Rachel fez uma careta para o C- que ela recebeu na prova de geometria. Ela empurrou o papel na primeira pasta que encontrou dentro da mochila. Ela não tinha culpa se matemática não era o seu forte. Será que os professores tinham realmente que ser tão cruéis dando a ela atribuições ou notas pouco satisfatórias?
Além disso, não era fácil aprender um assunto sequer quando o seu cérebro estava trabalhando para entender a forma como Quinn estava olhando para ela desde o dia que descobriu que ela era gay. Ela não queria se iludir, mas havia algo… diferente sobre a maneira como Quinn estava olhando para ela. Eles agora contêm menos desprezo e mais uma curiosidade leve. Mas com o que diabos Quinn estava curiosa, Rachel não saberia dizer.
E o mais estranho era que Quinn tinha lutado com unhas e dentes para vê-la romper com Finn e agora que eles finalmente terminaram, Quinn não o estava procurando. Então, qual o ponto de tentar separá-los?
A campainha tocou e Rachel agradeceu em silêncio saindo de seu assento e levando consigo seus livros. Ela caminhou em direção ao seu armário e praticamente empurrou o livro de matemática para dentro, fechando a porta com um bufo. Ela ouviu uma risada zombeteira no seu lado esquerdo e se virou para ver Quinn caminhando em sua direção. Suas bochechas queimaram em constrangimento e borboletas dançaram em seu estômago.
Quinn parou numa certa distância à frente dela. Ela tinha uma pasta rosa segura entre as mãos, descansando contra a frente de sua saia e Rachel não conseguiu evitar deixar seu olhar cair brevemente naquele lugar para então subi-lo rapidamente de volta. Ela estava tentando aprender a ser mais discreta, mas ela realmente não conhecia ninguém que houvesse aprendido. Finn sempre fora tão óbvio quando estava olhando para ela, assim como quando verificava outras garotas.
Quinn não estava sorrindo, mas também não estava carrancuda, o que Rachel tomou como uma vitória. "O que esse armário fez para você?" Quinn perguntou numa voz que Rachel nunca havia ouvido antes. Poderia ser entendida como divertida.
Ela revirou os olhos para o seu armário e para o fato de que Quinn parecia sempre pegá-la quando ela estava no seu pior. Ela olhou para baixo e murmurou com petulância, "Eu recebi menos que—"
"O que eu falei sobre manter contato com os olhos?" Quinn perguntou retoricamente dando um passo para perto.
Rachel suspirou baixinho, olhando para cima e, em seguida, para longe, porque estava começando a ser irritante o efeito que Quinn tinha sobre o seu corpo. E porque o que ela disse soou tão íntimo? Quinn falou como se fossem as únicas pessoas no corredor. E Rachel desejava que fossem, porque então ela iria fazer… absolutamente nada.
Provavelmente correr.
Correr gritando, na verdade.
Obrigou-se a encontrar os olhos de Quinn com um sorriso torto no rosto face ao quão ridículo os seus pensamentos estavam. "Eu praticamente falhei em meu teste de matemática."
Uma sobrancelha loira subiu em silenciosa surpresa. "Eu pensei que você era inteligente, Berry?"
"Eu sou" Rachel respondeu com altivez, resistindo à vontade de cruzar os braços, embora o seu queixo tenha se projetado orgulhosamente instantaneamente.
Quinn, no entanto, cruzou os seus, revirando os olhos, mas Rachel podia ver o brilho de diversão agora que elas estavam tão perto. "Certo, então que nota você tirou?"
Ela vacilou diante da pergunta. Então franziu o cenho por Quinn ser tão rude ao fazer uma pergunta pessoal. "Eu recebi um C" ela disse com uma falsa confiança, se fosse possível.
"Um 'C'?"
"Menos" Rachel resmungou. "Um 'C' menos."
Quinn riu baixinho, mais divertida do que zombeteira naquele momento. "Você é péssima em matemática, Berry."
É deprimente para Rachel ver Quinn a chamando novamente por seu sobrenome. Mas há um lado bom, porque agora elas estavam ali, no corredor, conversando como... como se fossem amigas. Ela sentiu o coração bater acelerado com o pensamento de realmente ter a chance de ser amiga da garota por quem tinha uma queda.
Ela assistiu a maneira como as sobrancelhas de Quinn se juntaram mostrando que ela estava concentrada. Era como se ela estivesse tendo um debate silencioso em sua cabeça antes de finalmente seu olhar se voltar para Rachel novamente. "Às vezes eu ajudo Santana e Brittany em geometria porquê… elas são péssimas" ela afirmou claramente e Rachel riu. "Elas se distraem." Rachel se prendeu na palavra ‘distrair’ utilizada em relação a Santana e Brittany. Qual era a distração delas— uma à outra? E se assim fosse, o que isso significava? Suas feições devem ter expressado seus pensamentos por que Quinn limpou a garganta e continuou. "De qualquer forma, considerando que eu ajudo elas quase todos os dias depois da escola, na minha casa, eu provavelmente poderia te ajudar também. Se você quiser."
Se ela queria? Se ela queria? Rachel Berry queria um monte de coisas de Quinn Fabray, mas ela certamente não se importaria em começar com uma tutoria.
No entanto, o lado mais lógico aflorou dentro dela e começou a questionar os motivos de Quinn. Quinn sabia que ela era gay e começou a agir de modo mais cordial desde então. Era esse o jogo? Rachel não sabia dizer se aquele não era realmente um jogo para importunar um homo ou se Quinn estava genuinamente oferecendo ajuda. E se assim o fosse, porquê? Rachel não conseguia lembrar de nada que tinha que poderia ser do interesse Quinn, então porque ela estava sendo tão boa de repente? Quinn estava tentando agradar ela ou era apenas uma tentativa de ganhar mais dicas de como conseguir Finn de volta? Ou…
Ela não se permitiu concluir o pensamento porque não havia qualquer possibilidade de Quinn se sentir assim em relação a ela.
"Eu estou esperando por uma resposta" Quinn falou, com um tom de impaciência na voz.
Rachel lambeu os lábios nervosamente, dando um passo hesitante para perto. "Você realmente está me oferecendo os seus serviços de tutoria?"
Quinn olhou para ela de forma estranha. "O que mais eu poderia oferecer?" Seu tom de voz baixou ligeiramente fazendo transbordar de calor o ventre de Rachel.
"Eu só quero ter certeza q-que isto não é uma brincadeira ou alguma artimanha para tirar sarro de mim porque—"
"Rachel" Quinn disse e naquele instante Rachel sabia que ela era um caso perdido, "você é péssima em matemática, eu me ofereci para te ajudar. É tudo o que está acontecendo." Havia certa finalidade nas palavras pontuadas pela forma como ela o fez, pausando, na última frase, depois de cada uma delas, como se cada palavra tivesse um período por trás.
As palavras dela foram embebidas claramente por Rachel que balançou a cabeça, não tendo a certeza se isso tinha ajudado a aliviar os nervos ou não. "Quando você poderá me tutorar?"
Quinn deu de ombros. "Hoje depois do Glee, amanhã depois de minha prática de Líderes de Torcidas, não importa."
"Sim, ok" Rachel disse suavemente. "Posso ter um dia para pensar sobre isso?"
"Não é como se eu tivesse estabelecendo uma data, mas com certeza. Pense sobre isso." Havia um quase sorriso em seu rosto, os cantos dos lábios puxados para cima, e Rachel ficou admirando-a por uns instantes.
"De todo modo, eu tenho aula. Te vejo depois." A frase soou como uma promessa para os ouvidos de Rachel. Quinn passou por ela; elas se roçaram suavemente e Rachel sentiu o calor tomar o seu braço enquanto ela se virava para acompanhar os passos de sua paixão.
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What Doors May Open - Faberry
FanficUniverso Alternativo. Rachel se assume gay e termina com Finn. Aos poucos as pessoas começam a ter conhecimento, mas quando, enfim, a Capitã das Líderes de Torcida, Quinn Fabray, descobre, Rachel jamais imaginaria que sua vida mudaria de tal forma. ...