sobre amar.

301 28 6
                                    

Se eu tivesse que falar de amor eu falaria sobre o que eu sinto pelo futebol.

Era o que eu sempre falei antes da chegada de um certo paulista branquelo.
Já tinha se passado 1 semana desde que me encontrei com ele pelas ruas de Copacabana, naquela calçada chamativa que sempre prendia minha atenção pra ela, mas que agora, tinha se tornado um pouco relevante aqueles desenhos.
Era louco pensar que um loiro qualquer se tornaria a minha pessoa preferida em apenas uma semana, tipo, as pessoas levam tempo pra se conhecer melhor, mas comigo e com ele foi diferente.

Eu sempre me perguntei "o que era o amar?", mesmo com uma boa relação com meus familiares, não tinha o amar lá.
Mesmo com toda a intensidade com Carlos, não tinha o amar, provavelmente isso que fez acabar.
Mas com esse loiro, falar sobre amar se tornou fácil.
Tipo, eu poderia passar horas e horas falando sobre coisas que eu amo nele, e mesmo assim não seria o suficiente, com poucos dias nossa intimidade se tornou surreal.
Ele me ensinou sobre o amar.

Eu estava aqui, sentado em um canto da praia, sentindo a areia incomodar um pouco minhas pernas, fumando e lembrando de como era boa a minha infância, eu cresci pelas ruas desse imenso Rio, eu cresci pela areia e pela água salgada das belas praias desse Rio, eu sou filho da praia.
Eu sempre amei a praia.

Desde sempre éramos uma família problemática, só havia brigas e mais brigas, cresci em meio de viciados e com problemas com álcool, mas não faltava a atenção, apenas o amor.
Até isso acabar, até passar a ser o meu pior pesadelo, eu sei que nunca teve o amor, mas realmente precisava de tudo isso?
É a pergunta que me faço até hoje.

Eu nunca soube o que era o amar, apenas o gostar;
Isso foi até eu conhecer o futebol, o que me apresentou o real sentido de amar alguma coisa.
Sempre que sentia o domínio da bola, meu coração palpitava, meus olhos brilhavam, eu fazia aquilo com amor, com muito amor.
Jogando na praia, foi aí que me senti melhor ainda, era a minha vida aquilo tudo. Com todas as dificuldades, eu nunca deixei de fazer o que eu amo, nada me impedia de ir a praia e desfrutar de um bom futebol.
Amar pra mim era aquilo.

Até esse loiro chegar, tirando minha vida do lugar, me ensinando realmente o que é amar.

Sobre o amor próprio, nunca o tive.
Durante minha vida toda, eu nunca soube o que era me amar, ninguém nunca me ensinou sobre me amar.
Me olhar no espelho se tornou torturante pra mim conforme eu ia crescendo, até que eu parei. Parei por não conseguir me ver como algo normal, parei por não conseguir me enxergar.
Mesmo com muitos elogios eu nunca soube reconhecer de verdade o que queriam dizer, era sempre um "você é muito bonito", "nossa, queria ter sua beleza", entre outros, mas eu penso "será que eles conseguiriam viver apenas um dia sendo eu?"
Eu ando perdido pelas graciosas ruas de Copacabana, eu ando procurando me encontrar. Eu não me encontrei ainda, mas encontrei alguém para amar.

"Como amar alguém se eu não me amo?" um questionamento que sempre me fazem, eu não sei explicar muito bem sobre, eu vivo constantemente nele. Mas, eu não sei o que me faz acreditar que "se eu o amo, eu não preciso me amar.", gozado, né? Mas é o que eu venho sentindo desde Carlos, talvez ele tenha colocado isso na minha cabeça e eu vivo com isso desde então.
Ah, é realmente uma confusão tudo o que venho vivido até aqui.

Mas com a chegada desse loiro, falar sobre o amar ficou mais fácil, era como andar.

Que graça o que as ruas de Copacabana tem pra oferecer.





------------------------------------------------------------------
primeiramente, feliz dia a São José Operário, hmmmm delisia
amo feriadinho ainda mais se for dia de santo ui

o capítulo de hoje teve uma pegada mais diferente, mas é só pra retratar o que o yuri sente, essa confusão toda dele (e parte minha também

amo vocês 😭😭😭

Maktub.Onde histórias criam vida. Descubra agora