⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀⩩⦙ 𝖎𝖎. 𝕺 𝖑𝖆𝖗 𝖊𝖘𝖙𝖆́ 𝖆𝖌𝖔𝖗𝖆 𝖆𝖙𝖗𝖆́𝖘 𝖉𝖊 𝖛𝖔𝖈𝖊̂

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"Seu lar ficou para trás agora

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"Seu lar ficou para trás agora. 
O mundo está a sua frente."

ESCONDIDA ENTRE AS MONTANHAS AO SUL e isolada do mundo, a Fortaleza da Glória foi criada especialmente por Aulë para proteger as feiticeiras de Yavanna dos perigos terrenos

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ESCONDIDA ENTRE AS MONTANHAS AO SUL e isolada do mundo, a Fortaleza da Glória foi criada especialmente por Aulë para proteger as feiticeiras de Yavanna dos perigos terrenos. Além dos Maiar, nenhuma outra criatura viva conhecia sua localização precisa, sendo o recinto tão folclórico quanto as próprias feiticeiras.

Apesar do local ter sido feito exclusivamente para a tríade sagrada, ele não foi gerado para ser uma habitação permanente, mas servir como um propugnáculo temporário. Mantendo a trinca em segurança até que estivessem prontas para regressarem a missão principal para a qual foram criadas.

Acomodada confortavelmente sobre a bela poltrona de mogno encapada com veludo vermelho no centro da segunda maior sala de estrar, Branween ponderava sobre a visita do velho amigo enquanto encarava o crepitar gerado pela dança das chamas na lareira sem prestar o mínimo de atenção. Com a mão esquerda segurava o cachimbo de marfim, soltando de tempos em tempos anéis de fumaça na direção do fogo, fazendo com que a branquitude solta dos lábios e o cinza da madeira se unissem, dissipando no formato de figuras aleatórias ao subirem pela chaminé.

Era evidente em suas expressões que a visita do mago e a discussão com Mairween após o jantar lhe preocupavam. Apesar da fúria pela arrogância e teimosia da irmã terem amenizado por conta das horas passadas, seguia impassível sobre sua decisão. As probabilidades daquela aventura terminar em desgraça para sua família eram gigantescas, pois mesmo com todas as habilidades e dons adquiridos com passar dos séculos, somente insanos enfrentariam o tórrido poder de um dragão.

Ao findar todo o conteúdo do cachimbo, ela guardou o objeto no bolso frontal do vestido com o pouco fumo que ainda lhe restava. Devido as problemáticas levantadas durante a reunião, esquecera de pedir ao mago para que trouxesse mais do melhor tabaco existente na Terra-Média, entretanto mesmo que recordasse do pedido, sua cólera momentânea ultrapassava o desejo de pitura e não abriria oportunidade para trocas de favores. Nem por toda cigarrilha do mundo ela entraria em guerras quase impossíveis de vencer.Com um suspiro profundo, Branween levantou da poltrona e iniciou a caminhada em direção aos seus aposentos.

Durante os primeiros metros trilhados pelos extensos corredores pedregosos da fortaleza a feiticeira continuou absorta em suas contemplações, questionando formas de pedir o perdão da irmã do meio sem a necessidade de utilizar a palavra "desculpa". Afinal, apesar de ter se alterado, ela não estava errada por impedir as garotas de partirem em missão kamikaze. Porém o excesso do silêncio contínuo e ampla escuridão a trouxeram de volta para realidade.

Desde que começou a aprender magia ancestral envolvendo os elementos naturais, Isleen jamais deixou de cumprir com suas obrigações quanto a luminosidade do lar, acendendo as lamparinas da fortaleza todas as noites antes de se deitar e chamuscando, pelo menos, algum móvel, tapeçaria ou peça de arte durante o processo. Aquela era a primeira noite que não havia sinais de fogo acidental, gritos de espanto e poças de água espalhados.

"Isleen não ousaria desobedecer minhas ordens" Refletiu a feiticeira franzindo o cenho com a sombra de um riso fraco porém sem humor estampado na face ao cogitar a possibilidade. Não era do feitio da mais nova desobedecer qualquer uma das ordens dadas por Branween, mesmo com a irmã do meio insistindo para que corrompesse seus ideais e a acompanhasse nos planos maquiavélicos. Ela era certinha demais para qualquer ato de rebeldia, o que acalentava o coração da mais velha, pois graças ao modo operantes da mais nova, Mairween não faria nada estúpido que as colocasse em risco.

Entretanto algo diferente pairava no ar, fazendo com que os cabelos da nuca da matriarca da família ficassem arrepiados e seus olhos mudassem a coloração, tornando-se alaranjados — quase vermelhos pelo regresso do seu péssimo humor.

"Se elas me desobedeceram..." Pensou irritada apressando o ritmo das passadas. A princípio caminhava rapidamente dado o benefício da dúvida, contudo passou a correr por entre o breu das vias conhecidas por séculos de vivência naquele ambiente. A aflição era evidente em suas feições, pois caso as garotas tivessem transgredido suas ordens seria obrigada a abrir mão da comodidade e segurança do lar, partindo para o mundo instável e cheio de perigos que existia além das muralhas. Sempre juntas e nunca separadas, esse era o lema primordial das feiticeiras dos Valar.

— Isleen! Minha doce criança... — Branween abriu lentamente a porta do quarto da mais nova, mantendo a esperança acesa em seu coração de que tudo não passava de mera desconfiança e que a jovem dormiria em paz entre as cobertas felpudas. No entanto o fio de esperança foi desfeito quando percebeu que não existia ninguém no local — Aposto como a fuga foi ideia da Mairween!

Voltou a percorrer os corredores com pressa, utilizando da magia para abrir todas as grandes portas de Carvalho sem a necessidade de empurra-las com as próprias mãos, lhe poupando tempo e trabalho. Mesmo assim não encontrara sinal das meninas em nenhum canto da fortaleza, sua última expectação era encontra-las prestes a fugir no estábulo e impedir aquela loucura. Porém ao chegar no local não havia sinal algum das irmãs ou dos cavalos nas cocheiras, restando apenas Firenze, seu puro-sangue tão negro quanto uma noite sem estrelas.

Tomada pela fúria e desgosto por ter sido contrariada Branween urrou colérica.

Para atrair a atenção de sua dona e alertar que estava preparado para seguir viagem atrás das feiticeiras mais novas, Firenze relinchou ficando empinado sobre as duas patas traseiras, conseguindo alcançar o seu objetivo antes que a mulher surtasse completamente.

— Aquelas filhas de Orcs... — Ofendeu Branween ao vislumbrar todos os pertences necessários para a longa jornada presos sobre o lombo do animal, junto a eles havia um bilhete com os seguintes dizeres na letra da mais nova: "Perdoe-nos irmã, mas os sinais estão evidentes e não podemos ignorá-los. Te encontramos no Condado. Não culpe Mairween, o plano foi todo meu. Com amor, Isleen.". — Eu devia ter desconfiado — A feiticeira acariciou o focinho do animal com ternura, o qual relinchou em resposta — Ela não tentou apaziguar a briga.

Sem enxergar outra alternativa senão seguir as mais novas, Branween vestiu a capa de viagem pendurada no pilar de madeira que separava as bainhas e montou sobre o cavalo, partindo em disparada.

A lua e as estrelas brilhavam majestosamente no céu límpido e sem nuvens, o frescor do vento batia sobre sua face, jogando o capuz e os cabelos negros da feiticeira para trás enquanto galopava em disparada pela estrada. Para aqueles que sabiam ler os astros, os céus passavam uma boa mensagem. Então, pela primeira vez após muito tempo, Branween sorriu sentindo-se livre.

𝗗𝗘𝗦𝗧𝗜𝗡𝗢 ⇢ 𝔗𝔥𝔢 𝔩𝔬𝔯𝔡 𝔬𝔣 𝔱𝔥𝔢 𝔯𝔦𝔫𝔤𝔰Onde histórias criam vida. Descubra agora