque você está me olhando assim?"
"Quinn me beijou" ela sussurrou alegremente com Finn se sentando na cama. Falar em voz alta tinha sido surreal.
Finn olhou para ela com descrença. "Você está mentindo."
O sorriso dela cresceu. Ela se sentou para encará-lo. "Não estou. Ela me beijou ontem quando eu estava na casa dela."
"Puta merda. Isso é—" ele tentava encontrar as palavras certas, o cérebro arruinado. "Isso é um bocado quente. Como aconteceu? Ela agiu toda agressiva e totalmente por cima com você? Porque ela é tão quente quando faz isso."
Foi estranho—e não de um jeito bom—ver Finn falando sobre as técnicas de Quinn com tanto conhecimento, mas ela pensou de forma razoável que se ela vinha falando constantemente sobre o fato de ela e Quinn estarem tendo algo agora então ela podia ao menos tolerar o fato de Finn tinha antigas histórias.
"Mais ou menos. Nós estávamos apenas deitadas na cama e conversando um pouco, então ela perguntou o que eu responderia se ela dissesse que queria me beijar, e eu disse, por favor." Ela suspirou deliciosamente. "Finn, foi incrível. Surpreendente. Onde ela aprendeu a beijar assim? Ela beija muito bem. Pode acreditar que eu beijei Quinn Fabray? A Quinn Fabray. Digo, há dois meses eu sequer estava fora do armário e agora eu estou beijando Quinn. E ela disse que eu seria bonita se me vestisse melhor, o que eu não vou fazer porque não há nada de errado com as minhas roupas. De todo modo, eu tenho certeza que ela queria isso, porque—"
"Woah, espere, devagar" Finn disse com uma risada sem fôlego, como se tivesse sido o único a falar a mil por hora. "Então, vocês duas estão juntas ou algo assim?"
Rachel desinflou instantaneamente, lembrando que Quinn tinha estourado a bolha logo depois que elas se beijaram ontem. "Não" resmungou. "Quinn disse que não tem certeza do que ela quer."
"Ouch" ele respondeu se encolhendo. "Não soa muito bem."
"Eu sei disso" ela reclamou.
"E o que você vai fazer?"
Ela sentou de volta à sua cama, o olhar analisando as rachaduras do teto. "Eu acho que… eu e ela devemos conversar, não devemos?"
Finn zombou. "Sim, bem…é o que venho dizendo a você há algum tempo. Mas você está agindo com medo."
"Eu estou com medo" ela disse suavemente. "E se ela não gostar de mim?"
"Ela está passando por uma série de 'não gostar de você' pelo visto."
Rachel sorriu secamente enquanto inclinava a cabeça para olhar para Finn. "O que aconteceu com 'ela não é gay, Rach'?"
Ele revirou os olhos com uma risada. "Ela começou a beijar você, foi isso o que aconteceu."###
"É exatamente isso, ladies e gentlemen" Jacob gritou em seu microfone no meio do corredor, "Quinn Fabray recusou Noah Puckerman." Um suspiro coletivo pode ser ouvido vindo do grupo que começava a se formar em torno de Jacob. Rachel ficou em seu armário, longe da massa de pessoas, ouvindo atentamente, ainda que se sentisse culpada por ouvir o que deveria ser um assunto privado entre Quinn e Puck. Jacob estava obviamente contando a história apenas para aumentar sua própria popularidade por uma curta duração antes de voltar ao fundo do poço onde Rachel, também, residia.
"É isso mesmo! Vocês ouviram em primeira mão. Quinn Fabray é ainda uma sexy, mulher solteira e ladies, o 'Puckasaurus', como ele mesmo se chama, ainda está no mercado, para apalpar os seus grandes e firmes seios. Isso inclui você, Rachel Berry."
Ela endureceu, instintivamente abraçando os livros mais perto de seus seios quando pares de olhos viraram para ela. A atenção se dispersou na mesma velocidade que se iniciou e o grupo saiu depois de ouvir as fofocas de Jacob.
O telefone começou a tocar e ela se atrapalhou para agarrá-lo de sua bolsa. O identificador constava o nome de Kurt e Rachel rapidamente o abriu com um guincho. "Você ouviu?"
"Garota, sim. É melhor você se movimentar agora."
"Será que eu deveria?" ela perguntou, olhando em volta com medo de que alguém pudesse ouvir a conversa.
Kurt soprou na outra extremidade do telefone. "Não é como se ela fosse propriedade de alguém. Rachel, a garota é solteira e de acordo com as suas palavras, ela beijou você em um colchão há três dias. O que mais você precisa?"
"Ok, ok" ela cedeu. Um jogador de futebol corpulento estava prestes a caminhar para a direita através dela e ela deu um pulo de volta para os armários antes que ele passasse por cima. Ela inclinou a cabeça para trás, voltando-se para o lado para ver Quinn caminhar em direção ao seu armário. "Ela está no armário dela agora."
"Então pare de soar como uma perseguidora no telefone comigo e vá dizer oi."
"Tchau." Ela encerrou a ligação, olhando para Quinn quando ela abriu o armário. Era isso, agora ou nunca. Não havia como dizer o que sairia daquela conversa, mas se Rachel não tentasse alguma coisa ela perderia a oportunidade para sempre.
Ela mordeu o lábio nervosamente, empurrando-se de seu armário em uma onda de confiança que ela realmente não tinha e caminhou pelo corredor. Ela se viu sendo verificada por algumas pessoas que ela não fazia ideia de quem eram, mas ela simplesmente fez uma careta em suas direções e continuou seguindo até Quinn.
Ela estava a dois armários de distância quando de repente Santana apareceu. Ela se posicionou ao lado de Quinn com uma facilidade que Rachel não tinha e fechou o armário. Rachel a ouviu xingar em aborrecimento e conteve um sorriso quando Quinn se virou totalmente para Santana. "O que você quer?"
A sobrancelha de Santana se franziu em aborrecimento rápido. "Olá para você também, bitch."
Quinn suspirou. "Desculpe. Não quis soar rude."
Santana acenou. "Não se preocupe com isso. Eu estaria extremamente irritada também, se eu tivesse um corredor lotado em torno de Jewfro querendo descobrir para quem eu estou abrindo as minhas pernas."
Rachel endureceu com o tom bruto de Santana, notando que Quinn também se sentiu assim quando imediatamente falou, "Eu não estou abrindo nada para ninguém."
Um sorriso torto puxava o canto da boca de Santana. "Claro, Q." Seus olhos deslizaram para focar atrás do ombro de Quinn e Rachel ficou tensa quando Santana olhou diretamente para ela. "Está ouvindo há muito tempo?"
Os ombros de Quinn ficaram rígidos enquanto ela se virava para enfrentar Rachel. A expressão irritada do seu rosto diminuiu suavemente. Rachel ficou imóvel, sentindo-se como um cervo que estanca frente aos faróis que eram os olhos de Quinn até que eles mudaram de foco e se arregalaram diante do conhecido sorriso na face de Santana. "Isso é tão bom."
Rachel corou e Quinn se virou para enfrentar Santana. Ela falou em voz baixa, murmurando algo que Rachel não conseguiu ouvir. Mas se a forma como os lábios se Santana se inclinaram para baixo em sinal de irritação era qualquer indicação, não tinha sido algo bom. "Ugh, você tira a diversão de tudo," queixou-se, chicoteando seu rabo de cavalo exageradamente quando se virou e caminhou pelo corredor, balançando os quadris para capturar a atenção de quase todos os garotos.
O som estridente de um armário se fechando chamou a atenção de Rachel e ela se concentrou novamente em Quinn que reabriu seu armário por algum motivo desconhecido. Rachel deu um passo cauteloso para perto. "Oi" ela murmurou.
"Hey" Quinn devolveu, mas sem retirar a cabeça de dentro do armário.
Rachel pigarreou nervosamente, sentindo como se ela estivesse tendo uma conversa com ela mesma porque Quinn nem estava olhando para ela. "Como você está hoje?" tentou novamente.
Quinn fez uma pausa. Lentamente ela se retirou do armário e olhou para Rachel. Quinn agarrava os livros contra o peito de uma forma que Rachel poderia reconhecer já que ela mesma fazia isso quando se sentia insegura ou não tinha certeza de alguma coisa. "Estou bem" Quinn disse calmamente.
"Ok, isso é bom." Ela arriscou dar um passo para mais perto, assistindo a maneira ansiosa como Quinn mordeu os lábios enquanto seu olhar se desviou até voltar a fazer contato visual. "Podemos conversar?"
"Sobre o quê?"
"Você sabe sobre o quê, Quinn" Rachel disse suavemente. "Olha, eu não estou tentando fazer você se sentir desconfortável ou algo do tipo, mas você não pode simplesmente me beijar e depois agir como se nada tivesse acontecido."
Quinn voltou novamente para o seu armário. Ela não se moveu, apenas olhou para ele e sua estrutura comprida. Rachel não tinha certeza se ela estava com raiva ou com medo, mas ela ficava cada vez mais nervosa quanto menos Quinn falava.
"Podemos—"
"Eu vou pensar sobre isso" Quinn cortou com um tom de voz que claramente dizia que ela tinha a palavra final sobre o assunto.
Rachel mordeu os lábios nervosamente enquanto dava um passo para mais perto. Ela queria tanto alcançar e tocar Quinn. Descansar uma mão reconfortante em seu ombro e dizer que ambas estavam no mesmo barco, confusas e com medo, correr seus dedos por trás do braço de Quinn na esperança de que arrepios de antecipação saíssem da pele macia e leitosa. Em vez disso, seus cinco dedos se fecharam ainda mais em torno de seu caderno até que os anéis de metais fizeram recortes na palma da sua mão. "Se não significou nada, apenas me diga" ela implorou quietamente, querendo colocar logo sua miséria para fora.
"Eu não posso dizer isso" Quinn disse, sua voz soando calma e tensa, nada parecida com o tom de sexo liquido que ecoou três dias atrás quando ela tinha Rachel presa à sua cama, enquanto se beijavam desesperadamente. Seus olhos percorreram o corredor como se ela estivesse a cerca de dois segundos de correr desesperadamente.
"Posso entender que significou alguma coisa?" Rachel perguntou esperançosamente.
Quinn inclinou a cabeça para olhar para ela sem entender. Seus lábios se torceram por um breve momento antes de dizer, "Eu não disse que significou alguma coisa."
O cérebro de Rachel levou alguns segundos para trabalhar na negativa dupla da frase e ela se perguntou se todas as meninas eram tão complicadas e confusas como Quinn. Se sim, ela estava preparada para escrever uma longa carta de desculpas para Finn por seu próprio comportamento, enquanto os dois estavam namorando, porque isso era simplesmente incompreensível.
"Ok" ela respirou suavemente. "Isso-isso é bom. Eu acho. Então talvez possamos conversar mais tarde?"
"Agora eu estou indo para a aula," Quinn respondeu sucintamente. "Eu não posso lidar com isso agora."
Rachel não tinha outra escolha além de assistir Quinn bater seu armário o fechando e caminhar pelo corredor. A Quinn com quem ela tivera aquela conversa estava longe daquela com quem tinha passado quase uma hora e meia beijando na sexta-feira passada. Ela respirou com autocompaixão e o pensamento de possivelmente ter seu coração partido se ela continuasse a flertar com a garota mais popular da escola. Mas Quinn exercia essa atração sobre ela e ela não tinha nenhuma coragem de resistir. Nem um pouco.
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What Doors May Open - Faberry
FanficUniverso Alternativo. Rachel se assume gay e termina com Finn. Aos poucos as pessoas começam a ter conhecimento, mas quando, enfim, a Capitã das Líderes de Torcida, Quinn Fabray, descobre, Rachel jamais imaginaria que sua vida mudaria de tal forma. ...