Alicia🌪️
Acordo meio assutada no banco de trás, olho pro lado e o bofe de ontem estava agarrado na minha cintura. Olho as janelas que tinham o vidro fumê vendo o Sol lá fora e as pessoas passando para lá e para cá. Procuro meu telefone por ali e não estava, provavelmente tinha deixado no banco da frente e seria uma porra pra sair dos braços dele sem que o mesmo acordasse.
Me levanto mesmo assim e vejo ele se espreguiçando de relance. Checo as horas e já eram cinco pras dez da manhã, procuro minhas roupas, viro a calcinha ao contrário como minha mãe me ensinou e ele me observando a cada passo.
Alicia: preciso ir pra casa agora, minha mãe está sem notícias.
Boca: te levo lá, só fala aonde é. — veste a Kelvin Klayn e vai pro banco da frente ligando o carro
Alicia: não precisa me levar, é só descer o morro da quadra direto, posso ir a pé. — falo e ele movimenta o carro nem ligando pro que eu tinha dito — obrigada. Alicia.
Boca: Boca.
Ele para em frente a minha casa e espera eu terminar de prender o cabelo para destravar a porta e eu saio do carro pulando pelo asfalto que estava pelando de quente.
Alicia: valeu. — me abaixo no vidro
Boca: bom dia ae.
Arranca com o carro e eu respiro fundo entrando em casa sabendo que levaria um pequeno esporro da minha mãe por não ter avisado que ia dormir fora, mas não dava pra falar na hora.
Giro a chave e empurro a porta devagar, vou entrando e vejo ela sentada na mesa da cozinha pique assombração. Ela batucava a mesa com a ponta dos dedos, balançava a cabeça frequentemente e tinha uma carranca no rosto.
Emília: qual era o combinado, Alicia?
Alicia: desculpa mãe, é que não...
Emília: quem era naquele carro que te trouxe?
Alicia: o menino que eu fiquei ontem. — bufo e ela balança a cabeça negativamente — já sou de maior, tenho o meu trabalho. Por favor, né mãe?
Emília: não tô te cobrando por ter transado com alguém. Mas você sabe que eu fico nervosa. Com o Tiago eu já ficava por ele ser um dos maiores bandidos do Rio de Janeiro e tentarem algo contra você, imagina com esses meninos que ninguém sabe a procedência.
Alicia: eu sei, tá? Me desculpa, eu acabei esquecendo. Não vai mais acontecer.
Emília: por favor. — chego perto dela e nós damos um abraço — agora passa pro banho que hoje é domingo, dia de pagode e eu vou estar lá linda e plena.
Alicia: aiai, quase sessenta anos na cara e querendo ir pra pagode. Nada disso.
Emília: não me faz perder a paciência não, pirralha, sai da minha frente.
Eu zoo ela mas minha mãe tinha quarentão e estava intacta. Esse meu cabelão liso herdei tudinho dela, a gata botava cílios, sobrancelha de rena, unha do tamanho do meu dedo e tudo mais. Ela trabalhava dia de semana em um self servie aqui no Lins, ganhava o dela e eu complementava com as unhas que fazia.
Subo pro quarto e tomo um banho bem tomado. Lavo a cabeça com shampoo e condicionador, passo esfoliante e me enxugo na toalha. Escolho um short saia jeans e um cropped de um lado só todo vermelho, calço minha Melissa e desço as escadas vendo o meu prato posto a mesa e ela toda pronta também pro pagode, se amarra muito.
Alicia: brigado, linda. Assim não dá, vai roubar a minha luz nesse pagode, melhor ficar em casa.
Emília: para com isso, até parece que eu saio pra isso. Vou lá pra dançar meu sonzinho, esquecer um pouco da vida e a última coisa que eu tô pensando é em homem.
Alicia: tá certa mãe, tô contigo.
Emília: tá comigo nada, ontem mesmo tava dando a beça. — diz sem papas na língua e eu arregalo os olhos
É desse jeito.