primeira vez.

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O que fazer quando você sente que pode ir a qualquer momento de sua vida?
Eu estava desse jeito, via minha vida passando pelos meus olhos, e pra mim, eu não podia fazer nada a não ser aproveitar o máximo, sem pensar num possível amanhã, já que, eu não sabia se teria um mesmo.
Mas tudo fica mais difícil quando você sente que não consegue, fica numa indisposição que parece ser infinita, não consegue fazer nada, não sente vontade nem de levantar da sua cama pra fazer o que mais gostava.

É, eu andava nesse estado, faz exata 1 semana que eu estou trancado no meu quarto, meu chefe já me ligou umas trocentas vezes e eu só inventei uma desculpa qualquer de que estava passando mal, meus amigos encheram meu celular de mensagens, nas quais eu não respondi uma sequer.
Carlos batia todos os dias na minha porta, perguntando se eu estava bem ou coisas do tipo, eu só respondia o básico a ele, que desistia e ia embora.
Aquilo já estava cansativo pra mim, quando eu senti aquelas coisas todas com Roger eu pensei que isso tudo ia passar, que eu ficaria mais disposto a fazer coisas com ele, mas era tudo uma ilusão minha, tudo uma mera ilusão.

Ouvi batidas na porta, o mesmo de sempre, então apenas respondi que estava bem e ele não precisava se preocupar com nada, mas ele me falou algo que de um certo modo, fez meu coração bater mais rápido.

- Roger apareceu lá na loja, desesperado a sua procura. - ele diz e sai, não deixando eu responder mais nada.

Ele realmente fez isso? Largou seu trabalho pra ir na loja a minha procura? O que esse cara tem?
Resolvi desbloquear o celular depois de algumas horas, vendo que a primeira notificação era a dele, ele não deixou de mandar mensagens por essa uma semana, que cara louco.

"Oi, Roger.
                   You. 06:40 PM

Finalmente!! Como você está? Por que sumiu assim? Fiquei preocupado.
                     Roger. 06:40 PM.

Não estava muito bem, só isso.
                      You. 06:41 PM.

Me encontra naquela praia.
                      Roger. 06:41."   

Não respondi mais nada, pensei e pensei muito e decidi ir, pra me distrair de qualquer forma, não ia pra praia a um bom tempo.
Levantei e segui direto pro banheiro, tomando um banho bem demorado, pensando se realmente ia ou não, estava totalmente pra baixo naquele momento.

Sai e vesti uma roupa casual, uma camisa do Corinthians e uma bermuda preta leve, passei meu perfume e coloquei minha guia, não saia de casa sem ela, era meu amuleto e minha proteção. Peguei meu celular e sai, dando de cara com Carlos na sala, assim que me percebeu me olhou de cima a baixo e fez uma expressão de descontentamento.

- Vai sair?
- Vou, não precisa me esperar pra jantar.
- Hum... vai sair com o Roger?
- Por que quer saber?
- Nada, só curiosidade.
- Hum, vou sim. Até mais, Carlos.

Pego minha chave e saio, sem olhar ou trocar mais alguma palavra com ele, se não acabaríamos numa discussão bem feia, e era o que eu menos queria.
Sair pelas ruas de Copacabana depois de muito tempo era mágico, era como se fosse a primeira vez que eu pisava lá.
Andando por essa calçada chamativa eu me lembro de tudo o que tive com Carlos, todos os momentos que construímos aqui, nessa bela calçada, me dando um aperto no peito.
Chego na entrada e encaro Roger, ele estava sentado em seu pano estampado do Corinthians, o qual ele tanto amava, parecia perdido em seus pensamentos enquanto encarava a beira mar, meu coração bateu mais forte assim que o vi, era como se fosse a primeira vez.

Cheguei mais perto e sentei ao seu lado, o fazendo olhar pra mim, reparei que estávamos iguais, tipo, literalmente iguais, mas sua guia era diferente da minha, de outra linhagem, a da malandragem.

- Você veio!- ele sorri largamente.
- Você chamou...
- Parece até que foi combinado, né? - ele pergunta sorrindo, seu sorriso estava mais lindo que o normal.
- Realmente...não sabia que era de seu Zé.
- Não sabia que era de Oxum.
- É, eu sou.

O silêncio se paira, ele me olha com um olhar brilhante, me encarando como se fosse a primeira vez que me visse, ele sorri feito um bobo pra mim, era o sorriso mais sincero que eu tinha visto, o que me fez sorrir de volta pra ele.
O abracei, sentindo o calor de seu corpo depois de uma semana, era surreal a sensação que eu senti naquela hora, era como se eu estivesse em casa, aquele abraço era o meu lar.

- Seu piercing combinou com você, Roger.
- Hum, você acha? Tava querendo mudar algo então fiz, mas sei lá.
- Ficou legal. Eu tinha um também, mas tirei a muito tempo... - falo lembrando de quando Carlos me pediu pra tirar.
- Por que tirou?
- Carlos falava que incomodava e que não o agradava, então...
- Gostaria de ver você com ele, era aonde?
- Na língua.
- Melhor ainda, coloca de novo.
- Vou pensar.

Deitei sobre o pano, estava de noite então as estrelas eram presentes naquele céu, admirei muito elas, mas logo veio aquela sensação chata novamente, me fazendo desanimar.

- O que houve?
- Tenho sentindo que não vou ter muito tempo aqui, uma sensação totalmente horrível.
- Como assim, Yuri? - ele faz uma expressão confusa.
- Sinto que posso ir a qualquer momento.
- Vira essa boca pra lá, ou! Falar isso atrai coisas ruins. - paro e penso um pouco.
- É, tem razão.

O final da noite acabou em: uma boa conversa e um bom mergulho, brincamos de guerrinha de água e outras coisas, ficar com ele ajudava a afastar meus pensamentos ruins sobre a vida, meu passado se tornava apenas passado, sem lembranças.
Ele era o meu equilíbrio emocional.

- São as coisas que Copacabana nos proporciona, as melhores coisas.

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Ando sentindo essa sensação, então resolvi colocar ela em palavras, ô vida sofrida hummmm.

enfim, mais alguns capítulos e estarei encerrando maktub, olha que maravilha, minha inspiração anda transcendendo, provavelmente vai acabar em número par.

enfim, é isso, amo vocês amores.

alguém me leva pra Copacabana😭😭

Maktub.Onde histórias criam vida. Descubra agora