Ainda não.

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Infelizmente tive que me separar daquele beijo tão caloroso e genuíno, ficamos com falta de ar, mas confesso, eu moraria naquele beijo, eu poderia o beijar pela eternidade.

- Me desculpa, eu...
- Calma Yuri, não precisa ficar nervoso, eu gostei. - ele solta uma risadinha meio nervosa e abaixa a cabeça.
- Você deve me achar um adolescente totalmente imprudente agora, né?
- Na verdade...não. Já fui como você, Yuri. - solto uma risadinha baixa o tranquilizando.

Ele me olha com o mesmo olhar de antes, um olhar carregado de mágoas e angústias, eu não gostava de o ver assim, seus olhos eram lindos demais para isso.

- Por que me olha assim? - murmuro meio baixo.
- Assim? Assim como? - ele me olha com uma expressão confusa.
- Triste...? Você quer me falar algo? Precisa desabafar? Eu não gosto de ver seu olhar assim, por algum motivo isso... dói.

Ele para, fixa seu olhar em mim, olha outros pontos do quarto, revezando seu olhar por todo cômodo, seu semblante era pensativo mas decidido.
Ele deita e se vira pra mim novamente, pegando minha mão e olhando no fundo dos meus olhos.

- Promete não me deixar depois de eu te contar?
- Por que eu deixaria?
- Todos deixam.
- Não vou, eu prometo. - ele suspira um pouco alto.
- Bem, como eu te disse: meus pais são de Laranjeiras, até os meus 14 anos eu morei com eles, não era ruim, até eles descobrirem um caso que eu estava tendo  com um pivetinho, eles surtaram e me expulsaram de casa sem mais nem menos, bem, desde aí eu me mudei pra Copacabana e moro aqui com Carlos.
- E quem era esse 'pivetinho'?
- Era o Carlos.

Confesso que fiquei um pouco chocado com tudo aquilo, mas não dei palpite nem nada, apenas o encarei de volta, tentando passar acolhimento da minha parte em questão a isso.

- E...vocês ainda tem algo? Sem querer ser muito invasivo, se não quiser responder...
- Não, não temos. Por incrível que pareça, somos amigos depois de tudo.
- E o que aconteceu?
- Éramos duas crianças, não aguentamos tamanha intensidade e resultou nisso, desde então eu tenho medo de me entregar tanto.
- Não deveria, você amadureceu, sabe disso né?
- É...eu sei. - ele solta uma risada baixa. - mas sei lá, sinto que me entregar pra você é o certo.
- Ah, Yuri...você não me conhece.
- Ainda não.

Fico o encarando, esse garoto é maluco, e sinceramente...eu curti isso, mas por que eu sinto que toda essa intensidade dele ainda pode machucar alguém? É uma coisa tão confusa, ele me deixa confuso.
Balanço a cabeça em reprovação, tudo aquilo era informação demais.

- Você vai me deixar agora, Roger?
- Claro que não, tira isso de você.
- Não tem como...
- Vamos tirar juntos então, vou te ajudar a superar isso.
- Por que você é tão bom comigo? Eu sou um moleque completamente confuso e intenso.
- Eu compreendo o que você sente, Yuri, quando eu falo que fui como você eu falo sério.
- E como superou isso? Alguém também te ajudou?
- Eu não superei, ainda tenho isso guardado comigo desde a minha adolescência, mas por mal me fizeram reprimir isso, o que é pior.

Ele encara o teto meio sério, pensativo, parecia estar em seu próprio mundo, então não o interrompi, apenas o deixei pensar no que ele queria, não ia o obrigar a absolutamente nada.

- Obrigado.
- Pelo que?
- Por se mudar e decidir andar pelas ruas de Copacabana.
- Isso seria um "obrigado por querer me ajudar"?
- Talvez?
- Então de nada.

Olhamos um pro outro e caímos na risada, por um mero motivo bobo, era tão bom que com ele qualquer motivo era motivo pra sorrir, era isso que eu queria sentir pela minha vida toda, era apenas isso e nada mais.
Eu via a hora que Yuri iria ficar roxo, então tentei o acalmar e fazê-lo tomar um ar na sacada.

Yuri

Levanto e vou até a sacada do quarto de Roger, apoiando meus braços na grade dali, nossa crise de riso me deu uma falta de ar imensa, mas foi a melhor que já tive na vida.
Sinto dois braços rodear minha cintura e me puxar pra mais perto, me aconchegando em seu abraço quente e confortante, eu sorrio bobo e retribuo seu abraço.

- A vista daqui é linda, né?
- Realmente, mas se torna solitária quando se está sozinho.
- Agora você tem a gente, não está mais sozinho.
- É, realmente.

Ele sorri e enterra sua cabeça entre meu ombro e meu pescoço.
Sorrio e volto a admirar aquela paisagem, o mar estava agitado e o vento batia nos coqueiros, dando uma brisa muito relaxante.

Ah... como eu amo Copacabana.

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eu tbm amo Copacabana Yuri😭😭😭

tô postando capítulo igual uma doida, mas parei, provavelmente vou colocar horário pra atualizar agora, semana na escola é foda pqp

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