03.

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Clifford se entrelaça entre as minhas pernas, parecendo muito inquieto, vez ou outra fica no pé da porta, choramingando e raspando as patas na madeira.

Observo-o deitar ao lado da porta e ficar quietinho por um instante.

Meu baseado já está na metade, trago novamente enquanto me movimento pela cozinha, o cheiro de torta inunda toda minha casa, e meu estômago ronca de fome.

São quase onze da noite, cheguei em casa faz mais de uma hora. Precisava sair daquele parque antes que Brian decidisse me perturbar. Já cheguei a dizer com todas as palavras que não o quero, e o ômega continua insistindo.

Antes de sair do parque, o vi novamente, estava sentado em uma mesinha mais ao longe enquanto o amigo comia algo, o urso enorme nos seus braços e Harry o abraçava como se fosse uma coisa muito preciosa.

O apito do forno me tira dos pensamentos sobre Harry.

É complicado, não entendo porque me dei ao trabalho de conseguir o urso que ele queria, eu só senti que deveria, mas me conheço, e sei que não faria isso por qualquer um.

Termino meu cigarro e tiro a torta do forno, um dos dons que minha mãe me concedeu foi o da culinária. Felizmente mamãe me ensinou a ser um alfa independente nesse quesito, normalmente alfas só são ensinados a serem o chefe da família, o provedor da casa, mas nunca são ensinados o básico sobre culinária ou limpeza.

Fico feliz por minha mãe ser uma ômega tão boa e ter sempre me ensinado a ser bom em todos os aspectos da minha vida no dia a dia.

— Cliff, o que deu em você? — resmungo, ao vê-lo choramingar sem parar na porta.

Ele fica mais impaciente e começa a pular e arranhar a madeira, deixando de choramingar para latir incansavelmente. Franzo o cenho e me aproximo, mas ele sai de onde está e vai para a janela.

Tento me aproximar novamente, e ao olhar para fora, entendo o seu desespero.

Qual a ligação dele com esse ômega?

Harry está do lado de fora, com o grande urso nas mãos, o abraçando forte, mas percebo-o olhar para trás o tempo inteiro. Me inclino e vejo um grupo de três homens, provavelmente todos alfas, rindo e apontando para ele, murmurando alguma coisa que o deixa mais nervoso.

Pego a camiseta jogada sobre o sofá e vou em direção à porta e a abro, eles se aproximam mais do ômega, parecendo se divertir com o desespero dele.

— Harry! — ele se vira na direção da minha voz, e para no lugar, desviando o olhar para os alfas atrás dele. — Venha.

Ele caminha na minha direção, e ao estar próximo, vejo os nós dos seus dedos brancos de tamanha pressão que ele aplica ao abraçar o urso. Seu corpo treme um pouco, e consigo imaginar o desespero que se apossou dele ao ser seguido por alfas como esses.

Os alfas travam no lugar e ao olhar para mim fazem o caminho contrário com rapidez.

Deixo-o entrar e fecho a porta. Ele fica parado próximo à porta, encarando o chão, e no mesmo segundo Clifford se apressa para tentar confortar o ômega.

— Ei! — me aproximo novamente, e ao virar o rosto para mim, vejo uma pequena camada de sangue na lateral do seu rosto. — Eles fizeram isso com você?

Seguro em seu queixo com suavidade e analiso o pequeno corte. Não é muito grande e não é profundo, mas sangrou bastante.

Seus olhos estão levemente vermelhos do choro e as bochechas molhadas com lágrimas.

— Meio que sim? — ele responde, parecendo confuso. — Vim com Niall até a casa dele, algumas quadras atrás, e vim andando de lá, eles apareceram do nada e começaram a andar atrás de mim, e acho que estavam se divertindo em me assustar. Comecei a andar mais rápido e um deles fez parecer que ia me agarrar, então eu me assustei, tropecei e bati a lateral do rosto em uma pedrinha no chão.

Change || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora