O inimigo oculto

Capítulo 2

Martina 

Tudo é uma loucura. Quando eu era criança, sonhava em conhecer um príncipe  encantado, onde me apaixonaria, e teríamos um casamento igual às princesas da Disney.  Aprendi que na famiglia amor é uma consequência. Terei um casamento digno de uma princesa, mas não estou casando por amor, e sim por obrigação.
Giuseppe está longe de ser um príncipe encantado, está mais para um lobo mal, muito cruel. Não sei o que esperar desse casamento, eu mal conheço.
Estou me preparando para jantar com Giuseppe.
— Troca de saia, essa, tá muito curta — Disse minha mãe, revirei os olhos com esse comentário.
A saia em questão ficava quatro dedos acima dos joelhos, mas para ela era curta demais. Faço a intenção de trocar de roupa no closet, e escolhi um vestido preto, justo, com um decote em V profundo nos seios, sendo todo colado ao corpo, quatro centímetros abaixo do joelho, com uma fenda na coxa. 
Ao sair do closet, minha mãe fez uma careta que não gostou da minha escolha. 
Realizo uma maquiagem básica, mas ousei no batom vermelho. Tenho noção que sou bonita, e usarei isso ao meu favor.
— Tina, querida… — Minha mãe falou algum argumento, para trocar o vestido.
— Não mudarei meu estilo de roupas, só porque vou me casar com o Giuseppe. Eu mudarei algumas coisas nessa família. — Falo dando uma piscadinha.
Sorri de nervoso e saímos, porque não havia tempo para conversa. 
Meu pai estava gritando que estamos atrasadas. Ele parecia aliviado quando me viu pronta. Seu segurança  dirigiu em alta velocidade até a casa de Giuseppe. Pela quantidade de carros, muitos convidados já estavam na casa.
Meus pais entraram na frente, e segui logo atrás. Só pude ouvir a voz grossa de Giuseppe falando do atraso. Meu pai pediu mil desculpas.
Giuseppe olhou em minha direção, puto da vida, mas a sua expressão mudou quando me viu. Ele me encarou no lugar, deixando que meus pais  fossem para a sala.
— Você está de tirar o fôlego. — Seu sorriso me deu um arrepio.
— Grazie — Minhas bochechas queimou de timidez, dei uma boa olhada nele e ele arqueou as sobrancelhas. — Você está muito lindo Giuseppe.
Sem eu esperar sua aproximação. Suas mãos correram pela minha cintura, sentindo o tecido e passando para a minha bunda. Fiquei toda arrepiada, esse foi o máximo que ele chegou perto de mim.
— Não tinha um decote menor? Um tecido mais largo?
— Não. — Faço  um pequeno beicinho. — Vamos entrar?
Giuseppe me segurou possessivamente ao seu lado, e nós entramos na sala. Rio das expressões surpresas. E principalmente por descobrir que posso tirar o grande Giuseppe Salvatore do seu pedestal de gelo.
Não sou ingênua, sei que essa sua atitude possessiva é pelo fato dele ser macho alfa.
Passamos pelo menos trinta minutos, recebendo os parabéns dos convidados, pelo noivado, e desejando muitas bênçãos para o grande dia, que falta agora  muito pouco.
Em algum momento da noite, vi todos os homens indo em direção à outra sala, que descobri ser o escritório do Giuseppe.
As mulheres mais velhas ainda me olham horrorizadas devido ao meu vestido, e a única coisa que faço é levar minha taça de vinho aos lábios, e encarar friamente cada uma delas. Não preciso da aprovação delas. 
— Você gosta de provocar elas! — não foi uma pergunta. Minha prima Angélica fala assim que se aproxima, parando ao meu lado.
— Foi você quem me ensinou. — Digo me defendendo. — Você disse que elas quem deve me temer. 
— E tem mesmo, você será a rainha, seu noivo está mais poderoso do que nunca. Elas deveriam se curvar à sua presença.
Sem conseguir me conter, solto uma gargalhada, que Angélica acompanha logo em seguida. Chamando ainda mais atenção na nossa direção.

***

A maioria dos convidados está indo embora. Giuseppe  pediu licença para meus pais, e me levou até seu escritório. Ele apoia sua mão nas minhas costas, conduz até o escritório, passamos por um corredor branco. Confesso  que estou um pouco nervosa com essa atitude dele. Nunca ficamos sozinhos antes. 
Seu escritório é do jeito que imaginei. Todo em cores escuras, com uma enorme mesa, com sua cadeira de chefe marrom escuro.
Caminhei em direção à mesa, enquanto ele fechava a porta, e virei em sua direção. Seus olhos encontraram os meus. Mantive a compostura, e não desviei o olhar. 
— Em alguns dias, você será minha. Vou logo avisando que não tolero traição, se ousar me trair irei te destruir, em todos os sentidos de palavras. Não quero que tenha medo de mim, mas quero que saiba as consequências de cada ação.—
Encarei ele por mais alguns segundos, eu fui criada para ser respeitada, para todos temerem com minha presença. Sou a única herdeira do segundo maior território da Itália. 
— Sei muito bem como as coisas funcionam. Serei leal a você, mas só se você for leal a mim. Não tolerarei qualquer desrespeito ou traição. Não pensei que seria uma mulher submissa. Fora de casa você será o chefe, mas em casa você será somente o meu marido. — falou friamente. Esperando sua resposta, mas ela não vem. Giuseppe me analisa com um olhar intenso, que faz meu corpo todo se aquecer.
Antes que possa dizer mais algo, ele está em cima de mim.
— Você é minha, Martina— Mantive meu olhar no dele até que Giuseppe agarrou minha nuca com uma mão, e segurou meu queixo com a outra, depois me beijou de um jeito firme, e esfomeado. 
Fiquei surpresa com aquela atitude inesperada, mas seu cheiro, e sua boca habilidosa me deixaram entregue. Abri meus lábios, e deixei sua língua passar, mesmo sendo inexperiente, estou tão sedenta por ele, quanto ele estava por mim.
Segurei seus braços fortes, me fundindo a ele, desesperada por mais.  Giuseppe desceu as mãos para o meu quadril, me erguendo um pouco, e soltei um gemido com os beijos.
— Você é linda — diz firme, a voz rouca dele causou um arrepio na coluna. — Vêm preciso entregar você aos seus pais.
Mesmo com as pernas bambas depois daquele beijo, sai do escritório com ele.