Change || Larry Stylinson

06.

Clifford está deitado sobre minhas pernas, completamente quieto, apesar de um pouco triste.

Desde que Harry "sumiu", ele anda meio tristonho, muito quieto ou choramingando pelos cantos da casa. Cliff sente falta dele, ainda não entendo a ligação desses dois, mas é algo que foge do meu controle.

Hoje mais cedo, quando disse a Harry para vir vê-lo, não era apenas uma desculpa para o ter na minha casa, Clifford realmente sente saudades dele, e chegou até mesmo a ficar doente nesse meio tempo.

Com o passar dos dias ele foi se acalmando, mas ainda espera pelo momento que o ômega virá vê-lo. E entendo completamente, por mais que eu não quisesse, senti falta de ver Harry, de tê-lo aqui, das conversas... Senti falta de ver seu rosto corar ao me ter o encarando, de como às vezes ele se solta do nada como se inesperadamente tivesse um pequeno pico de coragem.

Aconteceu algo que ele não vai me dizer o que é, eu sei disso. Minha mente me fez criar muitos e muitos cenários do que poderia ser. Tenho certeza que é sobre o heat.

No dia que fui na sua casa, usando o livro como desculpa para aparecer por lá, eu senti seu cheiro, sei que estava no pré heat, e sei bem o que minha presença causou nele.

Porra, como um maldito sádico, eu fiquei lá sentindo seu nervosismo e excitação, sentei naquela cadeira como se não soubesse que ele estava apertando as pernas com força por minha causa, como se meu cheiro não estivesse o inebriando, como se eu não soubesse o quanto ele estava lubrificando.

Precisei de um autocontrole enorme, para não sentá-lo sobre aquele balcão e me por entre suas pernas, tocar cada pedaço da pele macia que Harry tem, para ouvi-lo implorar por mim, implorar por cada toque meu.

Maldição.

Dois meses e esse ômega consegue tirar de mim, reações que não tenho sobre nenhum outro ômega há anos. Me odeio por desejá-lo, mesmo sabendo que não há nada que me impeça de tê-lo.

Todas às vezes que me despeço dele com um beijo na testa, fico me perguntando qual seria sua reação de ter meus lábios beijando todo seu corpo. Ele gostaria disso? Harry desejaria isso?

Não consigo tirá-lo da cabeça, nem por um segundo, e isso já está me levando a loucura.

Gosto de provocá-lo, de vê-lo nervoso com a minha proximidade, gosto de como ele se acalma com um abraço meu, e porra, gosto de como ele suspira sempre que o toco.

Odeio despedidas, mas as nossas tem se tornado uma das minhas coisas favoritas porque é nesse momento que eu sinto seus lábios na minha pele, é um beijo suave, macio e doce, exatamente como Harry é.

Jogo a cabeça para trás e suspiro pesadamente. A série que passa na TV já não prende minha atenção, e tudo que consigo pensar é ele. Harry. Harry. Harry.

— Agora entendo porque você fica choramingando quando não o vê, Cliff. Impossível ficar longe desse ômega.

Clifford faz um barulho como se concordasse comigo, e eu acaricio suas orelhas para confortá-lo.

— Depois de anos, seu papai está finalmente interessado em alguém. — digo para Cliff. — Levemente obcecado por um ômega quinze anos mais novo.

Porra.

Cliff parece despertar e senta sobre o sofá, se mantendo atento a mim.

— Ele só é muito incrível para eu não me interessar por ele. Não tenho culpa. — continuo falando, como se meu cão fosse me dar uma resposta. — O bom é que você já gosta dele, e ele de você.

Sou maduro o suficiente para admitir que o quero. É atração, desejo, mas também é algo a mais. Apesar de ter total noção do que eu quero e do que eu sinto, não tenho certeza de que é recíproco.