31° capítulo

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Tom estaciona na frente de casa e nós entramos indo direto para o quarto. Acho que comprei muita coisa, talvez nem vá usar tudo isso.
- onde você passou o dia? Acordei e não vi você. - ele fala, tirando sua camisa e colocando na mão no bolsa de sua calça.
- fui trancar minha faculdade. - digo me virando para ver sua reação.
- você trancou a sua faculdade? Por mim? - tirando um baseado do seu bolso e acendendo.
- nós temos a turnê amanhã, e você me pediu pra ir com você, então... - faço uma pausa procurando as melhores palavras - eu sei que posso estar fazendo a maior burrada da minha vida, porque eu sei que você tá escondendo alguma coisa de mim. - e ele me olha assim que paro de falar.
- porque você sempre fala isso? Que merda.
- o meu coração sente, Tom. E eu queria muito estar errada.
- foda-se, não vou ficar discutindo sobre algo que não existe.
E sai do quarto, batendo a porta. E se não estiver escondendo nada? Paro de pensar nesse assunto e começo a me arrumar. E tenho comigo uma sensação ruim, não sei o que pode acontecer hoje a noite. Pouco tempo depois, Tom entra no quarto e vai direto pro banheiro tomar seu banho. Passou do meu lado mas não me olhou, não falou comigo e eu estou cansada desses joguinhos. Quando termino de me arrumar, ele vai do banheiro e começa a se vestir. Observo ele pelo reflexo do espelho da penteadeira, seu corpo alto, magro mas definido, suas tranças balançando. A toalha passeia pelo seu corpo igual os meus olhos.
- Sei que tá me olhando.
Ele diz, e eu me ajeito na cadeira da penteadeira.
- gosta de me olhar, né?
- gosto sim.
E ele joga a toalha em mim. Filho da mãe.
- Vamos no seu carro? Ou vamos todos juntos?
- acabei de comprar um carro. Claro que vou ostentar ele por aí.
Me responde e dá uma piscadinha pra mim. Espero ele terminar, o que não demora muito e nós descemos. Hoje a noite promete.

Encontramos os meninos lá. Amy, Ash, Bill, Gustav e Georg. Me sinto um pouco desconfortável por ele estar aqui, não porque não gosto dele, mas porque sinto um olhar de pena pra mim. Sinto como se ele quisesse me contar uma coisa, mas não sei o que seria. Bill reservou uma camarote inteiro só pra nós e eu percebo que já estive nesse lugar. A boate em que nos conhecemos. Olho pra Tom com um sorriso de orelha a orelha e aperto sua mão.
- Lembra daqui? - ele me pergunta, falando bem próximo ao meu ouvido por conta da música alta.
- eu jamais esqueceria.
A música que toca é dançante, como se os nossos corpos tivessem vida própria e se movimentassem sozinhos. As meninas dançam próximas aos meninos, e eu rebolo encostada no meu homem, sentindo suas mãos cravadas em meus quadris. Eu sei que ele lembra daquela noite, daquele beijo.
- preciso retocar minha maquiagem, vamo? - Ash diz e eu percebo seu batom borrado, olho pra Bill e entendo tudo.
- vamos.
Aviso a Tom onde vamos e nós três descemos as escadas.
- Hoje eu tô uma gata! - Ash fala, se olhando em frente ao espelho.
- tá sim, eu que fiz a sua make. - Amy responde de dentro da cabine.
- a gente precisa registrar esse momento. - Ash pega o celular de sua bolsa, entregando a Amy, que se junta a nós duas em frente ao espelho.

      (Ash, Amy e Cely)

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      (Ash, Amy e Cely)

- olha isso! Lindas demais. - Ash diz, soltando um beijinho pra si mesma no espelho.
- tá bom, garota, vamo logo. - digo empurrando elas em direção a porta do banheiro.
Na volta até o camarote/área VIP, temos que passar pela pista de dança. Olho pra cima e vejo o meu lindo, encostado no parapeito e logo cruza seus olhos com os meus. Vou andando e olhando pra ele, seguindo as meninas em uma filinha. Ash, na frente, Amy no meio e eu por último, cada uma segurando a mão da outra. Até que sinto alguém puxar o meu braço.
- que porra você tá fazendo? - reconheço essa voz. Noah.
- me larga. - falo, tentando soltar o meu braço.
- que história é essa que você tá namorando? Não tem nem um mês que eu deixei você e você já tá com outro.
- quem te disse isso? - digo com medo, já que ele ainda não soltou o meu braço.
- você tá me machucando, Noah.
- quem disse o que? Aquele bosta é um artista e você ainda tem coragem de perguntar quem me contou. Eu vi essa porra nos jornais, já internet. Bem a sua cara, mesmo. Puta barata.
E eu só consigo ver Tom socando a cara dele, aparecendo atrás de mim. Noah cai no chão com o impacto do soco em seu rosto, e Tom olha pra mim, segurando meus ombros.
- Tá tudo bem? - pega meu braço e a vê a mancha que já está começando a ficar vermelha.
Noah se levanta, limpando o sangue que escorre no canto da sua boca.
- É esse bosta que você quer? Já abriu as pernas pra ele, Cely?
E quando Tom está prestes a dar mais um soco nele, Bill, Gustav e Georg aparecem, segurando ele.
- Fala de novo o que você disse. Fala de novo! - Tom está gritando, e eu fico desesperada. Daqui a pouco vai chamar a atenção das pessoas, e amanhã já vai estar em todos os sites e jornais. Entro na frente dele, seguro seu rosto em minhas mãos e começo a conversar com ele, que olha nos meus olhos.
- lindo, lindo, tá tudo bem. Vamos pra casa. - ele ainda tenta partir pra cima de Noah. - vamo pra casa, por favor. Me ouve, lindo.
Ele se acalma um pouco, e os meninos o soltam ao ver que a sua explosão de raiva passou.
- Vai embora com esse franceszinho de merda. - Noah grita e agora sou eu que tenho vontade de quebrar a cara dele.
- Eu sou alemão, seu imbecil.
Pra minha surpresa é só isso que Tom faz. Pega em minha mão e nós vamos embora, seguidos pelos outros.
Que noite bosta.

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