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Alicia🌪️

Segunda feira meu despertador toca dez e cinquenta, tinha uma unha marcada para meio dia, se eu não acordasse agora ia acordar só umas quatro da tarde, meu sono é pesadão. Me levanto, tomo um banho, faço um leite com Nescau e me sento no sofá agarradinha com a minha mãe.

Emília: tem cliente marcado para amanhã? — me pergunta e eu levanto o rosto negando — faz a minha? Saudade dos alongamentos.

Alicia: sabia que logo ia voltar. Quem coloca uma vez, pode até tentar, mas não consegue viver sem e ainda mais você, que nem é uma mulher vaidosa, né?

Emília: graças a Deus sou muito bem cuidada, nos trinques.

Alicia: meu orgulho, mamãe. — beijo a testa dela que me dá um tapa na bunda quando levanto — vou ajeitar minhas coisas e já tô partindo, tá? Daqui a pouco tô ai.

Emília: dá o seu melhor, como sempre.

Subo, pego minhas coisas e guio pra casa da mona que tinha marcado comigo. Ela ia fazer fibra, que é minha nova paixão. Quando as clientes querem tirar é super fácil, nem se compara a complexidade da acrigel, mas acrigel tem meu coração desde que eu comecei, com quinze.

Eloise bate uns papos comigo, conta algumas fofocas, ela sempre arrasa na escolha pra decoração. Tiro fotos e guardo para postar no Instagram depois, me despeço dela e vou andando até em casa com esse ventinho bom que resolveu dar as caras.

Um carro todo preto, vidro fumê, vai seguindo os meus passos. Paro e ele para junto, coloco as mãos na cintura pronta pra arrumar um barraco, mas quando o vidro desce, era o Boca. Vulgo cu doce, bichinha e outros apelidos que eu tinha dado junto com a Beatriz ontem.

Boca: entra ai, te deixo em casa, quero bater um lero.

Alicia: posso ir andando se for pra você me ignorar amanhã. — faço um docinho, nunca faz mal, e se ele quisesse outra vez ia ter que parar de gracinha, não é me comer no off e depois nem olhar na minha fuça

Boca: entra ai logo, porra, sem cu doce.

Alicia: tem certeza que sou eu que tô fazendo cu doce? — ele encosta a cabeça no banco me ignorando e eu dou a volta no carro e entro resmungando — o que você quer?

Boca: ex do patrão, né? Quer me complicar?

Alicia: eu não falei porquê não tem motivo, não quero colocar isso no meu currículo. — falo debochada e ele solta um risinho

Boca: não quero que dê merda pra mim e nem pra você.

Alicia: você é muito frouxo, pelo amor de Deus. — ele me olha e volta a se concentrar no volante — se não quer mais, eu não sou emocionada, fica tranquilo.

Boca: o foda é que eu quero. — me encara e eu fico sem entender — mas não quero problema.

Alicia: não vai ter. — falo baixo, chegando bem próximo a boca dele e destravo a porta com a chave nas mãos

Saio do carro e entro em casa ouvindo o motor acelerar uns minutos depois.

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