07.

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O cheiro forte de café se espalha por toda minha cozinha. Nas manhãs de domingo eu costumo dormir até um pouco mais tarde, mas há um doce ômega que vai precisar de um café forte e uma boa comida.

Finalizo cortando umas frutas e pondo sobre a bancada, estou prestes a pegar minha xícara de café quando ouço o som inconfundível de Clifford descendo as escadas. Harry acordou.

Na noite de ontem, depois que Harry dormiu, fiquei sentado em uma poltrona no canto, até Clifford decidir que queria deitar ao lado do ômega, e eu permiti. Ele sempre dorme nos meus pés e só sai da cama quando eu levanto, com Harry não seria diferente, seu instinto de proteção fala muito alto quando se trata do ômega.

Cliff corre e se entrelaça nas minhas pernas, virado de costas para porta da cozinha, eu espero até que Harry demonstre que chegou, sei que ele está parado poucos metros atrás de mim, mas ele se mantém quieto e calado, provavelmente envergonhado de ter amanhecido na minha casa.

— Hum... — Harry suspira e se aproxima. — Bom dia, alfa.

O encaro sobre os ombros e me viro para ficar de frente, Harry está definitivamente envergonhado, olhando para o chão e abraçando o próprio corpo, ainda usando minhas roupas, e não parece nada com o ômega solto e levemente atrevido de ontem.

— Bom dia, Harry. — coloco a xícara sobre a bancada e me aproximo dele, vejo sua respiração engatar e sorrio ao colocar uma mão em seu rosto, para fazê-lo olhar para mim. — Está com dor de cabeça? Algum mal-estar?

— Não, nadinha, alfa. Tomei o remédio que deixou para mim na mesinha, obrigado. — sua voz soa insegura e baixa, consigo imaginar como estão seus pensamentos. — Não sei como vim parar aqui, sinto muito por ter-

— Me procurado? Não se desculpe por isso. Você estava bêbado, queria companhia, e como eu disse ontem, você é sempre bem-vindo aqui. — o interrompo, acariciando sua bochecha, ele relaxa com o meu toque, mas ainda mantém o olhar baixo. — Você não parece estar com ressaca, mas fiz um café da manhã completo para você.

— Obrigado, alfa. Eu... fiz alguma besteira? Sou fraco para bebida e me deixei levar quando estava com meus amigos ontem, me desculpa se eu fiz ou disse algo que não deveria. — Harry me encara com receio, mas eu apenas sorrio.

— Não se preocupe. Você é um bêbado agradável. — brinco, e ele relaxa um pouco ao rir, mas ainda é perceptível toda a tensão no seu corpo.

Inclino a cabeça para onde está a comida, em um claro convite para que ele fique à vontade. Harry passa por mim e se senta, dando uma olhada em tudo que preparei, como se não soubesse por onde começar.

Me sento ao seu lado e volto para minha xícara de café, ele primeiro se serve de algumas frutas, comendo devagar e olhando fixamente para o seu prato. Não sei se ele lembra de algo sobre ontem a noite, provavelmente só há resquícios, como flashes curtos e rápidos, imagino que Harry deve estar se perguntando quais são reais e quais não são.

Deixo que ele leve o tempo que precisar e me levanto para pegar mais café. Sinto seu olhar nas minhas costas, e poucos segundos depois Harry faz um barulho com a garganta e chama por mim, me viro para lhe dar atenção e encosto o quadril na minha bancada. Harry olha para o meu peito por alguns segundos antes de desviar o olhar e batucar os dedos na própria coxa.

Sua feição mudou completamente, é notório como Harry voltou a ficar completamente tenso, mas não apenas isso, chateação brilha em seus olhos.

— Você vai me dizer o que fiz ontem? — ele pergunta baixinho, mantendo seu olhar na comida a sua frente.

Harry morde o interior da própria bochecha e parece mais nervoso que o comum.

Abro a boca com a intenção de questionar o que há de errado, quando me dou conta do que gerou a mudança no seu comportamento, podia ser apenas o fato de eu estar sem camisa, mas é mais que isso. As marcas, ele as viu. Será que Harry lembra que as marcas de unhas nas minhas costas foram feitas por ele? Ou que a perfeita marca de dentes no meu peito também foi ele que me deu?

Change || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora